A edição da revista Veja que chega às bancas neste sábado e já está disponível para assinantes digitais faz o caminho contrário da maioria dos veículos da grande imprensa nacional. Enquanto a Folha de S. Paulo anuncia uma reportagem bundalelê tentando desqualificar o mega movimento anti-PT que se levanta em todo o Brasil e o Estadão velho de guerra escala dois repórteres para cobrir um festim comunista no cafofo de Lula, a revista Veja decidiu ouvir o rufar das panelas e a partir daí decodificar o tilintar nervoso surgido nas brumas da noite da última quinta-feira. Como se fosse uma espécie de código Morse, o tim-tim-tim intermitente de milhões de panelas avisou que a esmagadora maioria dos brasileiros de todas as classes sociais exige que Lula seja preso imediatamente, que Dilma seja impichada e que o PT seja proscrito, o mesmo acontecendo com as demais siglas de viés comunista revolucionário.
Embora a capa de Veja seja eloquente, de certa forma ainda suaviza a verdade que pulsa insistente nos corações e mentes. Os brasileiros não estão apenas pedindo socorro. Estão, sim, determinados a varrer o PT do poder. É isto que está nas ruas, nas fazendas ou numa casinha de sapé com diz a letra daquela música.
Seja como for, resta a revista Veja que, aliás, acabou dando coragem para outras publicações similares que muitas vezes se referiam à Dilma como "presidenta" e que agora começam também a reportar a verdade dos fatos. Como diz o velho e sábio adágio, gato escaldado tem medo de água fria. De alguma forma essas publicações que se limitavam a tecer loas ao Lula, Dilma e a seus sequazes, devagarinho vão ajustando o discurso e as pautas, porque ninguém engole mais a laudatória asquerosa eivada de louvaminhas à camorra petista e sua linha auxiliar, vejam só, os mega empresários brasileiros.
A reportagem-bomba de Veja desta semana merece por tudo isso ser lida, principalmente no que diz respeito ao fim do ciclo populista e corrupto inaugurado pelo PT. De quebra, Veja também traz uma ótima matéria revelando os bastidores das denominadas "delações premiadas", que vieram para ficar e ao mesmo tempo mostra que outros países têm se valido da mesma estratégia para detonar os saqueadores do erário, os lavadores de dinheiro público, os propineiros desavergonhados, enfim, essa camorra de psicopatas que se especializou em sugar o dinheiro público e que vem mantendo até agora Lula e seus sequazes no poder.
É sobre essa parte da reportagem-bomba que transcrevo um resumo a respeito dos psicopatas enjaulados pela Lava Jato e que cantam agora feito passarinho na gaiola o que ajuda a eviscerar o ventre da besta da estrela vermelha que ameaça devorar tudo para se eternizar no poder. Como aconteceu em Cuba. É tudo igualzinho.
Leiam:
SENTENÇA MAIOR - O boliburguês Léo Pinheiro, ex-OAS, o amigão de Lula, ao ser preso, em 2014: ele calcula que aguentaria até dois anos em regime fechado. Acaba de ser condenado a mais que isso.
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CANTANDO NA GAIOLA
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No começo, era apenas um despiste. "Espalhamos que já tinha gente na fila para colaborar, mas a gente ainda não tinha nada." A confissão, divulgada meses atrás, é do procurador Carlos Fernando Lima, considerado o cérebro da força-tarefa de Curitiba, quando lembrava como ele e os colegas conseguiram atrair os primeiros suspeitos da Lava-Jato para inaugurar os hoje tão famosos, tão temidos e tão aguardados acordos de delação premiada. Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras, abriu a fila. Seu acordo foi homologado pelo juiz Sergio Moro em 27 de agosto de 2014, uma quarta-feira. Daí em diante, um carrossel virtuoso começou a girar com uma delação puxando a outra, e alguns acusados apressando-se para assinar a delação antes que não houvesse mais novidades a revelar. Na semana passada, a Lava-Jato tinha 25 acordos homologados. Mas, como se tornou habitual nesse escândalo, as expectativas sempre se voltam para o próximo acordo.
