"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

BC PERDE R$ 57 BILHÕES E NÃO CONTÉM ALTA DO DÓLAR


O Banco Central (BC) registrou prejuízo de cerca de R$ 57 bilhões com os contratos de “swap cambial” – contratos equivalentes a venda futura de dólares – nos sete primeiros meses deste ano, ou seja, até julho, segundo números da própria autoridade monetária do país. Mesmo assim, não impediu uma alta do dólar, que, no fim do ano passado, estava em R$ 2,65. Somente em julho, quando a moeda norte-americana avançou pouco mais de 10%, para R$ 3,42, as perdas foram de R$ 23,9 bilhões. De forma geral, o BC lucra com estas operações quando o dólar cai e perde quando a cotação da moeda norte-americana sobe.
O dólar fechou em queda de 0,83% na sexta-feira, após 6 altas seguidas, mas permaneceu cotado acima de R$ 3,50. Na semana, o dólar subiu 2,44%. No ano, há valorização acumulada de 31,95%.
No fechamento da véspera, o BC anunciou aumento da oferta de swaps, o que foi visto como um esforço para tentar segurar a alta da moeda.
O QUE É SWAP?
É uma forma pela qual o BC interfere no câmbio. Os leilões diários de “swaps cambiais” funcionam como venda da moeda no mercado futuro, além de venda de dólares com compromisso de recompra. Funciona assim: o BC oferece um contrato de venda de dólares, com data de encerramento definida, mas não entrega a moeda. No vencimento, o investidor se compromete a pagar uma taxa de juros sobre valor dos contratos e recebe do BC a variação do dólar no mesmo período.
O valor do prejuízo com as intervenções do BC no mercado de câmbio é incorporado às despesas com juros da dívida pública e é um dos itens que pressiona o atual déficit nas contas do governo, que registraram neste ano o pior resultado para um primeiro semestre desde o início da série histórica.
VALORIZAÇÃO DAS RESERVAS
O BC informou sexta-feira, por meio da sua assessoria de imprensa, que apesar da perda de R$ 57 bilhões até julho com os contratos de “swap cambiais”, também houve uma valorização das reservas internacionais brasileiras (atualmente em US$ 369 bilhões) superior a R$ 150 bilhões (valor líquido de custo) nos 7 primeiros meses deste ano. Esse valor, de acordo com o BC, supera as perdas com os swaps cambiais.
Ainda de acordo com o BC, a valorização das reservas, entretanto, não tem impacto no chamado superávit primário (economia para pagar juros da dívida pública), assim como não tem efeito no déficit nominal do setor público, mas incorporam o balanço do Banco Central. Os valores são exclusivamente utilizados para abater a dívida pública.
PARA QUE SERVE O SWAP?
Os swaps cambiais, cujo estoque supera R$ 330 bilhões, são contratos para troca de riscos. O Banco Central oferece um contrato de venda de dólares, com data de encerramento definida, mas não entrega a moeda norte-americana.
No vencimento deles, o investidor se compromete a pagar uma taxa de juros sobre o valor dos contratos e recebe do BC a variação do dólar no mesmo período.
Segundo o BC, os contratos de “swap cambial”, que voltaram a ser emitidos em junho de 2013, quando a moeda norte-americana se aproximava de R$ 2,40, visam dar proteção para os agentes (“hedge”) que têm dívida em moeda estrangeira e fornecer liquidez para o mercado – evitando também uma volatilidade maior (forte sobe e desce) das cotações no mercado à vista.
Entretanto, analistas observam que, com estas operações, o BC também busca conter uma disparada da moeda norte-americana, o que dificultaria mais o controle da inflação, pois os produtos e insumos importados ficariam mais caros no Brasil. Mesmo com estas operações, o dólar fechou o mês de julho a R$ 3,42.
(reportagem enviada pelo comentarista Guilherme Almeida)

10 de agosto de 2015
Alexandro Martello
Do G1, em Brasília

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