"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

terça-feira, 10 de janeiro de 2017

PETROBRAS ESTÁ SENDO DESTRUÍDA POR PARENTE E NINGUÉM REAGE, ESTÁ TUDO DOMINADO


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Charge do Rice, reproduzida do Arquivo Google
O Brasil vive dias turbulentos e faz parte de um mundo controlado pelo capital financeiro e em crises que se multiplicam. São crises na ordem econômica, ambiental, humanitária, diplomática, além da barbárie das guerras. Povos são divididos pelo acirramento das diferenças religiosas, étnicas, culturais, da língua que se fala e da origem imigrante ou regional. Não percebem que são manipulados, jogados uns contra os outros, enquanto se disputa a nova partilha do poder político para atender a interesses econômicos particulares.
O ano de 2016 se caracterizou pelo avanço das privatizações, pelas mentiras repetidas sobre a Petrobras e pelo sucesso na produção do pré-sal que já representa quase 50% da produção nacional e acumula mais de 1 bilhão de barris produzidos.
A indústria do petróleo inicia mais um ano difícil. O preço do petróleo, apesar de relativamente alto em termos históricos, é baixo para compensar os elevados custos de exploração e produção em termos médios e mundiais.
ATIVOS ESTRATÉGICOS – Sob o falso argumento de que não há alternativa para lidar com o endividamento, foram alienados ativos rentáveis e estratégicos. Assim a Petrobras compromete o fluxo de caixa futuro e entrega seu mercado a concorrentes ou intermediários. A desintegração ainda traz riscos empresariais desnecessários ao tornar a geração de caixa vulnerável a variação dos preços relativos do petróleo e de seus derivados.
Foram alienados campos de petróleo, malha de gasodutos, unidades petroquímicas, usinas térmicas, terminal de gaseificação e participações na produção de etanol.
No artigo “Existe alternativa para reduzir a dívida da Petrobras sem vender seus ativos“, evidenciamos o equívoco da escolha política e empresarial de alienação de ativos, e revelamos que ela é desnecessária. Apresentamos alternativa que preserva a integridade corporativa da Petrobras e a sua capacidade de investir, na medida do desenvolvimento nacional e em suporte a ele, enquanto garante a sustentação financeira, tanto pela redução da dívida, quanto pela preservação da geração de caixa a médio prazo.
Em “Venda dos gasodutos da NTS: um prejuízo maior do que o revelado pela Lava-jato?”, a Associação dos Engenheiros da Petrobras (AEPET) demonstrou que a venda dos gasodutos, um monopólio natural, a um intermediário de capital internacional, é prejudicial à Petrobras e aos consumidores.
FORA DOS BIOCOMBUSTÍVEIS – O Plano Estratégico da Petrobras (PE 2017-21) prevê a saída integral da produção de biocombustíveis. A decisão de desistir da produção de biodiesel e de etanol é um erro que compromete a sustentação empresarial e os compromissos ambientais brasileiros apresentados a COP-21, em Paris. A participação dos biocombustíveis é cada vez maior na matriz energética brasileira e mundial, o etanol compete com a gasolina, enquanto o biodiesel ocupa o mercado do diesel.
As multinacionais investem pesado em pesquisa e participam cada vez mais do setor, enquanto os acordos multilaterais impõem restrições às emissões de gases do efeito estufa que são gerados pela queima dos combustíveis fósseis. Na contramão dessas tendências a Petrobras regride ao sair da produção do biodiesel e ao vender participações em etanol. O preço deste erro será alto e recairá sobre a estatal e a sociedade brasileira, mais cedo do que se imagina.
VENDA DA BR DISTRIBUIDORA – A Petrobras declarou, em fato relevante de 22 de julho de 2016, que alterou o modelo de alienação da sua participação na BR Distribuidora, sua subsidiária integral. Encerrou o processo de venda vigente, no qual recebeu três propostas que julgou não atenderem aos objetivos da companhia. Iniciando o novo processo, com novas regras para maximizar o valor do negócio.
No artigo “O valor do controle da BR Distribuidora“, demonstramos que a operação prejudica a Petrobras, os consumidores e a maioria da população brasileira. Toda a verdade pôde ser nublada pelo viés ideológico e privatista daqueles que ocuparam o poder e contam com a mídia oligopolista a serviço do capital internacional e do rentismo.
A estratégia adotada pela Petrobras repete os erros cometidos pelas multinacionais de capital privado cujo fracasso relatamos em “O fracasso da gestão das multinacionais do petróleo e as lições para a Petrobras“. E também na “Carta à sociedade brasileira sobre a estratégica da Petrobras“.
LIDERANÇA NO PRÉ-SAL – Defendemos a preservação da Lei da Partilha, demonstramos que a liderança da Petrobras no pré-sal favorece a maioria da população porque garante seu maior acesso aos benefícios da atividade e da renda petroleira. Em vídeo, audiência pública no congresso, entrevistas e documentos detalhamos nossos argumentos.
Neste ano o Congresso aprovou o substitutivo do senador Romero Jucá (PMDB-RR) ao projeto PLS 131/2015 do José Serra (PSDB-SP) que retira da Petrobras a liderança legal na operação no pré-sal, sob o eufemismo de preservar a sua preferência. Documentamos nossos pontos de vista em “AEPET responde aos argumentos do Senador José Serra sobre seu projeto que retira da Petrobras a condição de operadora única no pré-sal”.
Nossas opiniões foram expressas à direção da Petrobras e aos acionistas minoritários em Cartas, Manifestos e Votos divulgados para nossos associados e a sociedade.
A defesa do petróleo e da Petrobras em favor da maioria dos brasileiros vem de longe, são gerações que se mobilizam desde a campanha “O Petróleo é Nosso”. Essa luta não terminou com 2016, um ano em que acumulamos mais derrotas do que vitórias. Sem o nosso trabalho voluntário o resultado teria sido pior. Estamos do lado certo e venceremos.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG 
– Felipe Coutinho é presidente da Associação de Engenheiros da Petrobrás (AEPET). Seu artigo é da maior importância e vem se juntar às insistentes denúncias feitas aqui na Tribuna da Internet sobre a tenebrosa e impatriótica  gestão de Pedro Parente na Petrobras. Em toda a história da companhia, jamais se viu nada igual. O insaciável privatista Pedro Parente é um mau brasileiro, está cometendo sucessivos crimes de lesa-pátria e a mídia está calada, as Forças Armadas estão caladas, a oposição está calada. Cadê as centrais sindicais, a OAB, a ABI, o Clube Militar, o Clube Naval, o Clube da Aeronáutica, a Escola Superior de Guerra, a UNE? Ninguém diz nada, todos estão acobertando a demolição da empresa que sempre foi o orgulho dos brasileiros. E claro que sempre aparecerá alguém que conteste essas informações, dizendo que as ações da Petrobras estão subindo. Mas a explicação é aquela velha piada dos irmãos Barney, que eram os reis do Circo nos EUA: “A cada 30 segundos nasce um otário”. E assim o presidente Michel Temer, ao final de sua gestão, poderá fazer como Lula e proclamar: “Nunca antes, na história deste país, um governo destruiu tanto a Petrobras e os interesses nacionais”. Sem dúvida, será sua maior realização, uma espécie de “acidente pavoroso” em versão econômica e entreguista. (C.N.)

10 de janeiro de 2017
Felipe Coutinho

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