Serra ajudou muito Temer na derrubada de Dilma, mas… |
Ao lançar a candidatura de Michel Temer à sucessão presidencial de 2018 – reportagem de Luiz Maklouf Carvalho, manchete principal da edição de domingo de O Estado de São Paulo – o deputado Rodrigo Maia não só detonou o início da campanha eleitoral, como também contribuiu para explodir a aliança PMDB-PSDB, isolando o ministro José Serra.
Na política, os imprevistos estão sempre na estrada, a exemplo da iniciativa do presidente da Câmara Federal, que, sem dúvida tornou-se uma figura emergente no universo das articulações políticas.
O incidente não deverá ter influência alguma no processo de impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff, uma vez que a atmosfera predominante sinaliza para a impossibilidade de seu retorno ao Palácio do Planalto.
Não será por esse episódio que o PSDB recuará de sua posição original de apoio ao governo Michel Temer, mesmo porque participa diretamente da administração com José Serra nas Relações Exteriores, Maria Sílvia Bastos na Presidência do BNDES, uma escolha bastante positiva, e Elena Landau na diretoria da Eletrobrás, para ficarmos só nestes exemplos.
PSDB DIVIDIDO – O que o lançamento antecipado de Michel Temer vai provocar será sem dúvida uma onda de reação interna no PSDB, dividido entre três correntes representadas por três candidatos às urnas de daqui a dois anos. José Serra, Geraldo Alckmin e Aécio Neves. Dos três, o mais atingido pela arrancada de Rodrigo Maia, sem dúvida alguma, é José Serra. Sobretudo porque foi o primeiro Tucano a articular e anunciar o apoio da legenda ao mandato de Michel Temer, até mesmo antes do afastamento de Dilma Rousseff. Na ocasião, ao destacar a importância do desfecho que se aproxima, Serra anunciou que o apoio do PSDB deveria incluir o compromisso de Temer de não vir a ser candidato a sua própria sucessão.
Mas os cenários políticos mudam e não há dúvida, que Rodrigo Maia tem razão quando afirma que o panorama partidário apresenta poucas alternativas quanto a viabilidade de candidaturas esboçadas.
LULA DE FORA – Rodrigo Maia chega a prever um embate entre Michel Temer e Lula, porém neste ponto não leva sequer em consideração que provavelmente Luiz Inácio da Silva estará fora de cogitações, tanto pelos processos que o atingem na Justiça quanto pela próxima situação de exilado político sobre a qual escrevi neste site nas edições de sábado e domingo.
Verificando-se bem as circunstâncias sobre as quais o presidente da Câmara desenvolve seu pensamento, deduz-se que considera inevitável uma cisão entre as correntes do PSDB em função do pleito sucessório. Esta divisão seria fatal ao partido do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, pois dividiria a legenda na campanha eleitoral. Antes disso, porém, faria desabar a aliança PMDB-PSDB, não no momento atual, mas em futuro próximo.
REELEIÇÃO DE TEMER – Dividido o PSDB, a lente de Maia funciona para destacar a solução do impasse em torno da candidatura do atual presidente da República. Isso porque o Partido dos Trabalhadores está fora de cogitações. Perdeu seu embalo, sua estrutura sua motivação e tampouco entusiasma seu eleitorado, que dia a dia diminui nas ruas do país.
Ontem mesmo as manifestações populares em diversos estados, entre eles Brasília e Rio de Janeiro funcionaram mais uma vez para acentuar o desgaste do PT e a indignação coletiva pelos atos de corrupção que intoxicaram o Brasil na última década.
Não se trata do número de manifestantes, em Copacabana ou em outros bairros que se espalham pelo território nacional. Trata-se do entusiasmo verificado, muito intenso, impulsionado pela rejeição à roubalheira que o PT, por ação e omissão, patrocinou.
RETRAIMENTO – São tantos os petistas que se encontram presos, criando um cenário de retraimento dos próprios adeptos do Partido dos Trabalhadores, assim em enorme número de casos petistas de ontem transformaram-se nos ex-petistas de hoje.
A pesquisa realizada pelo Ibope para as eleições de prefeito de São Paulo apresentam um desabamento de Fernando Haddad e um crescimento fraco de Marta Suplicy, o que revela que ela não conseguiu levar consigo agora votos que obteve no passado. Deu 10%, enquanto Haddad ficou 3 pontos atrás dela, apesar de se encontrar à frente da Prefeitura. Mas esta é outra questão.
