Em 2015, a FAB (Força Aérea Brasileira) realizou 2.734 voos para transportar ministros de Estado e os presidentes da Câmara, do Senado e do STF (Supremo Tribunal Federal), segundo os dados oficiais. Março, mês em que a crise política se intensificou — com os primeiros panelaços, a rejeição recorde da presidente Dilma Rousseff, a demissão do então ministro Cid Gomes (Educação) e 210 mil pessoas na avenida Paulista a favor do impeachment —, foi recordista, com 324 voos.
Ano passado registrou uma queda no número de viagens feitas pela FAB —foi o menor desde 2012. O campeão da série histórica continua sendo 2014, quando Dilma se reelegeu à Presidência, usando o Aerolula para fazer campanha.
O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), viajou 144 vezes. Seu antecessor no cargo, o atual ministro Henrique Eduardo Alves (Turismo), passou 2014 com só 54 voos.
Uma das explicações da diferença é o programa Câmara Itinerante, criado por Cunha, pelo qual ele visitou assembleias nos Estados para divulgar seu trabalho. Em várias dessas visitas, acabou vaiado — em São Paulo, manifestantes petistas foram tirados do plenário à força.
EM SÃO PAULO
Presidente do Fundo Social de Solidariedade de SP, a primeira-dama, Lu Alckmin, utilizou as aeronaves do governo mais vezes do que todos os secretários de Geraldo Alckmin somados desde 2011. Até 2015, a mulher do governador teve helicópteros e jatos do Estado à disposição para 132 deslocamentos em que foi a passageira principal. Os auxiliares de Alckmin juntos foram passageiros principais em 76 ocasiões. Os dados dos 1.900 voos foram obtidos via Lei de Acesso à Informação.
Alckmin também autorizou 36 empréstimos de aeronaves para pessoas de fora da administração paulista. A lista vai do ex-premiê britânico Tony Blair aos senadores Aécio Neves (PSDB-MG) e Delcídio do Amaral (PT-MS).
O governo diz que Dona Lu “desenvolve amplo trabalho voluntário, com agenda transparente” e que empréstimos a terceiros atendem a “interesse público”.
O Estado justifica os voos em decreto que diz caber à Casa Militar operar “deslocamentos do governador e primeira-dama” em suas aeronaves, além de, excepcionalmente, secretários e agentes públicos a serviço.
10 de janeiro de 2015
Natuza NeryFolha
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