O PT lança hoje a candidatura de Lula ao Planalto. O ex-presidente não poderá comparecer ao evento porque está preso. Para suprir sua ausência, o partido estudou levar um holograma ao palanque. A tecnologia já ressuscitou Elvis em shows lotados de fãs saudosos. Os petistas acreditam que Lula não morreu para as eleições de 2018. A ideia da projeção em 3D foi abortada, mas a aposta no candidato ausente continua viva.
“Temos que levar o Lula até onde der”, resume um senador que participará do evento de hoje. O PT mantém o plano de registrá-lo em 15 de agosto. O objetivo é transferir para a Justiça Eleitoral o desgaste de barrar o líder nas pesquisas.
PLEBISCITO – Apesar de se dizerem confiantes, os petistas estão convencidos de que Lula não poderá ser candidato. A insistência tem outro motivo. O partido quer garantir que o ex-presidente continuará a ser assunto até a véspera da eleição.
O PT pretende transformar a corrida presidencial num plebiscito sobre Lula. A ideia é comparar a memória positiva de seu governo com a situação atual do país. Neste cenário, Michel Temer atuaria como cabo eleitoral do antecessor.
Se a estratégia do holograma funcionar, um petista indicado no fim de agosto teria chance de empurrar o lulismo para o segundo turno. Por enquanto, o mais cotado para a tarefa é Fernando Haddad. É um plano arriscado, porque parte do eleitorado do ex-presidente já se move na direção de Ciro Gomes e Marina Silva.
CASO PERÓN – Os petistas sonham imitar uma façanha do peronismo na Argentina. Em 1973, Juan Domingo Perón estava no exílio, impedido de disputar a eleição presidencial. Foi substituído por Héctor Cámpora, que venceu, anistiou o aliado e renunciou depois de 49 dias. A manobra abriu caminho ao retorno do ex-presidente à Casa Rosada.
O PT dobrará a aposta no saudosismo no evento de hoje, na cidade mineira de Contagem. No vídeo que será exibido aos militantes, um homem pendura a foto oficial do ex-presidente na parede. A cena evoca o jingle da campanha vitoriosa de Getúlio Vargas em 1950: “Bota o retrato do velho outra vez / Bota no mesmo lugar…”
09 de junho de 2018
Bernardo Mello Franco
O Globo
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