SÃO PAULO - Joaquim Levy e o neoliberalismo que ele representa são a salvação ou a ruína do país? Há duas formas de olhar a questão.
Para quem pensa em linhas partidárias, se as políticas de Levy derem razoavelmente certo, o país poderá voltar a crescer em 2018, o que daria ao PT uma chance de disputar o pleito presidencial de forma competitiva. E, se o ajuste se revelar um fracasso, será sempre possível tentar, através de uma manobra retórica, pôr a culpa na receita neoliberal. A candidatura petista despontaria, assim, quase como que de oposição.
Numa visão mais pragmática, porém, que é a que eu adoto, é possível afirmar que, agora que Dilma 2 já parou de cometer os erros de Dilma 1, a prioridade é tornar a crise tão breve quanto possível, para o que a sensatez econômica de Levy e sua credibilidade diante dos mercados são ingredientes importantes.
Sim, é possível que um sucesso ainda que parcial do ajuste acabe beneficiando o PT. Pessoalmente, porém, não acredito muito nessa hipótese. Desta vez a crise veio forte e as pessoas não tiveram como não ligá-la a Dilma e a seu partido. Mais do que isso, ficou claro que a campanha que reelegeu a mandatária foi escandalosamente mentirosa.
Não tenho nenhuma evidência empírica disso, mas meu palpite é o de que o PT será severamente punido pelo eleitor, o que seria positivo. A qualidade da política tende a melhorar quando ideias equivocadas, como as que animaram a gestão econômica no primeiro mandato de Dilma, são definitivamente removidas do rol de propostas a considerar.
De todo modo, para a maioria dos brasileiros que não milita em nenhum partido, creio ser um equívoco pautar a ação política apenas pelo cálculo do que possa acontecer com o PT nos próximos pleitos. Para sustentar essa posição, é preciso acreditar que a oposição é essencialmente melhor do que os petistas, o que me parece uma aposta temerária.
19 de junho de 2015
Hélio Schwartsman
Para quem pensa em linhas partidárias, se as políticas de Levy derem razoavelmente certo, o país poderá voltar a crescer em 2018, o que daria ao PT uma chance de disputar o pleito presidencial de forma competitiva. E, se o ajuste se revelar um fracasso, será sempre possível tentar, através de uma manobra retórica, pôr a culpa na receita neoliberal. A candidatura petista despontaria, assim, quase como que de oposição.
Numa visão mais pragmática, porém, que é a que eu adoto, é possível afirmar que, agora que Dilma 2 já parou de cometer os erros de Dilma 1, a prioridade é tornar a crise tão breve quanto possível, para o que a sensatez econômica de Levy e sua credibilidade diante dos mercados são ingredientes importantes.
Sim, é possível que um sucesso ainda que parcial do ajuste acabe beneficiando o PT. Pessoalmente, porém, não acredito muito nessa hipótese. Desta vez a crise veio forte e as pessoas não tiveram como não ligá-la a Dilma e a seu partido. Mais do que isso, ficou claro que a campanha que reelegeu a mandatária foi escandalosamente mentirosa.
Não tenho nenhuma evidência empírica disso, mas meu palpite é o de que o PT será severamente punido pelo eleitor, o que seria positivo. A qualidade da política tende a melhorar quando ideias equivocadas, como as que animaram a gestão econômica no primeiro mandato de Dilma, são definitivamente removidas do rol de propostas a considerar.
De todo modo, para a maioria dos brasileiros que não milita em nenhum partido, creio ser um equívoco pautar a ação política apenas pelo cálculo do que possa acontecer com o PT nos próximos pleitos. Para sustentar essa posição, é preciso acreditar que a oposição é essencialmente melhor do que os petistas, o que me parece uma aposta temerária.
19 de junho de 2015
Hélio Schwartsman
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