"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

segunda-feira, 20 de junho de 2016

NEPOTISMO: HENRIQUE ALVES NOMEOU OS DOIS FILHOS PARA CARGOS NA CÂMARA DOS DEPUTADOS

O EX-MINISTRO NÃO VIROU AS COSTAS À FAMÍLIA QUANDO ERA DEPUTADO



ALVES FOI DEPUTADO FEDERAL POR 11 MANDATOS CONSECUTIVOS PELO RIO GRANDE DO NORTE E PRESIDENTE DA CÂMARA DOS DEPUTADOS DE 2013 A 2015. (FOTO: PEDRO FRANÇA/AGÊNCIA SENADO)


O ex-ministro do Turismo Henrique Eduardo Alves, demitido na sexta-feira (17) após ter seu nome citado por Sérgio Machado por recebimento de propina, nomeou, em 2005, quando era deputado federal pelo PMDB, o próprio filho para exercer o cargo de secretário parlamentar. 



Eduardo José de Azambuja Alves, no entanto, dificilmente comparecia ao trabalho, mas mesmo assim recebia salário de R$ 3.005,39.

As informações estão no boletim administrativo da Câmara dos Deputados daquele ano e na tabela de remuneração de servidores, os quais a reportagem do Diário do Poder pesquisou. Alves estava em seu 10º mandato como deputado e não virou as costas para a família.




A filha de Alves, Andressa de Azambuja Alves, também foi nomeada para trabalhar na Casa. Em agosto de 2006, o deputado empregou a filha por R$ 1.952,12 mensais. Registrada na diretoria-geral, Andressa foi cedida para dar expediente na liderança do PMDB, justamente onde o pai atuava.

O filho Eduardo foi exonerado em 7 de agosto de 2006 para se dedicar à empresa de produção de eventos que criaria em Brasília, mas a filha de Alves foi alçada ao Senado, nomeada, em 2007, pelo amigo da família Renan Calheiros (PMDB-AL).

Em 25 de junho daquele ano Andressa foi nomeada pelo próprio Renan para o cargo de comissão de “especialista em editoria de portal de internet”, da Secretaria Especial do Interlegis. Em 26 de março de 2008, Agaciel da Silva Maia, diretor-geral do Senado, designou Andressa como membro da Subcomissão Técnica Especial.


Em novembro de 2008 o Ministério Público Federal no Distrito Federal (MPF-DF) denunciou a contratação de funcionários comissionados para o Interlegis, sistema de inclusão digital do Legislativo executado pelo Senado em parceria com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Andressa confirmou em depoimento o desvio de sua função em favor de Efraim Morais (DEM-PB).

Um trecho do depoimento mostra que Andressa assumiu o cargo em comissão temporário pela Secretaria Especial de Informática – Interlegis/Senado e julho de 2007, mas que nunca exerceu qualquer função naquela secretaria do Interlegis. 
Desde que assumiu estava prestando serviços na Primeira Secretaria do Senado Federal, requisitada pelo seu titular, senador Efraim Morais.

A filha de Henrique Eduardo Alves foi exonerada em 3 de setembro de 2009, como consta no boletim administrativo.

Laços de família

AUTORIDADES NO CASAMENTO DE ANDRESSA

Um ano após sair da Câmara, Andressa manteve fortes laços congressistas. A festa de casamento da moça com Bruno Steinmann reuniu 400 pessoas, em sua maioria deputados federais, senadores e até o então vice-presidente, Michel Temer, e a mulher, Marcela Temer.

A festança também recebeu a governadora eleita do Rio Grande do Norte, Rosalba Carlini Rosado, com o marido, Carlos Augusto Rosado; o vice eleito do RN, Robson Faria; o senador potiguar Garibaldi Alves, primo do pai da noiva, com Denise; os deputados federais cariocas reeleitos Miro Teixeira e Hugo Leal; o vice-presidente do PMDB no Rio, Wellington Moreira Franco; e Geddel Vieira Lima, candidato derrotado ao governo da Bahia, hoje ministro da Secretaria de Governo.


Empurrãozinho

Mesmo fora da Câmara há dez anos, o filho de Henrique Alves contou novamente com uma ajudinha paterna. 
Em 3 de fevereiro do ano passado, entre um compromisso e outro, o então presidente da Câmara dos Deputados reuniu-se com o governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg (PSB).

O motivo do encontro foi apresentar o filho Eduardo José de Azambuja Alves, que é produtor cultural e faz parte de um grupo de jovens de Brasília interessado em mudanças na Lei de Incentivo à Cultura.

Nepotismo

Em 2008, o Supremo Tribunal Federal (STF) aprovou a Súmula Vinculante 13 para combater o nepotismo no serviço público brasileiro, após serem reveladas as contratações de mais de 300 parentes por parte dos parlamentares na Câmara. Está em vigor até hoje.

Procurado, o ex-ministro Henrique Eduardo Alves disse que os dois filhos citados foram exonerados da Câmara dos Deputados no últimos semestre de 2006. "Antes, portanto, da Súmula 13". 
Para o ex-deputado, "não houve qualquer ilegalidade nas nomeações".


20 de junho de 2016
Elijonas Maia
diário do poder

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