"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quinta-feira, 18 de junho de 2015

PMDB JÁ PREPARA O DESEMBARQUE DA VIAGEM COM O PT



Numa entrevista ao Estado de São Paulo, manchete principal da edição de domingo, o deputado Eduardo Cunha anunciou o afastamento do PMDB do bloco do governo, especialmente no que se refere à rota para sucessão presidencial de 2018. O episódio teve sequência e consequência, tanto assim que o presidente da Câmara Federal acrescentou (Folha de São Paulo de segunda-feira) que o PMDB, seu partido, cansou de ser agredido pelo PT. Cunha baseou-se nas manifestações voltadas contra ele, pessoalmente, por correntes petistas que participaram do encontro nacional da legenda, realizado em Salvador.
As declarações de Cunha foram também destacadas pela reportagem de Vera Rosa, Lu Aiko Otta e André Borges, o Estado de São Paulo também segunda-feira. Eduardo Cunha, além de se queixar das hostilidades, condenou por outro lado articulações atribuídas ao chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante voltadas para afastar o vice Michel Temer do comando das articulações políticas do governo, cargo para o qual foi escolhido pela presidente Dilma Rousseff.
Eduardo Cunha acentuou que talvez tivesse sido melhor que o PT tomasse a iniciativa de se afastar do PMDB, pondo fim à aliança ainda existente. Não sei se num congresso do PMDB, o PT teria a mesma sorte. Para o presidente da Câmara, o modelo político está esgotado.
OBJETIVO
Fica claro, penso eu, que o objetivo de Eduardo Cunha, expressando uma tendência crescente no PMDB, é desvincular o partido do insucesso do governo atestado recentemente, em matéria de popularidade, pelo Ibope e pelo Datafolha. Como em popularidade inevitavelmente se reflete nas urnas, o partido, que foi de Tancredo Neves e Ulisses Guimarães, tenta escapar dos reflexos nas urnas.
A impopularidade, evidentemente, tende a crescer, sobretudo se a presidente da República vetar a emenda que suaviza as restrições existentes desde 1999 para que os trabalhadores e trabalhadoras se aposentem. Isso de um lado. De outro, fica no ar qual o motivo que levou os governos de Lula e Dilma a manterem por longo tempo o fator previdenciário que herdaram do governo Fernando Henrique Cardoso.
ESTABILIDADE
A repercussão do desembarque do PMDB da frota comandada pelo PT atingiu uma dimensão muito grande. Tanto assim – revelam Vera Rosa, Lu Aiko Otta e André Borges – que o ministro Jacques Wagner telefonou para dirigentes do PT seu partido para que não agravassem os desdobramentos causados pela abertura de uma crise, cujo desfecho pode abalar a estabilidade do governo. Isso porque as relações entre o PT e o PMDB encontram-se cada vez mais densas, principalmente a partir do momento em que Aloizio Mercadante sustentou ser imprescindível que a Secretaria de Relações Institucionais, ocupada por Michel Temer deveria ser preenchida por um representante do Partido dos Trabalhadores.
Enquanto isso, acrescenta o Estado de São Paulo, o ex-presidente Lula telefonou furioso para Michel Temer, cobrando explicações por que motivo a bancada do PMDB aprovou, na CPI da Petrobrás, a convocação de Paulo Okamotto, presidente do Instituto Lula para depor sobre doações praticadas por empresas envolvidas na operação Lava Jato. O líder do PT na Câmara, Sibá Machado, tentando amenizar o choque, afirmou que toda relação longa precisa de ajustes. Mas não assinalou outros detalhes e tampouco colocou qualquer forma para que os ajustes a que se refere sejam realizados. No seu twiter, Eduardo Cunha ironizou as posições do PT. Eu ficaria preocupado, acrescentou, se ao invés de vaiado, tivesse sido objeto de aplausos no encontro de Salvador.
CANDIDATURA PRÓPRIA
O governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) afirmou também defender candidatura própria para 2018, embora proponha a manutenção da aliança, na sua opinião, para proporcionar estabilidade ao governo. Entretanto, na minha opinião, o que pode fornecer estabilidade ao governo não são alianças de fachada ou episódicas, mas sim aquela que resulte de êxitos administrativos capazes de atender aos anseios da população e, portanto, do eleitorado.
O poder se conquista nas urnas, mas o conceito dos governos só se alcança nas ruas do progresso econômico e social. Exemplo disso encontra-se plenamente no período Juscelino Kubitschek que deixou a presidência em Janeiro de 61 consagrado pela opinião pública. Na sua passagem pelo poder, fez várias alianças, porém todas elas com base em realizações concretas de interesse coletivo. Não disse uma coisa na campanha e fez outra no governo. Fica a lição na história moderna brasileira.

18 de junho de 2015
Pedro do Coutto

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