A pesquisa Datafolha explica em números o motivo pelo qual o PT mantém a ideia de que o ex-presidente Lula deve ser o candidato à eleição em outubro. Por mais que se esforce, o partido não conseguiu acender em suas fileiras internas a luz de nenhum outro poste – metáfora usada pelo próprio ex-presidente ao se referir a petistas que se lançaram candidatos com o carisma de uma barra de concreto. Ao avaliar o cenário sem Lula, mas com o ex-prefeito paulistano Fernando Haddad, a chance do PT cai, atualmente, de 30% para 1%.
Para melhorar esse desempenho, segundo os eleitores, o PT depende novamente de seu único pré-candidato, preso desde 7 de abril. Se Lula indicar um nome, 30% dos eleitores se dizem dispostos a votar nessa pessoa. Acontece que nem Lula nem a direção do partido estariam convencidos de que este ou aquele estão prontos para disputar a sucessão de Michel Temer. Alguns por conta de envolvimento na Lava-Jato, outros porque os próprios colegas de legenda torcem o nariz.
SEM DEFINIÇÃO – Dada essa situação, o PT, ao que tudo indica, deve arrastar até agosto qualquer definição mais pragmática. E são as incertezas no universo petista que aumentam o balão de ensaio de outros partidos.
Em ninho tucano, Geraldo Alckmin chegou a ameaçar que o partido escolhesse outro presidenciável caso seu nome não estivesse agradando. Marina Silva (Rede), por sua vez, tem na manga a carta de que não foi alvo de denúncias de corrupção, embora os chamados marineiros ainda não tenham digerido o apoio dela ao tucano Aécio Neves no segundo turno em 2014.
No PDT, há quem aposte que Ciro Gomes deveria ser o pivô de uma candidatura de centro para tentar aplacar quem aparece com melhor desempenho depois de Lula, o deputado Jair Bolsonaro. Não apenas os pedetistas fazem essa aposta. Mesmo ainda abaixo da linha de popularidade de Marina, Ciro é observado à distância pelo ex-presidente Lula. A interlocutores, o petista tem pedido para que o PT faça uma espécie de pacto de não-agressão com Ciro.
APOIO A CIRO – Numa livre interpretação, houve quem entendesse o recado como a grande chance de o PT voltar ao poder, desta vez, pelas vias da vice-presidência. Com o nome de Haddad na lista de seus possíveis substitutos, o ex-presidente parece estar avaliando dois cenários para dar uma tacada final. Primeiro, até que ponto sua dívida com a Justiça impedirá qualquer movimentação eleitoral. Depois, a possibilidade de Ciro abraçar o PT.
Até lá, os petistas dão como certo apenas um cenário: Lula continuará dando as cartas.
13 de junho de 2018
Flávio Freire
O Globo
Flávio Freire
O Globo
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