"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

FUMO MAS NÃO TRAGO. UM AMIGO TRAZ...


Diz um cruel humorista americano que, certa manhã, uma esfuziante Chelsea Clinton chegou à Casa Branca e contou à mãe que tinha conhecido naquela noite um rapaz maravilhoso, simpático, bonito, bem educado, uma paixão!, que lhe fez agradável companhia. A mãe, preocupada, perguntou: 
“Rolou sexo?” E a jovem, direta: “De acordo com o papai, não”.

O ex-ministro Jaques Wagner (Governo Dilma) se aproximou de outra frase do ex-presidente Clinton: “eu fumei, mas não traguei”. Wagner, acusado de receber da Odebrecht um caprichado pixuleco, um relógio Rolex de US$ 20 mil, confirmou o presentão, mas explicou: 
“Guardei e nunca usei, porque uso outro tipo de relógio. Mas, se o cara me deu de presente, vou fazer o quê?” 
Claro: talvez prefira um relógio de bolso (“cebolão”), da Patek Phillipe, o Henry Graves Super Complication, avaliado em US$ 11 milhões. Se alguém lhe der de presente, que mal faz?

Pois é: junte as duas frases de Clinton, a verdadeira e a falsa, com a brasileira, de Jaques Wagner, e terá uma pista do caminho legislativo a seguir para livrar boa parte dos envolvidos na Lava Jato. Representantes dos três Poderes montam uma tese jurídica para separar o caixa 2 destinado a financiar campanhas do dinheiro usado para, oh, horror! enriquecer políticos. O que sempre se usou e é culturalmente aceito continua legal.

O que não é culturalmente aceito, quem sabe um dia se acerta isso também.

Quem apita o jogo

Nessa limpeza toda de dinheiro até agora apontado como sujo, quem separaria o “culturalmente aceito” do que a nós parece pura roubalheira?

A ideia é entregar essa delicada operação ao Supremo. Os ministros teriam algum tempo para estudar direitinho o caso, já que o novo entendimento começaria a vigorar, dando tudo certo, no julgamento dos casos do Petrolão. Imagine o caro leitor se o Supremo condenar um figurão. Ficaria aberto o caminho para livrar réus de menor calibre.

No nosso, não

O presidente nacional do PT, Rui Falcão, nem pensa em resolver juridicamente a situação de seus companheiros de partido. Quer resolvê-la do jeito que der, sem se preocupar em articular uma solução com as demais legendas. 
Ele propõe separar antigos companheiros, como José Dirceu e Antônio Palocci, que eram chamados de Guerreiros do Povo Brasileiro mas foram abandonados na prisão, sem sequer receber visitas, sem merecer sequer uma menção nos discursos petistas, e eventualmente expulsá-los do partido. Outros Guerreiros do Povo Brasileiro seriam defendidos pelo PT.

Traduzindo, o partido abandonaria os companheiros mais difíceis de defender, defenderiam os envolvidos em casos menos escandalosos e mobilizariam o partido numa cruzada quando chegasse sua vez no tribunal.

Cuidado essencial


Importante: é preciso tomar todos os cuidados possíveis antes de levar petistas de alta patente ao banco dos réus. O banco pode quebrar por excesso de fundos.

Operação Tetas Secas


Em 2013, condenados ao pagamento de multas, José Genoíno arrecadou R$ 700 mil numa vaquinha, e Delúbio Soares, em outra, R$ 1 milhão. 
Em 2014, José Dirceu levantou mais de R$ 900.000,00. Dilma, proibida de usar o Airbus oficial, e sentindo-se mal diante da possibilidade de voar em avião de carreira, obteve quase R$ 800 mil. A meta da vaquinha de Lula para financiar sua defesa era de R$ 500 mil. Chegou a R$ 270 mil.

Faturar menos que Dilma… que demonstração de força ao contrário! E Rui Falcão quer lançar imediatamente a candidatura de Lula à Presidência.

A falta que ela nos faz

Violeta Jafet, alma e coração do Hospital Sírio-Libanês, um dos melhores do país, morreu na segunda-feira, aos 108 anos. Por 50 anos dirigiu o dia a dia do hospital; quando já não tinha condições de caminhar pelas imensas instalações do Sírio-Libanês, ia de cadeira de rodas, sempre impecavelmente vestida, cuidando de tudo. Filha de Adma Jafet, primeira presidente da Sociedade de Mulheres que ergueu e comanda o Sírio-Libanês, Violeta tinha o dom da palavra. Após um discurso seu, o presidente Fernando Henrique beijou-lhe as mãos e disse que pediria a Deus que lhe concedesse chegar à idade dela com a lucidez que demonstrava. Violeta Basílio Jafet. Ela fará falta, a nós, à cidade, ao país.

Falou e disse

O vereador Fernando Holiday, do DEM paulistano, militante do MBL, Movimento Brasil Livre, já mostrou a que veio: diante da atitude dos vereadores paulistanos de aumentar seus salários em 20%, classificou-a de “desrespeito” e “canalhice das velhas raposas da Câmara”.

Holiday é de briga. Não está na Câmara para aumentar seus salários.

30 de dezembro de 2016
Carlos Brickmann é jornalista e consultor de comunicação. Diretor da Brickmann & Associados, foi colunista, editor-chefe e editor responsável da Folha da Tarde; diretor de telejornalismo da Rede Bandeirantes; repórter especial, editor de Economia, editor de Internacional da Folha de S. Paulo; secretário de Redação e editor da Revista Visão; repórter especial, editor de Internacional, de Política e de Nacional do Jornal da Tarde.

Nenhum comentário:

Postar um comentário