"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

terça-feira, 31 de janeiro de 2017

APÓS HOMOLOGAÇÃO, PLANALTO REVELA ANSIEDADE COM IMPACTO DA DELAÇÃO DA ODEBRECHT




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Charge do Laerte (laerte.com.br)
Após a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia, homologar as 77 delações de executivos da Odebrecht, o Palácio do Planalto espera agora que seja levantado o quanto antes o sigilo do material, vindo a público os nomes de todos os políticos citados nos depoimentos. Na avaliação de auxiliares do presidente Michel Temer, é melhor para o governo sofrer um grande impacto de uma única vez com o que vier a público, do que ficar refém de vazamentos a conta-gotas durante meses e sem condições de avaliar quem de fato precisa ser afastado.
Segundo interlocutor do Planalto, o desgaste ao núcleo do governo será inevitável. Com isso, seria melhor que os prejuízos ocorressem de uma só tacada, em fevereiro, antes de a Câmara e o Senado se debruçarem sobre as reformas trabalhista e da Previdência.
“Vazamento seletivo é roleta russa, você nunca sabe quem vai ser atingido. Isso deixa o governo sangrando, atrapalha a economia do país e a agenda de votações” — diz um assessor presidencial.
SIGILO – Se perdurar o sigilo, disse um auxiliar de Temer, a tendência é que sejam vazadas informações relacionadas a políticos em evidência, no momento, o que pode afetar inclusive os novos presidentes do Senado e da Câmara, que devem ser eleitos amanhã e quinta-feira, respectivamente.
Em dezembro do ano passado, o Planalto se irritou com o vazamento da delação do ex-executivo da Odebrecht Cláudio Mello Filho citando Temer, seu núcleo mais próximos, o ministro Eliseu Padilha (Casa Civil) e o assessor especial, Moreira Franco, e os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia, e do Senado, Renan Calheiros. O presidente inclusive enviou um ofício ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pedindo rapidez nas investigações, o fim do sigilo, e criticando a divulgação da delação.
Segundo um assessor, o presidente tem dito internamente que gostaria que todas as acusações viessem à tona de uma vez para fazer rapidamente as mudanças necessárias na Esplanada e no Planalto para, então, tocar o governo.
ELOGIO – Nesta segunda-feira, em viagem a Pernambuco, Temer elogiou a decisão de Cármen Lúcia de homologar as 77 delações. “A presidente Cármen Lúcia até tinha pré-anunciado que muito possivelmente faria a homologação. Acho que ela fez o que deveria fazer e nesse sentido fez corretamente”.
Quanto a eventuais vazamentos por conta da manutenção do sigilo, Temer afirmou ter “certeza” de que não haverá vazamento seletivo. “De vez em quando sai um ou outro vazamento, eu não sei. Eu confesso que estando lá no Supremo Tribunal Federal eu duvido que haja vazamento. Eu conheço a seriedade, a competência, a extraordinária capacidade administrativa e judicial da presidente Cármen Lúcia, eu tenho certeza que vazamento não haverá” — disse Temer em rápida entrevista na cidade de Floresta (PE), onde foi inaugurar estação de bombeamento nas obras de transposição do Rio São Francisco.
Com a homologação, caberá ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot, decidir sobre abertura de inquéritos e investigações. O Planalto também aguarda para ver o modo de agir de Janot.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – A matéria foi “vazada” pelo Planalto e requer tradução simultânea. No ofício a Janot, o presidente Temer não pediu o fim do sigilo. Pelo contrário, insinuou que a Procuradoria deveria anular a delação da Odebrecht, como fez no caso da OAS (Léo Pinheiro), por causa de vazamento. Para disfarçar, pediu celeridade no encerramento dos inquéritos, para que as delações fossem divulgadas “por completo”. Quanto aos elogios à presidente Cármen Lúcia, são mais do que merecidos, por ela ter mantido indevidamente o sigilo, após sentença homologatória, conforme o jurista Jorge Béja já esclareceu aqui na Tribuna da Internet, com absoluta exclusividade(C.N.)

31 de janeiro de 2017
Simone Iglesias, Eduardo Barretto e Catarina Alencastro
O Globo

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