"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sexta-feira, 22 de abril de 2016

QUANTO CUSTA UM ENCONTRO COM ARAÚJO, EX-MARIDO DE DILMA?


Araújo abriu uma “consultoria” informal
Em janeiro deste ano, Época revelou como o empreiteiro José Antunes Sobrinho, da Engevix, articulou encontros com o advogado Carlos Franklin Paixão Araújo, ex-marido da presidente Dilma Rousseff, com o objetivo de solucionar problemas em sua empresa entre os anos de 2013 e 2014. Época conversara com dois intermediadores que confirmaram os arranjos para o contato com Araújo: o diretor da Desenvix e ex-vice-presidente da Engevix, Paulo Roberto Zuch, e um amigo de longa data do ex-casal, Nilton Belsarena. Ou Nilton ‘Negão’, para os mais íntimos.
A reportagem revelou ainda que, logo após os encontros, Zuch realizou uma transferência de R$ 200 mil para a Ribas & Ribas, empresa controlada Nilton Belsarena e sua esposa, Eunice Ribas. Um mês depois da transação financeira, Zuch recebeu o mesmo valor da Enerbio, fornecedora da Engevix.
À época, ambos negaram que o dinheiro havia sido uma espécie de bonificação pelos encontros promovidos pela dupla entre Antunes e Araújo. Mas a delação de Antunes, obtida com exclusividade por Época, e que está com os integrantes da Força Tarefa da Lava Jato, esclarece a origem e o destino dos valores.
AGENDA COM DILMA
“O objetivo era conseguir agenda com a presidente”, disse Zuch, ex-vice-presidente da Engevix. E em sua delação, Antunes revela ter, sim, repassado R$ 239 mil a Nilton, por meio de Zuch. Segundo o documento entregue aos procuradores, o empreiteiro diz que Araújo jamais cobrou valores diretamente do delator. Antunes também levantou uma dúvida: disse não saber se Nilton se utilizava de Araújo para enriquecer ou se trabalhava como um operador do ex-marido de Dilma.
Os encontros aconteceram, conforme revelou Época, em períodos em que a Engevix enfrentava dificuldades. Na primeira vez, em 2013, o assunto tratado eram os Aeroportos de Brasília e São Gonçalo do Amarante, concedidos a um consórcio liderado pela empreiteira, em parceria com a argentina Corporación América.
ACABOU A TENSÃO
Antunes confirmou, no documento, que recebeu recados do Palácio do Planalto que denotavam a insatisfação da presidente com as obras. Pensou que isso pudesse fazê-lo perder as concessões e recorreu a Araújo por ajuda. Ainda segundo o delator, os prazos para a entrega das obras terminaram sendo cumpridos e as tensões com o Planalto recuaram. Antunes assim descreve:
“Sendo que não houve mais recados do Palácio do Planalto, e o colaborador entende que esta confiança se deu pelo apoio e interferência de Carlos Araújo”.
Em outro encontro, ocorrido em 2014, Antunes pediu o auxílio de Araújo para destravar a liberação de uma tranche de R$ 62 milhões de um financiamento do Fundo da Marinha Mercante para sua empresa, por meio da Caixa Econômica Federal. Ao ouvi-lo, Araújo se mostrou sensibilizado, disse Antunes. “Dizia que iria tomar providências para ajudar”, afirmou o delator.
HOUVE PAGAMENTO
A mesma disposição de Araújo em ajudar a Engevix foi confirmada por Época em janeiro, com base em relatos de Zuch. Contudo, até o momento, não há sinais de resultado sobre o dinheiro. A liberação continua travada e Antunes não pode sequer voltar ao amigo Araújo, pois está preso em Curitiba.
Quando esteve em Brasília para ser ouvido na CPI dos Fundos de Pensão, em fevereiro, Antunes conversou brevemente com Época. O discurso, contudo, era diferente do que consta do termo de colaboração. O empreiteiro confirmou os encontros com Araújo, mas negou que tivesse pagado qualquer valor a Zuch ou Belsarena. Quando questionado sobre a razão de ter recorrido a Araújo, o empreiteiro não hesitou.
“Eu tinha um estaleiro quebrando e ele conhecia todo mundo. Políticos, sindicatos, além de ser ex-marido da presidente. Tinha muita gente sendo demitida e é lógico que eu ia fazer de tudo para impedir isso”, disse o empreiteiro.
22 de janeiro de 2016
Daniel Haidar, Ana Clara Costa E Diego EscosteguyÉpoca

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