"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

domingo, 19 de junho de 2016

O FANTASMA DE MARX




Em uma pesquisa de opinião feita em 2008 pelaRasmussen Reports apenas 53% dos americanos disseram preferir o capitalismo ao socialismo, com outros 27% indecisos 20% optando firmemente pelo socialismo. Uma das casas noturnas no East Village de New York é o KGB Bar, que fica lotado de escritores marxistas que fazem leituras de suas obras literárias enaltecendo a idéia de redistribuição da riqueza americana. Ironicamente, o atual Pravda russo faz troça: “É preciso dizer que, como o rompimento de uma barragem, a descida americana rumo ao marxismo está acontecendo com velocidade empolgante, contra o pano de fundo de ovelhas passivas, infelizes, Isto é – perdoe-me o leitor – “o povo”. 

Por que os EUA, que construíram a economia de mercado de maior sucesso na História estão agora brincando com o marxismo? A História certamente oferecerá uma resposta definitiva a essa pergunta. Entrementes deve-se levar em consideração a explicação oferecida pelo filósofo francês Jacques Derrida, que dizia ter rompido com o marxismo, mas confessava que ainda ficava cheio de emoção sempre que  ouvia “A Internacional”.

Pouco antes de morrer, Derrida recordou a seus amigos que o primeiro substantivo constante do Manifesto Comunista é ”espectro” – “Um espectro ronda a Europa. O espectro do comunismo” -. De acordo com Derrida, Marx começa o Manifesto com “espectro” porque um “espectro” nunca morre.
Derrida percebeu algo.

“Se há uma coisa da qual estou certo, é que nenhum homem de pensamento pode imaginar que o resultado final da Grande Guerra possa ser outra coisa que não um desastre para a humanidade em larga escala”, declarou Alfred Mosley, um dos mais celebrados economistas da Europa, em 1915. Ele foi profético. A Grande Guerra trouxe o espectro de Marx à vida sob a forma de União Soviética. O espectro de Marx continua a voltar a vida após cada longa guerra em qualquer parte do mundo.

O império soviético, que levou a Europa Oriental a um sombrio feudalismo, foi criado pouco depois da II Guerra Mundial. A Romênia, por exemplo, se encontra nesse caso; quatro anos de guerra ao lado da Alemanha, espremeram a Romênia como uma esponja, e o que sobrou foi, por vingança, roubado pelo “libertador” Exército Vermelho, o qual devastou a terra pior que uma praga de gafanhotos. Muitos jovens intelectuais romenos, que haviam crescido sob a influência do fervor patriótico do pós guerra, estavam dispostos a tentar qualquer coisa, incluindo o marxismo, para reconstruir sua terra natal.

Em 1941 os jovens eleitores ingleses cansados de guerra e ignorantes em matéria de história mundial, de igual modo voltaram-se para o espectro de Marx em busca de ajuda. Dois meses após o fim da II Guerra Mundial botaram para fora do cargo o lendário Winston Churchil – que tinha sido determinante para o fim da guerra – e colocaram em seu lugar Clement Attlee, um líder marxista disfarçado advindo do Partido Trabalhista. Attlee iniciou seu reinado estatizando o sistema de saúde. Com seu apetite por socialismo mais aguçado, Attlee prosseguiu com a estatização dos sistemas financeiro, automobilístico e energético, de empresas de comunicação, aviação civil, eletricidade e aço industrial.

A economia inglesa entrou em colapso e o poderoso Império Britânico virou história, dando uma vigorosa – mas evidentemente ignorada – advertência a todos que posteriormente pudessem ser tentados a olhar o espectro de Marx como um salvador. Mesmo as mais famosas marcas britânicas, como Jaguar e Rolls Royce, tiveram de ser salvas do esquecimento por empresas de automóveis estrangeiras.

Em 1950, os eleitores se arrependeram e trouxeram Churchil de volta à Downing Street, mas a Grã-Bretanha precisou de 18 anos de governos conservadores para reparar a catástrofe gerada pelo governo de Attlee em meros seis anos. Ao longo do processo de recuperação, o Partido Trabalhista teve sorte em conseguir líderes não-marxistas, como Tony Blair, que colocaram o partido em ordem.

Pesquisadores do Instituto Max Planck para Pesquisas do Cérebro, em Leipzig, descobriram recentemente um fator genético, o Mutação A1, que supostamente afeta a habilidade de aprender com erros do passado. Se for verdade, então talvez muitos povos da América do Sul portem a Mutação A1. Eles levaram ao Poder vários Partidos dos Trabalhadores à La Attlee, na Venezuela, Nicarágua, Honduras e Argentina, colocando esses países sob tutela marxista. Navios e bombardeiros russos estão de volta a Cuba – e na Venezuela – pela primeira vez desde a Crise dos Mísseis Cubanos. O Brasil, a décima maior economia do mundo, até empossou como presidente da República uma ex-guerrilheira marxista, Dilma Rousseff.

Depois de 45 anos de Guerra Fria, e mais alguns anos de guerra no Iraque e no Afeganistão, milhões de jovens americanos, desconhecedores da História ou incapazes de aprender com ela, passaram a acreditar que o capitalismo é o seu verdadeiro inimigo, e que este deve ser substituído pelo socialismo. Encontram luar para seus anseios no Partido Democrata, cuja tema de campanha nas eleições primárias de 2008 foi a promessa de redistribuir a riqueza da América.

Mas os EUA passaram tempo demais combatendo o marxismo, e seus empresários livres e independentes jamais irão sucumbir a essa heresia. Seja como for, o Manifesto Comunista, de Marx, sobreviveu o suficiente, e os marxistas que sobraram parecem ainda estar ansiando que sua fantasia finalmente venha a ser um passado que se cumpriu: a erradicação do capitalismo.
_______________________
              
O texto acima é o resumo de um dos capítulos do livro “Desinformação”, escrito pelo Tenente-General Ion Mihai Pacepa – foi chefe do Serviço de Espionagem do regime comunista da Romênia. Desertou para os EUA em julho de 1978, onde passou a escrever seus livros, narrando importantes atividades do órgão por ele chefiado, e que influenciaram diretamente alguns momentos históricos do Século XX -, e pelo professor Ronald J. Rychlak - advogado, jurista, professor de Direito Constitucional na Universidade de Mississipi, consultor permanente da Santa Sé na ONU, e autor de diversos livros -. “Desinformação” foi editado no Brasil em novembro de 2015 pela editora CEDET.

19 de junho de 2016
Carlos I. S. Azambuja é Historiador.

Nenhum comentário:

Postar um comentário