Retornando ao ponto inicial da matéria, não há como negar o impacto da entrevista de Rodrigo Maia a Luiz Makluf Carvalho. A reportagem vai produzir reflexos intensos no panorama de Brasília. Dilma não volta, mas o PSDB, atingido, não avança. PMDB permanece no Planalto.
01 de agosto de 2016
Pedro do Coutto
O incidente não deverá ter influência alguma no processo de impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff, uma vez que a atmosfera predominante sinaliza para a impossibilidade de seu retorno ao Palácio do Planalto.
Não será por esse episódio que o PSDB recuará de sua posição original de apoio ao governo Michel Temer, mesmo porque participa diretamente da administração com José Serra nas Relações Exteriores, Maria Sílvia Bastos na Presidência do BNDES, uma escolha bastante positiva, e Elena Landau na diretoria da Eletrobrás, para ficarmos só nestes exemplos.
PSDB DIVIDIDO – O que o lançamento antecipado de Michel Temer vai provocar será sem dúvida uma onda de reação interna no PSDB, dividido entre três correntes representadas por três candidatos às urnas de daqui a dois anos. José Serra, Geraldo Alckmin e Aécio Neves. Dos três, o mais atingido pela arrancada de Rodrigo Maia, sem dúvida alguma, é José Serra. Sobretudo porque foi o primeiro Tucano a articular e anunciar o apoio da legenda ao mandato de Michel Temer, até mesmo antes do afastamento de Dilma Rousseff. Na ocasião, ao destacar a importância do desfecho que se aproxima, Serra anunciou que o apoio do PSDB deveria incluir o compromisso de Temer de não vir a ser candidato a sua própria sucessão.
Mas os cenários políticos mudam e não há dúvida, que Rodrigo Maia tem razão quando afirma que o panorama partidário apresenta poucas alternativas quanto a viabilidade de candidaturas esboçadas.
LULA DE FORA – Rodrigo Maia chega a prever um embate entre Michel Temer e Lula, porém neste ponto não leva sequer em consideração que provavelmente Luiz Inácio da Silva estará fora de cogitações, tanto pelos processos que o atingem na Justiça quanto pela próxima situação de exilado político sobre a qual escrevi neste site nas edições de sábado e domingo.
Verificando-se bem as circunstâncias sobre as quais o presidente da Câmara desenvolve seu pensamento, deduz-se que considera inevitável uma cisão entre as correntes do PSDB em função do pleito sucessório. Esta divisão seria fatal ao partido do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, pois dividiria a legenda na campanha eleitoral. Antes disso, porém, faria desabar a aliança PMDB-PSDB, não no momento atual, mas em futuro próximo.
REELEIÇÃO DE TEMER – Dividido o PSDB, a lente de Maia funciona para destacar a solução do impasse em torno da candidatura do atual presidente da República. Isso porque o Partido dos Trabalhadores está fora de cogitações. Perdeu seu embalo, sua estrutura sua motivação e tampouco entusiasma seu eleitorado, que dia a dia diminui nas ruas do país.
Ontem mesmo as manifestações populares em diversos estados, entre eles Brasília e Rio de Janeiro funcionaram mais uma vez para acentuar o desgaste do PT e a indignação coletiva pelos atos de corrupção que intoxicaram o Brasil na última década.
Não se trata do número de manifestantes, em Copacabana ou em outros bairros que se espalham pelo território nacional. Trata-se do entusiasmo verificado, muito intenso, impulsionado pela rejeição à roubalheira que o PT, por ação e omissão, patrocinou.
RETRAIMENTO – São tantos os petistas que se encontram presos, criando um cenário de retraimento dos próprios adeptos do Partido dos Trabalhadores, assim em enorme número de casos petistas de ontem transformaram-se nos ex-petistas de hoje.
A pesquisa realizada pelo Ibope para as eleições de prefeito de São Paulo apresentam um desabamento de Fernando Haddad e um crescimento fraco de Marta Suplicy, o que revela que ela não conseguiu levar consigo agora votos que obteve no passado. Deu 10%, enquanto Haddad ficou 3 pontos atrás dela, apesar de se encontrar à frente da Prefeitura. Mas esta é outra questão.
Retornando ao ponto inicial da matéria, não há como negar o impacto da entrevista de Rodrigo Maia a Luiz Makluf Carvalho. A reportagem vai produzir reflexos intensos no panorama de Brasília. Dilma não volta, mas o PSDB, atingido, não avança. PMDB permanece no Planalto.
01 de agosto de 2016
Pedro do Coutto
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