"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quinta-feira, 4 de maio de 2017

CORRUPTOS DA PETROBRAS USARAM LEI DA REPATRIAÇÃO PARA LAVAR PROPINAS

Força-tarefa explica a desfaçatez desta nova quadrilha
Um total de R$ 5 bilhões em 18 contratos da Petrobras foram fraudados no esquema de corrupção desvendado na 40ª fase da Operação Lava-Jato desta quinta-feira. Um dos alvos da operação, Marcio de Almeida Ferreira, usou até a lei de repatriação de recursos para trazer dinheiro sujo do exterior e limpá-lo. Ou seja, houve envolvido que além de receber propina até meados de 2016 — dois anos e meio depois de já iniciada a Lava-Jato —, também usou a lei brasileira para se beneficiar, de acordo com as autoridades.
As informações foram dadas por delegados da PF e procuradores do Ministério Público Federal (MPF), durante coletiva de imprensa realizada nesta quinta-feira em Curitiba. A operação cumpriu quatro mandados de prisão (duas preventivas e duas temporárias), cinco de condução coercitiva e ainda 16 de busca e apreensão nos estados do Rio, de São Paulo e de Minas Gerais. A operação foi batizada de “Asfixia”.
RUMO A CURITIBA – Os presos foram: Marcio de Almeida Ferreira e Maurício de Oliveira Guedes, ex-gerentes da Petrobras, além de Marivaldo do Rozário Escalfoni e Paulo Roberto Gomes Fernandes, representantes da Petrobras. Todos devem chegar a Curitiba até a noite desta quinta-feira. Eles recebiam propina de pelo menos duas empresas, Akyzo e Liderroll, usadas por empreiteiras para repassar recursos indevidos a funcionários da Petrobras, em troca de contratos. As empreiteiras são basicamente as mesmas já alvo de operações na Lava-Jato, parte do cartel de empreiteiras.
“O que fica claro é que muito trabalho ainda precisa ser feito na Petrobras. Nada garante que não tenhamos hoje uma empresa limpa de toda a corrupção do seu passado” — disse o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima.
1% DE PROPINA – Os envolvidos cobravam 1% de propina sobre o valor dos contratos, a maioria dentro do Setor de Engenharia, comandado por Renato Duque e Pedro Barusco.
#É um novo núcleo que surge dentro da organização criminosa, um núcleo que atuou no setor de gás e energia, dentro do setor de engenharia” — disse a delegada Renata da Silva.
O procurador Diogo Castor de Mattos salientou a “ousadia” mostrada nessa nova fase, já que os funcionários da Petrobras receberam valores até meados de 2016 e utilizaram a “lei de regularização cambial para a lavagem de dinheiro”.
“Um dos investigados subiu de patrimônio de R$ 7 milhões para R$ 56 milhões. Ele esquentou esse dinheiro que certamente era fruto de propina. Abrimos aí uma nova linha de investigação, que possa mostrar como essa lei de regularização cambial possa ter sido utilizada para trazer dinheiro do exterior. Em tese essas pessoas podem estar ficando com esses recursos de forma lícita, o que gera um risco para a sociedade” — comentou o promotor, salientando que milhares de pessoas no Brasil aderiram à repatriação cambial.
APOIO DA RECEITA – Renata da Silva, delegada da PF que participou da operação, disse que o esquema de hoje foi desvendado a partir de depoimentos de Ricardo Pernambuco, da Carioca Engenharia, além de funcionários da Andrade Gutierrez, que colaboraram com as investigações.
O inquérito começou após dados coletados pela Receita Federal. A RF chegou a uma lista de empresas suspeitas de lavagem de dinheiro. Aí se chegou a Edson Krummenauer, ex-gerente da Petrobras, como beneficiário final do esquema. Ele não foi preso porque fez colaboração premiada com o MPF. Edson afirmou que tinha um saldo de R$ 15 milhões em propina a receber, o valor foi repassado ao longo do tempo e de diferentes maneiras, no exterior, em espécie, até pagamentos de contas de sua casa, com o objetivo de não levantar suspeita. Ele abriu uma terceira empresa para receber da Akyzo.
“Praticamente toda movimentação da Akyzo era criminosa. (…) Não houve pudores para usar as duas empresas para passar propina” — disse a delegada.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – São os meninos infantis da Lava Jato, dando um show nos veteranos caquéticos do Supremo. Apenas isso. (C.N.)

04 de maio de 2017

Marina Oliveira e Juliana Arreguy
O Globo

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