Está ganhando força na mídia e nas redes sociais o lobby montado pelo marqueteiro do Planalto, Elisinho Mouco, para enfraquecer as denúncias de Joesley Batista contra o presidente Michel Temer e os caciques do PMDB. Ardilosamente, os assessores da Presidência e da Casa Civil espalham informações falsas de que Joesley teria inventado que Temer lhe pedira um pagamento semanal de R$ 500 mil, durante 20 anos. Este é o principal argumento para tentar desmentir as acusações e transformar Temer em vítima de um “bandido notório”.
A argumentação do Planalto tem surtido efeito, está aumentando o número de jornalistas e formadores de opinião que passaram a defender Temer, porque realmente não é possível acreditar que o presidente da República, aos 76 anos, fosse parcelar uma propina em 20 anos. Seria Piada do Ano, ninguém pode levar a sério.
CRIATIVIDADE – É preciso reconhecer a criatividade do marqueteiro e da numerosa equipe que tenta defender o presidente Temer. Estão tirando água de pedra, como se diz lá no sertão. É maravilhosa a versão que inventaram para o pagamento semanal de R$ 500 mil, mas só funciona na mídia e na internet, não vai prosperar no inquérito contra Temer, é como se fosse uma nota de três dólares, não tem o menor valor.
Basta conferir a gravação da conversa de Joesley e Temer no porão do Jaburu. O áudio mostra que, depois de se entenderem sobre a ajuda a Eduardo Cunha, em seguida o empresário pede apoio de Temer para resolver uma pendência da JBS. O presidente então indica seu assessor Rodrigo Rocha Loures, que somente no dia seguinte assumiria como deputado (PMDB-PR), na vaga do ministro Osmar Serraglio:
“Fale com o Rodrigo” – afirmou Temer.
Joesley então quis se certificar do que Rocha Loures poderia fazer por ele e perguntou: “Posso falar tudo com ele?”
Temer foi sucinto: “Tudo”.
REUNIÃO COM LOURES – Joesley Batista então procurou Loures, que no dia seguinte assumira o mandato de deputado e era conhecido homem de confiança do presidente, pois o assessorava desde 2011. Aliás, foi usando o prenome dele que o empresário da JBS teve acesso ao Palácio do Jaburu, às 22h30m, sem se identificar. Apenas disse “Rodrigo” e os seguranças deixaram que entrasse.
Joesley e Loures marcaram um encontro em Brasília — e se acertaram. O empresário lhe contou que precisava do Cade, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica, que estava para decidir uma disputa entre a Petrobras e o grupo JBS sobre o preço do gás fornecido pela estatal à termelétrica EPE, localizada em Cuiabá.
Joesley explicou a Loures que a Petrobras compra o gás da Bolívia e revende para a empresa por preços abusivos. Reclamou que sua empresa perdia R$ 1 milhão por dia com essa política de preços. E pediu que a Petrobras revendesse o gás pelo preço de compra ou que deixasse a EPE negociar diretamente com os bolivianos.
LIGOU NA HORA – No depoimento à Polícia Federal, Joesley contou que, com uma sem-cerimônia impressionante, o indicado de Temer ligou para o presidente em exercício do Cade, Gilvandro Araújo, e pediu que resolvesse a questão da termelétrica. Pelo serviço prestado, Joesley ofereceu uma propina de 5% e Loures aceitou: “Tudo bem, tudo bem”, consta da gravação. E o acordo entre Petrobras e EPE/JBS foi fechado dia 13 de abril, nem demorou muito. Loures agiu rápido.
Foi marcado um novo encontro. Desta vez, entre Loures e Ricardo Saud, executivo da JBS. No Café Santo Grão, em São Paulo, foi combinado o pagamento de R$ 500 mil semanais por 20 anos, tempo em que vai vigorar o contrato entre Petrobras e EPE/JBS. Ou seja, R$ 520 milhões ao longo de duas décadas. Na gravação, Loures disse que levaria a proposta de pagamento a alguém acima dele. Saud faz duas menções ao “presidente”. Pelo contexto, os dois se referem a Michel Temer. Ou seja, quem combinou a “semanada” de R$ 500 mil foi Loures, e não Temer.
A entrega da primeira parcela foi filmada pela PF, como todos sabem. Depois, Loures confessou o crime, ao devolver a mala de dinheiro. Mas os agentes federais contaram e faltavam R$ 35 mil (7%). Loures então depositou o restante na Caixa Econômica Federal.
VERSÃO INVENTADA – Bem, foi necessário recordar o que houve, para que se possa desmontar a versão inventada pelo Planalto, de que Joesley teria dito que Temer lhe pedira uma propina de R$ 520 milhões, a ser paga semanalmente, em 20 anos. Isso nunca existiu. Quem combinou esse pagamento com Joesley foi o então deputado Loures, que Temer indicara como seu representante. É isso que consta dos autos do inquérito e está valendo.
Foi o Planalto que criou a versão fantasiosa de que Joesley teria inventado que Temer lhe pedira uma propina de R$ 520 milhões, a ser paga semanalmente em 20 anos. E o mais incrível é que tanta gente esteja acreditando nesse ardil montado pela organização criminosa que continua comandando este país.
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PS – Como dizia o genial escritor George Orwell, “numa época de mentiras universais, falar a verdade é um ato revolucionário”. E às vezes é necessário que se diga a verdade, para esclarecimento do respeitável público, diria Phineas Barnum, criador do mais famoso circo do mundo, o Barnum & Bailey. Uma de suas frases mais interessantes explica por que tantas pessoas acreditam em teorias conspiratórias e versões manipuladas: “A cada 30 segundos nasce um otário”. (C.N.)
PS – Como dizia o genial escritor George Orwell, “numa época de mentiras universais, falar a verdade é um ato revolucionário”. E às vezes é necessário que se diga a verdade, para esclarecimento do respeitável público, diria Phineas Barnum, criador do mais famoso circo do mundo, o Barnum & Bailey. Uma de suas frases mais interessantes explica por que tantas pessoas acreditam em teorias conspiratórias e versões manipuladas: “A cada 30 segundos nasce um otário”. (C.N.)
28 de junho de 2017
Carlos Newton
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