No que parece ter sido um rasgo de confissão desarmada e desalento, o deputado federal Luiz Sérgio (PT-RJ) aceitou as críticas que o ex-presidente Lula dirigiu aos trabalhos da CPI da Petrobras.
"O que ele falou é o que eu venho reclamando", disse o relator. Seria preciso que a liderança do governo na Câmara e os responsáveis pela articulação política do Executivo dessem "uma atenção" ao que se desenvolve na comissão.
Traduzindo, importa ainda uma vez proteger o sistema petista da série de escândalos revelados a partir da Operação Lava Jato.
Não foram desprezíveis os efeitos dessa "desatenção" governamental na semana passada. Por iniciativa do presidente da CPI, deputado Hugo Motta (PMDB-PB), convocou-se para depoimento o chefe do Instituto Lula, Paulo Okamotto.
O objetivo seria colher suas explicações para o fato de a empreiteira Camargo Corrêa, investigada por irregularidades em contratos com a Petrobras, ter doado R$ 3 milhões àquela entidade.
Natural que Lula tenha reclamado, no congresso de seu partido em Salvador, do que aconteceu na CPI: "Vocês não podem deixar o PT levar essa bola nas costas".
Depois das admoestações de seu líder, os deputados petistas na CPI envidaram esforços para anular a convocação de Okamotto.
Enquanto fica em suspenso o comparecimento desse personagem sempre evasivo –e relacionado há muito tempo com as despesas pessoais do ex-presidente Lula–, parece aproximar-se um momento bastante esperado nas investigações sobre a Petrobras.
Trata-se da primeira acareação entre dois delatores do caso, o doleiro Alberto Youssef e Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras, no ambiente da CPI. Pretende-se com o encontro, marcado para o próximo dia 30, confrontar versões sobre pagamentos de propinas e campanhas eleitorais.
Também o Ministério Público Federal fixou, já para a semana que vem, a realização de idêntico evento entre Costa e Youssef.
Parece haver quem não alimente grandes expectativas quanto ao sucesso da ocasião. Os dois personagens, experientes no seu ramo, podem sem dúvida sustentar seus respectivos relatos com intrepidez.
São relevantes, porém, os pontos de discrepância entre ambos. Paulo Roberto Costa afirma ter encarregado Alberto Youssef de repassar milhões à campanha de Dilma Rousseff (PT) à Presidência em 2010, assim como à de Roseana Sarney (PMDB) ao governo do Maranhão e à dos petistas Humberto Costa e Lindbergh Farias ao Senado.
O doleiro nega, lembrando que pode ter sido confundido com outros colegas de ofício.
Não será fácil, por certo, esclarecer a questão. Só se pode esperar que, em vez de se submeter aos puxões de orelha de Lula e às pressões do governismo, a CPI, pelo menos, faça a sua parte.
19 de junho de 2015
Folha de SP
"O que ele falou é o que eu venho reclamando", disse o relator. Seria preciso que a liderança do governo na Câmara e os responsáveis pela articulação política do Executivo dessem "uma atenção" ao que se desenvolve na comissão.
Traduzindo, importa ainda uma vez proteger o sistema petista da série de escândalos revelados a partir da Operação Lava Jato.
Não foram desprezíveis os efeitos dessa "desatenção" governamental na semana passada. Por iniciativa do presidente da CPI, deputado Hugo Motta (PMDB-PB), convocou-se para depoimento o chefe do Instituto Lula, Paulo Okamotto.
O objetivo seria colher suas explicações para o fato de a empreiteira Camargo Corrêa, investigada por irregularidades em contratos com a Petrobras, ter doado R$ 3 milhões àquela entidade.
Natural que Lula tenha reclamado, no congresso de seu partido em Salvador, do que aconteceu na CPI: "Vocês não podem deixar o PT levar essa bola nas costas".
Depois das admoestações de seu líder, os deputados petistas na CPI envidaram esforços para anular a convocação de Okamotto.
Enquanto fica em suspenso o comparecimento desse personagem sempre evasivo –e relacionado há muito tempo com as despesas pessoais do ex-presidente Lula–, parece aproximar-se um momento bastante esperado nas investigações sobre a Petrobras.
Trata-se da primeira acareação entre dois delatores do caso, o doleiro Alberto Youssef e Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras, no ambiente da CPI. Pretende-se com o encontro, marcado para o próximo dia 30, confrontar versões sobre pagamentos de propinas e campanhas eleitorais.
Também o Ministério Público Federal fixou, já para a semana que vem, a realização de idêntico evento entre Costa e Youssef.
Parece haver quem não alimente grandes expectativas quanto ao sucesso da ocasião. Os dois personagens, experientes no seu ramo, podem sem dúvida sustentar seus respectivos relatos com intrepidez.
São relevantes, porém, os pontos de discrepância entre ambos. Paulo Roberto Costa afirma ter encarregado Alberto Youssef de repassar milhões à campanha de Dilma Rousseff (PT) à Presidência em 2010, assim como à de Roseana Sarney (PMDB) ao governo do Maranhão e à dos petistas Humberto Costa e Lindbergh Farias ao Senado.
O doleiro nega, lembrando que pode ter sido confundido com outros colegas de ofício.
Não será fácil, por certo, esclarecer a questão. Só se pode esperar que, em vez de se submeter aos puxões de orelha de Lula e às pressões do governismo, a CPI, pelo menos, faça a sua parte.
19 de junho de 2015
Folha de SP
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