Cascais, Portugal - A última pesquisa divulgada pelo Datafolha mostra inequivocamente o rumo que o Brasil está tomando depois da passagem desastrosa da esquerda pelo poder. O descrédito das instituições, a corrupção generalizada, a violência desenfreada e o pensamento retrógrado de uma parte da nossa intelectualidade estão apontando para uma disputa em 2018 com o extremista de direita Jair Bolsonaro. Os números não deixam dúvidas: se a eleição fosse hoje, Lula (32%) disputaria o segundo turno com o deputado-coronel (15%) com risco de perder as eleições para o militar tamanha a sua rejeição.
Infelizmente, é essa a leitura que se faz dos números divulgados pela Folha de S. Paulo quando elenca os nomes para o eleitor escolher o seu candidato a presidente. Boa parte do eleitorado conservador – alheio às pressões ideológicas – começa a se manifestar por Bolsonaro. Apoia o seu discurso do “prendo e arrebento” tão usado por seus amigos de caserna, saudosos do general Figueiredo. Isso, na verdade, reflete o desespero de parte da população que se agarra na primeira boia para não afundar no mar dos aflitos.
Esses eleitores emitem sinais claros de que precisam de um líder que enfrente a violência urbana e rural, que pacifique os conflitos de terra, que moralize os poderes da república tão avacalhados e “prenda e arrebente” os políticos corruptos, saqueadores dos cofres públicos. Aparentemente, Bolsonaro faz esse discurso que vem agradando a massa, como mostram as últimas pesquisas de opinião. Ele abre um canal direto principalmente com os 14 milhões de desempregados, esse povo carente que já beira a indigência.
A Lava Jato não deixou pedra sobre pedra. Levou a rodo mais de 200 políticos no escândalo. Todos os presidenciáveis aparecem na caixinha da Odebrecht, o que virou um prato cheio para o aparecimento de um salvador da pátria, um moralista que pregue os bons costumes e fale para a massa descrente. Que conquiste a população jovem desencantada e sem perspectiva. Que transmita a cada um deles as conquistas do regime militar. E esse papel, Bolsonaro e sua tropa faz com eficiência. Além disso, o deputado atrai a esquerda para o seu campo de batalha destroçando moralmente seu principal líder, o ex-presidente Lula, acusando-o de ter promovido o caos no país.
Bolsonaro é um velho político, mas quer parecer novo, sem vícios. Percorre o Brasil falando a linguagem que o povo quer ouvir: a da moralização, a da insegurança pública e a do combate a corrupção. Radicaliza contra o PT porque pensa em polarizar com a esquerda, raciocínio correto. Sabe que os candidatos de centro como Aécio, Alckmin e Marina foram feridos mortalmente pela Lava Jato e vão demorar a sair da UTI até as eleições do próximo ano.
As pesquisas mostram uma curiosidade: o coronel tem intenção de voto concentrada em jovens instruídos e de maior renda. São eles que assimilam o seu discurso de que só a força pode conter a hemorragia da corrupção. Não à toa, muitos ainda nutrem a ideia de que a ditadura levou o Brasil a prosperidade.
Para alimentar mais ainda a esperança da direita, o Temer abocanhou a alta rejeição da Dilma em menos de um ano de governo. É incapaz de convencer os brasileiros das suas propostas de mudança, muitas, aliás, impopulares, mas que devem ser tomadas para tirar o país do atoleiro. Os ingredientes, como vimos, são próprios para uma radicalização política. E o caminho que se avista lá na frente é: votar em um candidato corrupto, que represente a esquerda carcomida, ou na direita representada por Bolsonaro, o Pit Bull de comportamento extremado que defende torturadores?
Estamos a pouco mais de um ano das eleições e, no meio desse destroço político, eis que surge um salvador da pátria, o nosso messias. João Doria, o prefeito de São Paulo, aparece como a salvação do país. E, a exemplo de Bolsonaro, quer também polarizar com a esquerda. Portanto, já escolheu o Lula como seu principal adversário. No confronto com o ex-presidente (ou outro candidato da esquerda) e Bolsonaro, ele corre por fora com boas chances de sucesso porque pode unir todas as tendências em sua volta.
