O parecer do deputado Sérgio Zveiter pela admissibilidade da acusação do procurador-geral Rodrigo Janot contra Michel Temer foi de fato uma peça arrasadora para o atual presidente da República e uma vitória retumbante da moral e da ética pública, portanto, uma vitória da sociedade brasileira como um todo. Quem assistiu à reportagem da Globonews, na íntegra, incluindo a transmissão do parecer e da resposta do advogado Cláudio Mariz de Oliveira, percebeu a realidade do processo, marcado por seu ineditismo até esta segunda-feira.
Como sustentou o relator, não se tratou do julgamento penal de um presidente da República, a meu ver ingressando no crepúsculo político. Uma coisa, como já sustentei em artigo anterior, é admitir a possibilidade de alguém ser julgado, o que não significa antecipar sua condenação. Por isso achei fraquíssima a defesa em tom grandiloquente de Mariz de Oliveira. Seu empenho, refletindo o de Michel Temer é o de tentar barrar o julgamento e não provar a inocência material do acusado.
É CULPADO – Se Mariz de Oliveira considerasse Michel Temer inocente, deveria pautar seu discurso, cujo estilo pertence ao passado remoto dos tribunais, pelo julgamento do presidente da República, ao invés de se esforçar para barrar no início o processo e a sentença.
A sentença, aliás, já está no pensamento e na voz dos brasileiros e brasileiras. Pois ninguém em plena consciência acredita que Rocha Loures agiu por si próprio somente, sem autorização do presidente Michel Temer. Inclusive se Loures agisse por si próprio, evidentemente não receberia na noite paulista a mala repleta de 500 mil reais. Não adianta negar tal indício, reforçado em sua substância pelo diálogo que Michel Temer manteve com Joelsley Batista no Palácio Jaburu.
BANDIDO AMIGO – Não adianta também tentar desqualificar Joesley Batista, atitude assumida por Michel Temer e o senador Aécio Neves. Pois se Joesley Batista é um bandido, na versão do presidente e do senador, como esse presidente vai a seu casamento, viaja em seu avião particular e o recebe na sua residência oficial de Brasília e com ele mantém o diálogo que a gravação registra e confirma?
Se Joesley Batista é um criminoso, cujas penas deveriam atingir um milênio de prisão, como disse o senador Aécio Neves, como então o mesmo Aécio Neves poderia aceitar negociar um empréstimo de 2 milhões de reais com um personagem que representa em si um símbolo marcante da corrupção e do crime?
COINCIDÊNCIA?– Não creio que por coincidência Aécio Neves continue se empenhando para que o PSDB, partido de que está afastado da presidência, não desembarque da viagem empreendida por Michel Temer que agora foge do julgamento pelo Supremo Tribunal Federal.
O parecer de Sérgio Zveiter terá que ser referendado pela Câmara Federal. Mas já foi apreciado pelo Tribunal da opinião pública em julgamento quase total e definitivo.
11 de julho de 2017
Pedro do Coutto
11 de julho de 2017
Pedro do Coutto
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