"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quinta-feira, 4 de janeiro de 2018

FIM DE ANO DE PRESOS DA LAVA JATO TEVE SHOW SERTANEJO E ATÉ CARTEADO


Eduardo Cunha passou mais um Natal na cadeia
Os presos da Operação Lava-Jato tiveram um final de ano com direito a show de dupla sertaneja e carteado no Paraná. No Complexo Médico Penal (CMP), em Pinhais, na região metropolitana de Curitiba, onde estão o ex-deputado Eduardo Cunha e o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, os festejos foram antecipados para o dia 14. Nessa data, os presos puderam acompanhar a apresentação da dupla curitibana Bruno Cesar e Leandro. No cardápio da festa, foram servidos quitutes como esfiha de carne, cuca de goiabada e refrigerante.
Já os investigados da Lava-Jato que estão na carceragem da Polícia Federal (PF), em Curitiba, como o ex-ministro Antonio Palocci e o ex-presidente da Petrobras e do Banco do Brasil Aldemir Bendine, comeram a comida mandada pela família em vez das quentinhas da cadeia. A diversão para passar o tempo ficou por conta do baralho.
No CMP, os detentos ficaram chateados porque não puderam sair das celas para ver de perto os cantores, que tocaram alguns de seus sucessos como o hit “Boate Azul”. Segundo a advogada Isabel Mendes, do Conselho da Comunidade de Curitiba, órgão vinculado ao sistema penitenciário e responsável por organizar a festa de fim de ano, a direção do CMP alegou que “por questões de segurança” não poderia autorizar a saída dos presos e eles teriam que acompanhar tudo de dentro das celas.
O CHORO DO OPERADOR – Na ala 6, onde estão os presos da Lava-Jato, Isabel conseguiu ver, separada pelas grades, o choro do operador João Augusto Henriques, que se emocionou no momento em que foram feitas as orações. Henriques foi condenado pelo juiz Sergio Moro a seis anos e oito meses de prisão por corrupção no caso do afretamento de um navio sonda pela Petrobras.
“Ficamos numa sala antes do corredor da galeria, separados por uma grade. Dava pra ver o rosto de alguns presos da Lava-Jato, mas bem de longe. A sorte é que tínhamos um sistema de som potente e eles puderam ouvir as músicas. O João Henriques estava emocionado e pediu que nós reivindicássemos por melhorias das condições do presídio”, afirmou Isabel Mendes.
Ela disse que vai fazer uma reclamação sobre a não liberação dos presos para os festejos num relatório que entregará ao Departamento Penitenciário do Paraná (Depen) no mês que vem. Ainda de acordo com a advogada, o CMP foi o único presídio do sistema que não permitiu a saída dos presos das celas para as comemorações de fim de ano organizadas pela entidade.
“MUITA EMOÇÃO” – Isabel Mendes fiscaliza, por meio do conselho, as 11 penitenciárias do Paraná. Ela também esteve no CMP no dia 22, quando as famílias dos presos fizeram a visita praticamente na véspera de Natal. Segundo a presidente do conselho, os familiares dos presos estavam muito abalados.
A irmã do ex-deputado Luiz Argolo e Cláudia Cruz, mulher do ex-deputado Eduardo Cunha, estavam entre as mais emocionadas. “Foi um dia muito triste. As mulheres choravam muito. É um momento muito difícil para os presos. Ainda mais para esses que eram políticos, que tinham um bom padrão de vida”, contou a presidente do Conselho.
Cunha passou o segundo Natal na cadeia. Ele tinha esperança de sair antes do fim de 2017, mas não conseguiu. O ex-deputado entrou com uma série de recursos nos tribunais superiores sob a alegação de que seu caso ainda não transitou em julgado e de que ainda não foi condenado nem mesmo em segunda instância.
RECURSOS NEGADOS – O ex-deputado foi condenado na primeira instância a 15 anos e quatro meses de prisão pelos crimes de corrupção e lavagem. Ele foi preso em outubro de 2016. Ao mesmo tempo em que passou a ter uma série de recursos negados nas instâncias superiores, Cunha passou a apostar na estratégia de remissão de sua pena. Na cadeia, o ex-deputado já fez curso à distância de espanhol e recentemente terminou outro de agropecuária.

04 de janeiro de 2018
Gustavo Schmitt
O Globo

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