A liberação pelo STF dos videos dos delatores expondo suas delações – a começar pela de Marcelo Odebrecht – fortalece extraordinariamente a Operação Lava-Jato e aprofunda as consequências políticas relativas à corrupção diretamente exposta pelos que participaram do processo que culminou com o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. O clima de tensão política cresceu ainda mais no país porque uma coisa é se ter conhecimento indireto de fatos. Outra é vê-los expostos por parte de uma face da corrupção que se generalizou no país.
Ontem, assistiu-se delações de Marcelo Odebrecht e de seu pai Emílio Odebrecht. Mas o fato é que a decisão do Supremo aplica-se a todos os demais delatores, já que não faria sentido que o processo de divulgar a fala dos empresários envolvidos, restringindo-a a um só caso.
A liberação dos videos que a população brasileira assistiu ontem estender-se-á aos depoimentos de demais empresários, como, por exemplo, os da OAS e Andrade Gutierrez. As imagens assim acrescentam um peso extraordinário aos depoimentos feitos pelos delatores. São informações detalhadas como as de Marcelo Odebrecht que deixam estarrecidas a sociedade brasileira, com reflexo inevitável no exterior.
DIREITO DE RESPOSTA – Além disso, as imagens vão contribuir para acelerar a apreciação dos processos pelo Poder Judiciário e encurralam as pessoas citadas, na medida em que possuem o direito de resposta, mas dificilmente se apresentarão para fazê-lo. Uma questão conduz a outra. O acusado injustamente, é lógico, se revoltaria com a inclusão de seu nome e faria questão de usar o mesmo tempo nas redes de televisão para refutá-las. Este aspecto é essencial.
A partir de agora, a crise aberta pela corrupção que inundou o país vai se aprofundar. Pois a face do escândalo foi exposta aos olhos e à consciência de todos. A Operação Lava-Jato sai ainda mais fortalecida do episódio, da mesma forma que o desempenho da Procuradoria-Geral da República ao formular as suas denúncias.
Essas denúncias estão mantidas e confirmadas pelos próprios delatores. Vamos aguardar se os acusados responderão.
Não é provável.
13 de abril de 2017
Pedro do Coutto
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