Na mira dos procuradores está o empreiteiro Léo Pinheiro, ex-presidente da OAS, preso há nove meses. Desde o primeiro contato com o Ministério Público, seus advogados estão negociando os termos de uma delação cujo potencial explosivo é medido em escala atômica. A princípio, o empreiteiro resistia à delação na esperança de pegar até dois anos de prisão em regime fechado, limite que dizia suportar. Na semana passada, o juiz Sergio Moro condenou Pinheiro a dezesseis anos de prisão, dos quais pelo menos dois e meio terão de ser cumpridos em regime fechado. A condenação, um pouco maior do que o esperado, pode quebrar suas últimas resistências a abrir o bico. Outros dois, ambos ex-diretores da Petrobras, ainda não assinaram acordo, mas já estão em estágio avançado conversas para informar os procuradores sobre o que podem oferecer em troca de redução de pena. São eles: Renato Duque, homem do PT na direção da Petrobras, e Nestor Cerveró, o propineiro de Pasadena.
O volume de acordos de delação premiada na Lava-Jato é algo jamais visto em qualquer investigação criminal no país. Resulta da confluência de um acontecimento de 1990 com outro de 2004. Em 1990, o instituto da delação premiada apareceu pela primeira vez na legislação brasileira, na nova lei dos crimes hediondos. Foi ampliado nove anos depois para todos os demais crimes, deixando de se restringir aos hediondos. Em 2004, quando trabalhava no caso Banestado, escândalo de remessa ilegal de dinheiro para o exterior, um jovem juiz homologou uma das primeiras delações feitas nos moldes atuais. Era Sergio Moro. O delator era o mesmo Alberto Youssef de agora, o doleiro que se tornou talvez o único brasileiro a ter feito não uma, mas duas delações premiadas. Juntando a lei de 1990, o juiz de 2004 e a megarroubalheira na Petrobras, produziram-se as condições para o recorde: 25 acordos de colaboração, e a conta ainda não terminou.
ANTÍDOTO CONTRA A GLOBALIZAÇÃO DO CRIME
A delação premiada surgiu como um antídoto contra a globalização do crime. Com organizações criminosas transnacionais cada vez mais sofisticadas, os legisladores, sobretudo na Itália e nos Estados Unidos, passaram a pensar em instrumentos capazes de chegar aos chefes desses mamutes do crime: as máfias, os cartéis da droga, os grupos terroristas, as quadrilhas de corruptos. A colaboração de um acusado em troca da redução da pena surgiu como o único meio de quebrar o código de silêncio dos criminosos e pôr as mãos no alto-comando. Nos últimos trinta anos, os Estados Unidos acumularam vasta experiência nesse campo. Desde a Operação Mãos Limpas, na década de 90, uma gigantesca ação contra políticos corruptos, a Itália também avançou. O relativo sucesso da delação premiada no combate ao crime organizado levou a ONU a lançar uma convenção anticorrupção cujo texto sugere explicitamente que os países-membros adotem algum tipo de recompensa aos criminosos que denunciam comparsas.
Assim, a delação premiada começou a proliferar pelo mundo. O Brasil assinou a convenção no ano do seu lançamento, em 2003, e promulgou-a três anos depois. A novidade, no entanto, está longe de ser consensual. Os advogados, em geral, e os criminalistas, em particular, consideram a delação premiada um instrumento antiético e imoral porque a negociação da pena corrompe o processo penal, cuja essência é comprovar, ou não, a culpa do réu, e não colocá-la numa barganha. Também lhes desagrada o fato de a delação premiada levar o acusado a renunciar a um direito fundamental - o direito a um processo justo -, pois a sentença é previamente acertada. As reservas são mais fortes em países como o Brasil, cujo ordenamento jurídico vem da tradição romana, em contraposição ao de tradição inglesa. Em 2003, quando o governo da França propôs uma reforma jurídica que copiava parte do sistema dos Estados Unidos, houve uma gritaria geral. Mesmo na pátria mundial da cidadania, os franceses acabaram se rendendo à dureza da realidade do crime. A Assembleia Nacional aprovou as mudanças, inclusive a delação premiada. Hoje, um francês pode ficar até quatro dias preso sem acusação formal, algo impensável até uma década atrás.
10 de agosto de 2015
in aluizio amorim
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