Mas é preciso cautela. Vamos devagar com o andor que o santo é de barro. Foi exatamente em um momento de crise no governo Sarney que surgiu em Alagoas o caçador de marajás para salvar a pátria. E o resultado todos nós conhecemos.
05 de maio de 2017
jorge oliveira
Infelizmente, é essa a leitura que se faz dos números divulgados pela Folha de S. Paulo quando elenca os nomes para o eleitor escolher o seu candidato a presidente. Boa parte do eleitorado conservador – alheio às pressões ideológicas – começa a se manifestar por Bolsonaro. Apoia o seu discurso do “prendo e arrebento” tão usado por seus amigos de caserna, saudosos do general Figueiredo. Isso, na verdade, reflete o desespero de parte da população que se agarra na primeira boia para não afundar no mar dos aflitos.
Esses eleitores emitem sinais claros de que precisam de um líder que enfrente a violência urbana e rural, que pacifique os conflitos de terra, que moralize os poderes da república tão avacalhados e “prenda e arrebente” os políticos corruptos, saqueadores dos cofres públicos. Aparentemente, Bolsonaro faz esse discurso que vem agradando a massa, como mostram as últimas pesquisas de opinião. Ele abre um canal direto principalmente com os 14 milhões de desempregados, esse povo carente que já beira a indigência.
A Lava Jato não deixou pedra sobre pedra. Levou a rodo mais de 200 políticos no escândalo. Todos os presidenciáveis aparecem na caixinha da Odebrecht, o que virou um prato cheio para o aparecimento de um salvador da pátria, um moralista que pregue os bons costumes e fale para a massa descrente. Que conquiste a população jovem desencantada e sem perspectiva. Que transmita a cada um deles as conquistas do regime militar. E esse papel, Bolsonaro e sua tropa faz com eficiência. Além disso, o deputado atrai a esquerda para o seu campo de batalha destroçando moralmente seu principal líder, o ex-presidente Lula, acusando-o de ter promovido o caos no país.
Bolsonaro é um velho político, mas quer parecer novo, sem vícios. Percorre o Brasil falando a linguagem que o povo quer ouvir: a da moralização, a da insegurança pública e a do combate a corrupção. Radicaliza contra o PT porque pensa em polarizar com a esquerda, raciocínio correto. Sabe que os candidatos de centro como Aécio, Alckmin e Marina foram feridos mortalmente pela Lava Jato e vão demorar a sair da UTI até as eleições do próximo ano.
As pesquisas mostram uma curiosidade: o coronel tem intenção de voto concentrada em jovens instruídos e de maior renda. São eles que assimilam o seu discurso de que só a força pode conter a hemorragia da corrupção. Não à toa, muitos ainda nutrem a ideia de que a ditadura levou o Brasil a prosperidade.
Para alimentar mais ainda a esperança da direita, o Temer abocanhou a alta rejeição da Dilma em menos de um ano de governo. É incapaz de convencer os brasileiros das suas propostas de mudança, muitas, aliás, impopulares, mas que devem ser tomadas para tirar o país do atoleiro. Os ingredientes, como vimos, são próprios para uma radicalização política. E o caminho que se avista lá na frente é: votar em um candidato corrupto, que represente a esquerda carcomida, ou na direita representada por Bolsonaro, o Pit Bull de comportamento extremado que defende torturadores?
Estamos a pouco mais de um ano das eleições e, no meio desse destroço político, eis que surge um salvador da pátria, o nosso messias. João Doria, o prefeito de São Paulo, aparece como a salvação do país. E, a exemplo de Bolsonaro, quer também polarizar com a esquerda. Portanto, já escolheu o Lula como seu principal adversário. No confronto com o ex-presidente (ou outro candidato da esquerda) e Bolsonaro, ele corre por fora com boas chances de sucesso porque pode unir todas as tendências em sua volta.
Mas é preciso cautela. Vamos devagar com o andor que o santo é de barro. Foi exatamente em um momento de crise no governo Sarney que surgiu em Alagoas o caçador de marajás para salvar a pátria. E o resultado todos nós conhecemos.
05 de maio de 2017
jorge oliveira
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