Em seu 1.º discurso, ele prometia buscar confiança. Desde então, coleciona sucessos e fracassos
Como o grito Eureka!, que o cientista grego Arquimedes bradou ao descobrir a solução para um complexo dilema do rei Hierão, o presidente Michel Temer simbolizou na palavra confiança a descoberta de um novo caminho que tirasse o Brasil do caos deixado por Dilma Rousseff.
Há um ano, em seu primeiro discurso como presidente da República, ainda interino, Temer enfatizou e repetiu três vezes: “Confiança, confiança, confiança”. Prometia buscá-la e, desde então, vem colecionando sucessos e fracassos. Conquistada com falhas e lacunas, a confiança foi fundamental para derrubar a inflação. E isso não é pouco, é condição indispensável para controlar a explosiva dívida pública, reduzir os juros e retomar o crescimento econômico, entre inúmeros outros efeitos positivos para a saúde da economia. Porém a enorme falta de ética e a desconfiança em relação à classe política, sobretudo no partido do presidente, empurram o Brasil para sucessivas crises (oito ministros demitidos por corrupção) e robustecem um clima de instabilidade política que atrapalha e adia a implementação de ações voltadas para acelerar o investimento, o crescimento da economia e a geração de empregos.
Por paradoxal que seja, é justamente neste ambiente de instabilidade política, com parlamentares da base aliada desacreditados e acusados de corrupção pelos delatores da Operação Lava Jato, que Michel Temer vem conseguindo algum êxito na relação com o Congresso Nacional e a classe política.
Aprovou no Legislativo a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) do Teto dos Gastos, deu um bom empurrão na reforma trabalhista e é provável que a difícil reforma da Previdência seja votada e aprovada na Câmara dos Deputados no início de junho. Nesse campo, tudo indica que, em um ano de governo, Temer vai conseguir o que Fernando Henrique Cardoso, Lula e Dilma não conseguiram ao longo de seus mandatos. E isso tudo com a popularidade do presidente no chão.
A confiança clamada por Temer era consequência do enorme descrédito em Dilma Rousseff e da profusão de erros e fracassos a que ela submeteu o País com a desastrada “nova matriz econômica”. Mas durou pouco o clima de otimismo que sucedeu. O mérito do novo presidente ao escolher sua qualificada e respeitada equipe econômica não se repetiu na escolha dos ministros da área política. Até agora, a confiança na gestão econômica foi pouco abalada, e o fato de a inflação ter desabado de 10% para 4,08% em apenas um ano ajudou muito, mas o País dá, ainda, sinais inseguros de saída da recessão.
O programa de privatização poderia estar mais avançado, no entanto ocorreram ações concretas: a licitação dos aeroportos de Fortaleza, Porto Alegre, Salvador e Florianópolis; três novos leilões de petróleo (dois deles na área do pré-sal) previstos para acontecer em setembro e em outubro; parcerias público-privadas com Estados nas áreas de saneamento e distribuição de gás a caminho; e leilões de linhas de transmissão no setor elétrico são algumas iniciativas. Porém, com o Estado aplicando apenas 2% em investimentos, é urgente e necessário planejar uma política estratégica focada em atrair capitais privados para toda a infraestrutura. São iniciativas que dão fôlego ao desenvolvimento, geram riqueza e ajudam a reverter o desolador quadro de 14,2 milhões de desempregados existentes hoje no Brasil.
Por ter tido o cuidado de nomear Pedro Parente, um gestor com experiência técnica e currículo respeitados, Temer obteve importante e positiva resposta na estratégica Petrobrás. Massacrada ética e financeiramente pelos dois governos petistas, há dois trimestres seguidos a estatal já contabiliza lucro, murchou o inchaço de pessoal e tem reduzido seu elevado endividamento. A Eletrobrás não conseguiu ainda sair do prejuízo, mas o governo prepara o desmonte da desastrada política de tarifas de Dilma, que quase levou essa estatal à falência e o setor elétrico à completa desordem.
