"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sábado, 14 de novembro de 2015

O MITO DO CONSERVADORISMO RUSSO


Após ter disseminado todo o tipo de valor subversivo ao redor do mundo [1], não deixando nem as estruturas do Vaticano livres de contaminação, a Rússia parece surgir como farol moral do mundo e último reduto do conservadorismo em uma era de ebulições revolucionárias. 

A estratégia do comunismo em se fazer parecer outra coisa completamente diferente para confundir o inimigo parece ter tanto sucesso que já existe conservador tecendo louvores a Vladimir Putin.

A ascensão do “conservadorismo” russo não poderia ocorrer sem a queda da imagem de um dos seus maiores rivais geopolíticos: os Estados Unidos. 
A URSS, que já dantes da Guerra Fria infiltrara agentes subversivos em espaços estratégicos da América, hoje colhe os frutos de um longo período de [im]plantação de corrupção moral do governo americano.

Se os EUA são uma nação cristã e temente a Deus, não é o que suas ações envolvendo governo civil e política externa demonstram. Poderão frutos bons saírem de uma árvore má?

Os russos estão vencendo a guerra contra os americanos sem disparar nenhum tiro, apenas ensinando-lhes como se render ao que de pior existe com a doutrina do politicamente correto. 
Internamente, os EUA hoje favorecem políticas que atacam a família, a religião cristã, promovem o aborto e o uso de drogas. 

Externamente, se metem em qualquer conflito ideológico para expandir sua atuação no globo. 

Foi assim que os EUA invadiram o Iraque sob o pretexto de depor um ditador assassino e acabaram colocando no comando um grupo terrorista responsável pelo genocídio de cristãos, yazidis e qualquer outro grupo étnico-religioso que não queira se render ao pacifismo do islã.



Que os EUA criaram o Estado Islâmico (EI) não é mais surpresa para ninguém, e até mesmo a direita americana está ciente disso [2]

A Operação Liberdade no Iraque treinou e forneceu armamento para milícias locais em nome do combate o terror, mas “combate ao terror”, àquela altura, era treinar grupos insurgentes que mais tarde lutariam para depor o regime de Muamar Kadafi (a maioria controladas pela Al-Qaeda, na Líbia) e de Bashar al-Assad (Al-Nusra, Síria), que o presidente George W. Bush havia definido como integrantes do “eixo do mal” [3]

A Frente Al-Nusra – braço da Al-Qaeda na Síria – estaria sob a supervisão direta dos EUA, enquanto que o ISIS, que veio de dentro da Al-Qaeda, saiu de controle.

A leniência dos EUA e dos países aliados em combater o EI de forma efetiva é devido ao fato de que o EI também é uma ameaça ao Governo sírio. 
Acabar com os rebeldes e com EI, o grupo anti-Assad com maior efetivo e poderio bélico na região, é diminuir as chances de uma deposição de Assad. 

O governo americano parece estar mais interessado em permitir a barbárie do EI, financiando grupos radicais com dinheiro do contribuinte, do que perder influência no Oriente-Médio.

A Rússia, que deu início às ações aéreas na Síria bombardeando em um único dia mais territórios rebeldes do que os EUA e aliados em meses, parece promover um verdadeiro turning point não apenas na região controlada pelo EI, mas na imagem que agora tenta sustentar perante a política internacional. 
Putin se aproveita do momento de fraqueza do governo americano para elevar sua imagem de bastião dos valores tradicionais.

Nossos conservadores, seduzidos pela defesa que o presidente russo vem fazendo do conservadorismo moral, já andam dizendo que Putin é o novo Comandante-em-chefe do Médio oriente, esquecendo-se das alianças de presidente russo com o aiatolá Ali Khamenei, líder supremo do Irã, que pretende varrer Israel do mapa [4], com a socialista China, que aumentou consideravelmente seu efetivo militar, e do envolvimento de Bashar al-Assad com o Hamas e o Hezbollah, grupos jihadistas também abertamente favoráveis a destruição do Estado israelense.

Após ter corrompido o Ocidente de tal forma que ficamos parecendo um cadáver em estado avançado de decomposição, a Antiga União Soviética personificada no “ex”-agente da KGB surge como único país do globo a condenar o mal que ela mesmo criou. 
Não precisamos lembrar que do mesmo modo agiu Lênin e Stálin, que condenando a miséria libertina dos EUA e o nazismo alemão, criaram um terror para o povo russo difícil de ser superado em número de cadáveres.

