"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quinta-feira, 4 de janeiro de 2018

"COSTURAS" POLÍTICAS FAZEM DO PDT O CAMPEÃO NO APOIO A GOVERNOS ESTADUAIS

Lupi fechou alianças com 13 governadores
O PDT, legenda que na esfera federal faz oposição ao presidente Michel Temer (MDB) e lançou o nome de Ciro Gomes como candidato ao Planalto em 2018, tem filiados ocupando 22 secretarias estaduais em 13 unidades da federação. É o partido que mais cargos de primeiro escalão ocupa em governos de outros partidos. No Ceará e na Bahia, são aliados do governo do PT. No Pará, apoiam o PSDB.Também firmaram alianças com governadores do PSB, do MDB, do PP e do PCdoB.
A conclusão é resultado de um levantamento da Folha que apurou o perfil e a filiação partidária dos 547 secretários dos governos dos 26 Estados e do Distrito Federal. Ao todo, são 180 secretários filiados ao mesmo partido do governador, 180 filiados ou indicados por partidos aliados e 184 sem filiação partidária.
RANKING DOS “CAMALEÕES” – Depois do PDT, completam o topo do ranking de cargos em primeiro escalão em governos aliados MDB, PSB, PSDB e PSD, nesta ordem. Os dados do levantamento apontam para uma capacidade camaleônica dos partidos em apoiar governos de diferentes linhas ideológicas.
Peemedebistas (hoje emedebistas) são parceiros do PT no Piauí e em Minas, a despeito da firme oposição no plano nacional desde a eclosão do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT). A recíproca acontece em Sergipe, onde petistas são aliados do governador Jackson Barreto (MDB). O PDT firmou a maioria de suas alianças com governos de esquerda, mas também tem parcerias com o PSDB no Pará e no Paraná e cargo no primeiro escalão do governo do MDB no Rio de Janeiro.
“Cada Estado tem sua característica particular. Em muitos casos, a nomeação é mais da relação pessoal do filiado com o governador do que uma aliança institucional entre partidos”, afirma o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi.
LICENÇA  Os secretários estaduais pedetistas Thiago Pampolha (da pasta de Esporte do Rio) e Edgar Bueno (de Assuntos Estratégicos do Paraná) licenciaram-se da sigla para assumir ou permanecer no cargo. Por outro lado, o partido trouxe para os seus quadros, nos últimos meses, secretários estaduais que não tinham filiação partidária no Acre, no Espírito Santo e em Alagoas.
Neste último, o PDT está em um típico caso de “um pé em cada canoa” –aderiu ao governo Renan Filho (MDB) e ocupa cargos na gestão do prefeito de Maceió, Rui Palmeira (PSDB), provável adversário do governador em 2018.  A presença dos partidos no primeiro escalão também reflete a força da legenda na negociação por cargos.
Em muitos casos, o espaço conquistado nos governos aliados é maior do que o tamanho com que o partido saiu nas urnas. É o caso do PCdoB, que, com uma bancada de 12 deputados federais, ocupa dez secretarias em seis governos aliados.
PARCERIAS E COMPOSIÇÕES – Além da parceria com os governos petistas, o PCdoB também compõe com governadores como Renan Filho (MDB), de Alagoas, Paulo Câmara (PSB), de Pernambuco, e Robinson Faria (PSD), no Rio Grande do Norte. A maior parte das pastas ocupadas pelo partido, contudo, tem baixo orçamento.
“A gente procura colaborar com os governos em áreas que temos afinidade, como esporte, cultura e direitos humanos”, afirma o deputado federal Daniel Almeida (PC doB-BA). Na Bahia, o partido tem a pasta do Trabalho e Esporte, além da secretaria de Políticas para Mulheres.
Outro exemplo é o PPS, que tem uma bancada de apenas nove deputados federais, mas teve força para emplacar cargos de primeiro escalão em oito governos –mais do que o DEM, que tem 30 deputados federais.
FORÇA NA CÂMARA – Outras siglas com maior bancada na Câmara, como PR, PRB e PSC, têm menos força nos Estados e baixa presença em secretarias. Em três casos, o principal partido aliado possui mais secretarias do que o do próprio governador, tornando-se uma espécie de “sócio majoritário” da gestão de outra legenda.
No Ceará, por exemplo, comandado pelo governador petista Camilo Santana, o PDT ocupa quatro secretarias, incluindo algumas estratégicas como Fazenda e Infraestrutura. O PT, por sua vez, ocupa três pastas. O protagonismo pedetista é resultado das costuras para a eleição de 2014, quando os ex-governadores Cid e Ciro Gomes apadrinharam a candidatura de Santana.
O mesmo acontece em Santa Catarina, onde o MDB ocupa cinco secretarias, enquanto o PSD do governador Raimundo Colombo ocupa quatro. No Espírito Santo, o PSDB tem mais secretarias que o MDB, partido do governador Paulo Hartung. Há ainda casos de secretários filiados a partidos adversários de seus respectivos governadores.
ADVERSÁRIOS “UNIDOS” – No Ceará, o tucano Maia Júnior assumiu a secretaria de Planejamento do governo petista de Camilo Santana e tem implementado medidas de contenção de despesas e equilíbrio fiscal, bandeiras históricas do PSDB. Ainda há um emedebista como secretário no governo Tião Viana (PT) no Acre e um filiado ao PCdoB no primeiro escalão da gestão de Pedro Taques (PSDB-MT)

04 de janeiro de 2018
João Pedro Pitombo                        
Folha

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