O Ministério Público Federal (MPF) defendeu nesta sexta-feira, 5, a existência de um segundo inquérito já em curso nas investigações sobre suposto envolvimento de Cristina Mautoni e Mauro Marcondes, presos no âmbito da Operação Zelotes, que investiga esquema de compras de medidas provisórias que teria beneficiado o setor automotivo. O inquérito em questão também cita o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
De acordo com a defesa de Mautoni e Marcondes, que pediu o trancamento de um dos inquéritos, haveria dois inquéritos em curso com o mesmo objetivo de investigação. Na última quinta-feira, o delegado da Polícia Federal Marlon Cajado já havia defendido a existência do inquérito. Entre nomes de investigados citados por Cajado estava o do ex-presidente Lula e de Nelson Machado, ex-ministro da Previdêncial Social e secretário-executivo da Fazenda durante o governo Lula.
No entendimento no MPF, o segundo inquérito tem como função aprofundar as investigações iniciadas pelo primeiro, que trata da corrupção de agentes públicos durante a edição de medidas provisórias que teriam trazido benefícios fiscais a montadoras de veículos.
“Há proximidade, continuidade até, mas não repetição”, alegou o procurador Marcelo Ribeiro de Oliveira. De acordo com ele, a medida era necessária para garantir o prosseguimento das investigações. “Não há que se falar em duplicidade de investigações, uma vez que a instauração do presente inquérito deu-se de forma complementar e figurava como a única medida possível à continuidade das investigações.”
LOBISTA PRESA
Cristina Mautoni foi presa pela Polícia Federal no fim de janeiro, acusada de integrar esquema de compra de medidas provisórias no governo federal. Ela é esposa e sócia do lobista Mauro Marcondes Machado, também preso preventivamente em Brasília, por suspeita de operar o suposto pagamento de propinas a agentes públicos para viabilizar medidas provisórias. O caso foi revelado pelo Estadão em outubro.
Em ofício enviado à Justiça, o delegado Cajado afirmou que um inquérito em curso na Operação Zelotes apura Lula e outros políticos e agentes públicos estão envolvidos em suposto esquema de “venda” de medidas provisórias no governo federal.
O documento, antecipado pelo Estado, foi enviado na última terça-feira, 2, ao juiz Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª Vara Federal em Brasília. Conforme Cajado, a investigação é necessária para atestar se outros servidores públicos e autoridades, além dos já denunciados à Justiça, foram corrompidos para facilitar a edição das MPs ou se apenas foram vítimas de tráfico de influência praticado por lobistas interessados nas normas.
12 de fevereiro de 2016
Isabela Bonfim
Estadão
Estadão
Nenhum comentário:
Postar um comentário