Com sorte o bloco de poder eurasiano não sairá desse conflito com a imagem e o prestígio de serem os novos defensores de um conservadorismo moral e cristão. 
São apenas lobos em peles de cordeiros.

14 de novembro de 2015
Escrito por Felipe Lomboni. Publicado inicialmente sob o título “Rússia: Pátria Conservadora?”.



Comentários
Faissal

E sobre a ótima relação entre Estados Unidos e Árabia Saudita? O que você tem a dizer? Árabia Saudita a mãe do terrorismo islâmicos e a principal financiadora de grupos terroristas sunitas e de mesquitas pelo mundo…O vídeo onde o conservador Ronald Reagan aparece sentado na Casa Branca com o Talibã depois da derrota soviética no Afeganistão nos anos 80. O financiamento de armas á Saddam Hussein na Guerra Irã- Iraque.

O que você tem a dizer sobre essas alianças dos EUA que depois de anos saiu tudo de controle?

Pelo modo que dirige estas perguntas, percebo que não se trata de um leitor do Portal Conservador. Usar as buscas do próprio site (canto superior da tela) às vezes faz bem.
Rafael

Estou honestamente pouco me importando para Israel e até hoje não entendo como tantos conservadores agem como cãezinhos perante os Judeus. Não sou anti-semita (embora saiba que olavetes já estão salivando para me chamar disso), mas essa submissão é patética. Israel já deu inúmeros exemplos de como também não se importa com cristãos e só usa isso nos EUA para continuar com o apoio da superpotência. E vocês aplaudem, acham lindo. Acham que somos irmãos sob Deus.
Em uma pesquisa recente sobre a opinião de cada grupo religioso a respeito do outro nos EUA, isso ficou claro: https://www.boston.com/news/nation/2014/07/16/evangelical-christians-love-jews-but-the-feeling-not-mutual/NUYnkEBJF7lFFgCdoigxdJ/story.html

Esse amor por Judeus e Israel é vergonhoso, mas não mais do que as desculpas esfarrapadas de “Israel é a única democracia do Oriente Médio”.
Yves Santos

bem Observado os Cristãos evangélicos gostam dos Judeus mas os Judeus não gostam dos cristãos
Edmundo Burke

Israel é um aliado essencial para o combate ao Islão, ao terrorismo e à Nova Ordem Mundial.

Só que certas pessoas leem sites anti-semitas, até nazistas, que dizem “hurr os judeus são bolcheviques” “durr Olavo neocon sionista” e acabam acreditando devido à própria fraqueza mental.

Lamentável.
Helena

Caro Felipe,

Ao ler mais sobre eurasianismo você entenderá que, sim, é de certo modo conservador. Por que digo isso? Então, ao ler mais sobre o assunto, pegando artigos da John Hopkins e Oxford, constatei que trata-se de uma forma de fascismo misturado com outros “ismos” já conhecidos, bastante estatista, atrelado à toda ” European New right” (à lá Frente Nacional) europeia e grupos anti-americanos em geral -comunistas intercionalistas e até anarquistas, tratando-se de uma ideologia oportunista, contrária à liberdade (economicamente e socialmente) e perigosa, muito perigosa. Sobretudo, por conta de suas características, por assim dizer, camaleônicas.

Enfim, não sei o que será do mundo nas próximas décadas mas tudo indica que caminhamos em direção à uma nova desordem mundial, donde ideologias comprovadamente falidas e degeneradas, mas com roupagens novas e discursos maquiados, tomarão conta do cenário político, da opinião pública e dos nossos centros acadêmicos.

Obs: Procure os referidos artigos no Google Acadêmico. Assim, você entenderá que o buraco é mais embaixo.

Forte abraço!

Diego Mendes

Muito antes de qualquer “infiltração soviética”, os EUA sempre foram degenerados.Um país que dividia pretos e brancos enquanto suas instituições religiosas colonizavam rincões mestiços mundo afora(vide a protestantização do Brasil) e massacrava cristãos na Ásia com a bênçãos da Maçonaria protestante(vide massacre filipino).O dia em que a Rússia de Putin matar 1 milhão de católicos (é, ninguém fala mesmo do massacre filipino…) em nome da “democracia” e do “anti-papismo”, eu vou me preocupar com os russos.

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