"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quinta-feira, 3 de novembro de 2016

DESILUDIDOS COM OS CANDIDATOS, OS AMERICANOS NÃO VEEM A HORA DE A ELEIÇÃO ACABAR


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Os dois são criticados por 63% dos eleitores
“Louco”, “estúpido”, “ridículo” foram algumas das palavras usadas por taxistas e moradores de Washington, capital dos Estados Unidos, para descrever o candidato republicano Donald Trump. Nos últimos dias da corrida eleitoral para a Presidência do país, o clima entre os norte-americanos é de cansaço, muitos não veem a hora de a eleição chegar ao fim. Foram quase dois anos de campanha, em uma disputa que envolveu denúncias, escândalos, polêmicas e sensacionalismo.
É um momento histórico pela importância para o mundo da escolha do presidente dos EUA, mas este ano tem sido especialmente inédito pela presença de um candidato excêntrico – fator chamado de “fenômeno Trump” –, um empresário que gosta de “dar trabalho” a sua equipe de campanha, falando opiniões absurdas em megafones ou postando-as no Twitter às 3h, como contam os jornalistas locais. “Não temos como tomar o celular de um homem adulto”, teria dito uma das assessoras.
PEDINDO DESCULPAS – A primeira coisa que cada morador da cidade cenário do famoso seriado “House of Cards” fala quando encontra um estrangeiro – no caso, nós, jornalistas brasileiros convidados para a cobertura das eleições – é: “Me desculpem por essa situação (o nível dos candidatos)”, ou “não fazemos ideia do que está para acontecer”.
Diante de escândalos consecutivos, “as pesquisas eleitorais divulgadas em uma semana já estão velhas na seguinte”, disse um dos diretores da Pew Research Center, um dos maiores institutos de pesquisas de Washington. Uma semana antes da votação, muitos eleitores ainda não sabem quem escolher.
Neste ano, mais pessoas devem comparecer às urnas, não porque gostam dos candidatos dos partidos Republicano e Democrata (os dois principais entre os seis na corrida), mas porque os odeiam. Aproximadamente 30% dos cidadãos responderam ao Pew Research que votam em Hillary Clinton “porque ela não é o Trump”. Conforme o instituto, 63% das pessoas não estão satisfeitas com os candidatos.
MUITOS JÁ VOTARAM – A votação será no dia 8, mas cerca de 22 milhões dos 245 milhões potenciais eleitores já votaram – isso é permitido aqui, e o voto não é obrigatório. Essa é só uma das diferenças entre o sistema eleitoral dos EUA e do Brasil – as quais demandam algum tempo para entender, inclusive muitos norte-americanos nem conseguem explicar.
Mas na política há muitas semelhanças, sendo a principal delas a polarização. Os democratas, que estariam à esquerda, representados pela cor azul, são criticados por não estarem atendendo suficientemente os anseios de seus apoiadores. A direita, dos republicanos, de cor vermelha, é tradicionalmente mais conservadora, religiosa e estreita à Constituição, características que faltam a Trump, resultando numa divisão dentro do partido.
Há uma certeza entre os jornalistas norte-americanos e envolvidos com a política: as polêmicas não se encerrarão com o fim da campanha de 2016, pois quem ganhar terá que se entender com os adversários, e o perdedor provavelmente buscará o impeachment. Os brasileiros conhecem bem esse roteiro.
EMPATE TÉCNICO – A diferença entre os candidatos diminuiu. Uma pesquisa da ABC News/Washington Post divulgada no domingo mostra Hillary com 46%, contra 45% das intenções a Trump.
Na reta final, investigadores da Polícia Federal conseguiram um mandado para examinar os e-mails recém-descobertos relacionados ao servidor privado de Hillary Clinton, o que pode abalar a campanha. Líderes democratas reagiram com fortes declarações contra o diretor do FBI, acusando-o de supostamente tentar influenciar a eleição presidencial.
O mandado autoriza o FBI a ver se as correspondências são relevantes para a investigação sobre o servidor privado de e-mails usado para trabalhos governamentais por Hillary, quando era secretária de Estado de 2009 a 2013.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Como se vê, o baixo nível político é fenômeno universal. E o empate técnico torna eletrizante o final da eleição entre dois candidatos patéticos. (C.N.)

03 de outubro de 2016
Joana Suarez
O Tempo

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