"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quarta-feira, 28 de setembro de 2016

EM MENOS DE 10 ANOS, PALOCCI MOVIMENTOU R$ 216 MILHÕES EM SUAS CONTAS


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Charge do Amarildo (amarildo.charge.worldpress.com)
Em qualquer país minimamente sério, o ex-ministro Antonio Palocci há tempos já teria sido algemado e estaria atrás das grades, cumprindo prisão perpétua em funções dos graves crimes cometidos, que já eram públicos e notórios. Na verdade, na denúncia que o levou à prisão, não há maiores novidades em relação à sua vida pregressa . As recentes revelações da Lava Jato, como diria Roberto Carlos, são apenas detalhes, porque em 2015 já havia provas cabais de que o sanitarista que virou ministro da Fazenda de Lula e chefe da Casa Civil de Dilma não passa de um criminoso do colarinho branco, que fica encardido com facilidade, porque ele sempre faz serviço sujo.
CONSULTORIA – Em outubro do ano ano passado, reportagem explosiva na revista Época, redigida pelo excelente jornalista Thiago Bronzatto, revelou que um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), órgão subordinado ao Ministério da Fazenda, já apontava que em menos de dez anos o ex-ministro movimentara nas contas da  “consultoria” Projeto a mísera quantia de R$ 216,2 milhões, entre 2006 e março de 2015.
Mas como alguém pode fazer operações financeiras de tal monta, sem procedência lícita, e sair impune? O tráfico de influência foi liberado? Como isso pode acontecer? Que país é esse, Francelino Pereira? E o compositor Renato Russo, o que diria?
LEI IMPOSITIVA – A Lei 9.613, que criou o Coaf em 1998, aprovada pelo Congresso Nacional, é bastante impositiva. Em seu artigo 15,  determina que o Coaf “comunicará às autoridades competentes para a instauração dos procedimentos cabíveis, quando concluir pela existência de crimes previstos nesta Lei, de fundados indícios de sua prática, ou de qualquer outro ilícito”.
Na ocasião, não foi divulgado que Palocci tenha sido motivo de qualquer investigação, nada, nada. Mas a notícia vazou na revista Época, chegou ao Congresso Nacional e à oposição ao governo Dilma (PSDB, DEM e PPS), que imediatamente convocou o festejado “consultor” para comparecer à CPI do BNDES, mas o ex-ministro foi blindado pela base aliada, com PT e PMDB à frente.
Por óbvio, o relatório da Coaf não passou despercebido à força-tarefa da Lava Jato, que trabalha em conjunto com a Receita Federal. E o resultado aí está, com a prisão de Antonio Palocci. As provas são abundantes. Para se ter uma ideia, no período de 20 de junho de 2011 a abril de 2015, a “consultoria” do ex-ministro da Fazenda  registrou entrada de R$ 52,8 milhões em seu caixa.
“COMPRA E VENDA” – Embora não tivesse sido o maior cliente da consultora Projeto, o grupo automotivo Caoa se relacionava com Palocci para “comprar” medidas provisórias e portarias dos governos Lula e Dilma, em esquemas de corrupção levantados pela Polícia Federal nas operações Zelotes e Acrônimo. O empresário Carlos Alberto de Oliveira Andrade, conhecido como Doutor Caoa (acrônimo de sua empresa), é parceiro antigo de Palocci.
E o maior cliente da “consultoria”, a Odebrecht, contou com atuação forte de Palocci no esquema de corrupção do BNDES, durante a tenebrosa gestão do petista Luciano Coutinho, que também não tarda a ter sua prisão decretada. Somente para Angola, Coutinho mandou liberar mais de US$ 3 bilhões em benefício da Odebrecht, conforme a força-tarefa revelou na entrevista desta segunda-feira.
VEM MAIS POR AÍ – As acusações são múltiplas e estarrecedoras. Uma delas se refere à atuação de Palocci como operador do esquema de corrupção da empresa Sete Brasil, na qual a Petrobras tem participação societária. A Sete Brasil ficou responsável pela construção dos navios sondas para exploração do pré-sal. Na trama, Marcelo Odebrecht e Palocci trocavam informações extraoficiais para se atualizarem sobre o andamento das operações da Sete Brasil e da exploração petroleira. Palocci atualizava o empresário via Branislav Kaontic. Dessa forma, a Odebrecht soube de convite para licitação do pré-sal antes da oficialização.
Como prevê o ministro-relator Teori Zavascki, o pior ainda está para vir, desta vez envolvendo outros personagens importantíssimos, como Lula da Silva, Erenice Guerra e Fernando Pimentel. Vai ser um verdadeiro festival. Podem esperar.

28 de setembro de 2016
Carlos Newton

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