Antonio Palocci e Dilma Rousseff aparecem com destaque em delações de Santana e Moura, enquanto a imagem de Lula ser ‘chefe’ fica reforçada
Esta é uma semana para o lulopetismo esquecer. Primeiro, foi o depoimento de Lula ao juiz Sergio Moro, quarta-feira, no processo sobre o tríplex do Guarujá, em que o ex-presidente é acusado de ter recebido o imóvel da OAS como parte de propinas pagas pela empreiteira ao PT, milionário pedágio para poder fazer negócios com a Petrobras. E depois, no dia seguinte, veio a divulgação da delação premiada do casal de marqueteiros João Santana e Mônica Moura.
É certo que Lula, Dilma Rousseff e Antonio Palocci passarão este fim de semana mais apreensivos do que o anterior. No caso do ex-presidente, havia a expectativa de um depoimento matador e de uma invasão vermelha de Curitiba. Não houve uma coisa nem outra. Lula, em alguns poucos momentos, mostrou o dom da retórica, mas não respondeu de maneira convincente à principal pergunta sobre o imóvel: recebeu ou não da OAS?
Lula caiu, ainda, em contradições. Uma delas, sobre o relacionamento entre o tesoureiro do PT, João Vaccari, ainda preso, e o ex-diretor da Petrobras Renato Duque, que diz ter ouvido do ex-presidente o conselho para não ter contas no exterior. Lula disse não saber se Vaccari conhecia Duque, mas foi a ele que recorreu para ter um encontro com o diretor indicado pelo PT. Para completar o mau dia, Lula foi a uma manifestação em seu apoio, em praça pública, ainda em Curitiba, onde havia menos militantes do que certamente imaginara.
As delações de Santana e Mônica, os marqueteiros vitoriosos do PT, divulgadas pelo ministro Edson Fachin, relator da Lava-Jato no Supremo, reforçam em traços fortes o papel de Lula de “chefe” do propinoduto instalado a partir de empreiteiras, Odebrecht à frente, e conectado principalmente no caixa da Petrobras. Santana e Mônica chancelam a impressão que também teve Renato Duque na conversa com o ex-presidente: era o “chefe”. Os testemunhos também relatam o papel ativo de Dilma Rousseff na gestão financeira subterrânea da campanha de 2014.
A confirmação do uso à larga de dinheiro “por fora”, de caixa 2, é mais do mesmo. Porém, chama a atenção o processamento da distribuição dos recursos, com a participação de Antonio Palocci, o “italiano”, que, diante do pedido de cifras mais elevadas, alegava que precisaria consultar “o chefe”. Sempre ele.
Destaca-se, ainda, a importância da Odebrecht no bombeamento de dinheiro para o propinoduto, não apenas no Brasil. Depoimentos do casal, que, por influência de Lula, trabalhou em campanhas na Venezuela, para Chávez, no Panamá, em Angola e El Salvador, indicam que havia uma espécie de Internacional da Propina, constituída por influência de Lula, cimentada por ideologias terceiro-mundistas e bolivarianas, e sustentadas financeiramente pela Odebrecht, cujo interesse eram obras nesses países. O petrolão internacionalizou-se de vez.
14 de maio de 2017
Editorial O Globo
Esta é uma semana para o lulopetismo esquecer. Primeiro, foi o depoimento de Lula ao juiz Sergio Moro, quarta-feira, no processo sobre o tríplex do Guarujá, em que o ex-presidente é acusado de ter recebido o imóvel da OAS como parte de propinas pagas pela empreiteira ao PT, milionário pedágio para poder fazer negócios com a Petrobras. E depois, no dia seguinte, veio a divulgação da delação premiada do casal de marqueteiros João Santana e Mônica Moura.
É certo que Lula, Dilma Rousseff e Antonio Palocci passarão este fim de semana mais apreensivos do que o anterior. No caso do ex-presidente, havia a expectativa de um depoimento matador e de uma invasão vermelha de Curitiba. Não houve uma coisa nem outra. Lula, em alguns poucos momentos, mostrou o dom da retórica, mas não respondeu de maneira convincente à principal pergunta sobre o imóvel: recebeu ou não da OAS?
Lula caiu, ainda, em contradições. Uma delas, sobre o relacionamento entre o tesoureiro do PT, João Vaccari, ainda preso, e o ex-diretor da Petrobras Renato Duque, que diz ter ouvido do ex-presidente o conselho para não ter contas no exterior. Lula disse não saber se Vaccari conhecia Duque, mas foi a ele que recorreu para ter um encontro com o diretor indicado pelo PT. Para completar o mau dia, Lula foi a uma manifestação em seu apoio, em praça pública, ainda em Curitiba, onde havia menos militantes do que certamente imaginara.
As delações de Santana e Mônica, os marqueteiros vitoriosos do PT, divulgadas pelo ministro Edson Fachin, relator da Lava-Jato no Supremo, reforçam em traços fortes o papel de Lula de “chefe” do propinoduto instalado a partir de empreiteiras, Odebrecht à frente, e conectado principalmente no caixa da Petrobras. Santana e Mônica chancelam a impressão que também teve Renato Duque na conversa com o ex-presidente: era o “chefe”. Os testemunhos também relatam o papel ativo de Dilma Rousseff na gestão financeira subterrânea da campanha de 2014.
A confirmação do uso à larga de dinheiro “por fora”, de caixa 2, é mais do mesmo. Porém, chama a atenção o processamento da distribuição dos recursos, com a participação de Antonio Palocci, o “italiano”, que, diante do pedido de cifras mais elevadas, alegava que precisaria consultar “o chefe”. Sempre ele.
Destaca-se, ainda, a importância da Odebrecht no bombeamento de dinheiro para o propinoduto, não apenas no Brasil. Depoimentos do casal, que, por influência de Lula, trabalhou em campanhas na Venezuela, para Chávez, no Panamá, em Angola e El Salvador, indicam que havia uma espécie de Internacional da Propina, constituída por influência de Lula, cimentada por ideologias terceiro-mundistas e bolivarianas, e sustentadas financeiramente pela Odebrecht, cujo interesse eram obras nesses países. O petrolão internacionalizou-se de vez.
14 de maio de 2017
Editorial O Globo
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