"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

domingo, 19 de junho de 2016

CUNHA CONVOCA REUNIÃO DOS LÍDERES QUE O APOIAM E PODE RENUNCIAR SEGUNDA-FEIRA

No momento em que a situação jurídica e política do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) se agrava e caminha para um desfecho que indica a perda do mandato, o presidente afastado da Câmara convocou líderes e aliados para uma reunião segunda-feira e deve fazer um pronunciamento no dia seguinte, terça-feira, em um hotel de Brasília. Depois da aprovação da cassação no Conselho de Ética, Cunha quer discutir com aliados “uma saída”. Os integrantes de sua base vão aproveitar a reunião para reforçar a sugestão de que ele renuncie ao cargo para sair do fogo cerrado e cuidar de sua defesa.

Já foram convocados para o encontro líderes do Centrão — Aguinaldo Ribeiro (PP), Rogério Rosso (PSD) e Jovair Arantes (PTB) — e fiéis escudeiros de Cunha, como Carlos Marun (PMDB-MS) e Paulinho da Força (SD-SP). Cunha tem negado, até agora, que esteja pensando em fazer delação premiada no âmbito da Lava-jato, o que apavora a cúpula do PMDB e do governo Michel Temer.

— Vou voltar a dar coletiva normal — confirmou Cunha.

MARUN DEFENDE – Um dos mais próximos aliados de Cunha, o deputado Carlos Marun (PMDB-MS) disse que vai aproveitar a reunião de segunda-feira para voltar a defender, pela terceira vez, que ele renuncie para cuidar da defesa nos inquéritos da Operação Lava-Jato e no processo de cassação em plenário.

— O deputado Eduardo Cunha me ligou e perguntou se eu estaria aqui segunda-feira. Já sugeri a renúncia em duas oportunidades anteriores e vou aproveitar a reunião para falar de novo. A permanência do Eduardo a frente da presidência da Câmara, mesmo afastado, atrapalha o seu processo, tanto para ele quanto para o andamento da Casa. Entendo que o melhor que ele e a presidente Dilma poderiam fazer era renunciar e ir cuidar de suas defesas. Não digo nem que tenha anéis para entregar nesse momento. O principal da vida é sua defesa — disse o deputado Marun.

NOVO PRESIDENTE – Na pauta do encontro, além de sua situação, também estão as articulações para discutir quem pode ser o novo presidente da Câmara. A reunião acontecerá na residência oficial do presidente da Casa.

— Ele disse que quer discutir uma saída sobre o processo de cassação dele e falar da sucessão — disse um deputado aliado.

E Cunha não quis adiantar o que será decidido.

— Eu sempre converso com deputados — disse ele, negando que seja uma reunião formal.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Cunha caminha para o fim, mas ainda tenta demonstrar que influi na Câmara, o que realmente é verdadeiro. Está apenas repetindo o Canto do Cisne, de Schubert, sem trilha sonora. (C.N.)

19 de junho de 2016
Maria Lima e Letícia Fernandes
O Globo

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