14 de maio de 2017
Suely Caldas.Estadão
Como o grito Eureka!, que o cientista grego Arquimedes bradou ao descobrir a solução para um complexo dilema do rei Hierão, o presidente Michel Temer simbolizou na palavra confiança a descoberta de um novo caminho que tirasse o Brasil do caos deixado por Dilma Rousseff.
Há um ano, em seu primeiro discurso como presidente da República, ainda interino, Temer enfatizou e repetiu três vezes: “Confiança, confiança, confiança”. Prometia buscá-la e, desde então, vem colecionando sucessos e fracassos. Conquistada com falhas e lacunas, a confiança foi fundamental para derrubar a inflação. E isso não é pouco, é condição indispensável para controlar a explosiva dívida pública, reduzir os juros e retomar o crescimento econômico, entre inúmeros outros efeitos positivos para a saúde da economia. Porém a enorme falta de ética e a desconfiança em relação à classe política, sobretudo no partido do presidente, empurram o Brasil para sucessivas crises (oito ministros demitidos por corrupção) e robustecem um clima de instabilidade política que atrapalha e adia a implementação de ações voltadas para acelerar o investimento, o crescimento da economia e a geração de empregos.
Por paradoxal que seja, é justamente neste ambiente de instabilidade política, com parlamentares da base aliada desacreditados e acusados de corrupção pelos delatores da Operação Lava Jato, que Michel Temer vem conseguindo algum êxito na relação com o Congresso Nacional e a classe política.
Aprovou no Legislativo a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) do Teto dos Gastos, deu um bom empurrão na reforma trabalhista e é provável que a difícil reforma da Previdência seja votada e aprovada na Câmara dos Deputados no início de junho. Nesse campo, tudo indica que, em um ano de governo, Temer vai conseguir o que Fernando Henrique Cardoso, Lula e Dilma não conseguiram ao longo de seus mandatos. E isso tudo com a popularidade do presidente no chão.
A confiança clamada por Temer era consequência do enorme descrédito em Dilma Rousseff e da profusão de erros e fracassos a que ela submeteu o País com a desastrada “nova matriz econômica”. Mas durou pouco o clima de otimismo que sucedeu. O mérito do novo presidente ao escolher sua qualificada e respeitada equipe econômica não se repetiu na escolha dos ministros da área política. Até agora, a confiança na gestão econômica foi pouco abalada, e o fato de a inflação ter desabado de 10% para 4,08% em apenas um ano ajudou muito, mas o País dá, ainda, sinais inseguros de saída da recessão.
O programa de privatização poderia estar mais avançado, no entanto ocorreram ações concretas: a licitação dos aeroportos de Fortaleza, Porto Alegre, Salvador e Florianópolis; três novos leilões de petróleo (dois deles na área do pré-sal) previstos para acontecer em setembro e em outubro; parcerias público-privadas com Estados nas áreas de saneamento e distribuição de gás a caminho; e leilões de linhas de transmissão no setor elétrico são algumas iniciativas. Porém, com o Estado aplicando apenas 2% em investimentos, é urgente e necessário planejar uma política estratégica focada em atrair capitais privados para toda a infraestrutura. São iniciativas que dão fôlego ao desenvolvimento, geram riqueza e ajudam a reverter o desolador quadro de 14,2 milhões de desempregados existentes hoje no Brasil.
Por ter tido o cuidado de nomear Pedro Parente, um gestor com experiência técnica e currículo respeitados, Temer obteve importante e positiva resposta na estratégica Petrobrás. Massacrada ética e financeiramente pelos dois governos petistas, há dois trimestres seguidos a estatal já contabiliza lucro, murchou o inchaço de pessoal e tem reduzido seu elevado endividamento. A Eletrobrás não conseguiu ainda sair do prejuízo, mas o governo prepara o desmonte da desastrada política de tarifas de Dilma, que quase levou essa estatal à falência e o setor elétrico à completa desordem.
14 de maio de 2017
Suely Caldas.Estadão
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