O texto que segue após este prólogo é da jornalista Graça Salgueiro, do site Mídia Sem Máscara. Trata-se de tradução de matéria o diário espanhol ABC, que publicou um extrato do livro Bumerán Chávez (Bumerangue Chávez), de autoria do jornalista Emili J. Blasco que é o correspondente do ABC em Washington.
Jornalista experiente em nível internacional, Blasco já foi correspondente do ABC em Londres e Berlim antes de assumir o mesmo cargo em Washington, onde se encontra há alguns anos. Possui PhD em Comunicação e também é versado em geoestratégia.
O livro de Emili J. Blasco faz revelações estarrecedoras do esquema de fraudes eleitorais na Venezuela que mantêm até hoje, desde a primeira eleição do defunto caudilho Hugo Chávez, a tirania bolivariana no poder.
A verdade é que o esquema de fraudes eleitorais sucessivas não acontece apenas na Venezuela, mas em boa parte da América Latina que está sob o controle do Foro de São Paulo, imncljuindo-se obviamente o Brasil. Portanto, ao ler-se esse extrato do livro do jornalista Emili J. Blasco, é impossível não ligar o esquema que sufragou o tiranete Nicolás Maduro em 2013 na Venezuela ao que se viu ocorrer no Brasil em 2014, com a eleição de Dilma Rousseff.
Transcrevo em tradução de Graça Salgueiro, o texto do jornal ABC sobre o livro de Emili J. Blasco. Leiam:
O jornalista Emili J. Blasco, correspondente internacional do jornal espanhol ABC em Washington e autor do livro "Bumerán Chávez" |
Os computadores secretos dos chavistas indicavam bem claro. Às seis da tarde, hora em que em 14 de abril de 2013 deviam fechar os centros eleitorais na Venezuela, Henrique Capriles Radonski havia ganhado as eleições presidenciais. Era sua a faixa tricolor que, não obstante, ao final de um processo trapaceado, Nicolás Maduro acabaria pondo. Um sistema informático paralelo ao oficial permitia ao chavismo saber em tempo real ao longo do dia a evolução do voto, assim como o número de votos falsos que devia produzir para dar um giro no resultado. Isso ocorreria no marco de um processo completamente eletrônico, como é habitual na Venezuela, e com a cumplicidade do Conselho Nacional Eleitoral (CNE). Grande parte da fraude foi gestada em Cuba.
Às dez da manhã, Diosdado Cabello se apresentou na sede da Prefeitura de Caracas, no município Libertador. O número dois do regime chegou com seu chefe de segurança, Leamsy Salazar. Ambos subiram ao andar do gabinete do prefeito e se encaminharam a uma dependência próxima.
Ali se havia instalado uma sala de seguimento informático eleitoral considerada “top secret”. De acesso absolutamente restrito, nela se entrevistaram Cabello, presidente da Assembléia Nacional, e Jorge Rodríguez, prefeito caraquenho e grande mago do engano eleitoral chavista.
Na sala, dispostos em forma de U, havia vinte e quatro monitores, um para cada estado venezuelano, mais um central que totalizava os dados de todo o país. Testemunha já de uns quantos segredos do chavismo, Salazar se deu conta desde o primeiro instante do irregular da situação: nas telas estavam aparecendo os votos que Capriles e Maduro iam conseguindo. Isso nem sequer o CNE podia conhecer, dado que as máquinas eletrônicas de votação só se conectavam em rede no final, para transmitir os resultados.
Os centros eleitorais haviam aberto às seis da manhã e em poucas horas o candidato da Mesa de Unidade Democrática (MUD) já havia ganhado boa dianteira. “Maldita seja, vamos permitir que este ‘marica’, o porra do Capriles ganhe esta merda de eleições?”, perguntou Cabello.
Salazar conta que então os dirigentes do Partido Socialista Unido de Venezuela (PSUV) fizeram uma reunião de urgência, à qual depois se somou o vice-presidente Jorge Arreaza. Às quatro da tarde Capriles continuava acima, segundo nossa testemunha, por 220.000 votos. Tinham que rasgar o baralho.
Salazar conta que então os dirigentes do Partido Socialista Unido de Venezuela (PSUV) fizeram uma reunião de urgência, à qual depois se somou o vice-presidente Jorge Arreaza. Às quatro da tarde Capriles continuava acima, segundo nossa testemunha, por 220.000 votos. Tinham que rasgar o baralho.
“Foi quando nesse dia o sistema de internet caiu. Pouco depois Arreaza saiu em público anunciando que tinha ocorrido um problema com a internet e que estavam ajeitando. Quando se restituiu o serviço as telas dos computadores começaram a reverter a situação. Iam chegando mais votos para Maduro”.
O clima mudou na sala e os hierarcas chavistas começaram a rir-se cinicamente. “Estavas cagado, não é?”, se diziam entre eles. No final da noite, o CNE proclamou Maduro vencedor por 223.599 votos: lhe atribuiu 7.587.579 (50,6 por cento), frente aos 7.363.980 de Capriles (49.1 por cento). O que havia acontecido?
O clima mudou na sala e os hierarcas chavistas começaram a rir-se cinicamente. “Estavas cagado, não é?”, se diziam entre eles. No final da noite, o CNE proclamou Maduro vencedor por 223.599 votos: lhe atribuiu 7.587.579 (50,6 por cento), frente aos 7.363.980 de Capriles (49.1 por cento). O que havia acontecido?
Salazar aduz que a queda da internet foi provocada para descarregar o tráfico na rede telefônica e assim poder dirigir com maior garantia o complexo volume de dados que o sistema informático paralelo do PSUV alimentava.
Por baixo dos panos, o CNE havia entregue a ativistas do partido o comando técnico das máquinas de votação e de outros processos-chave da jornada.
PRORROGAÇÃO INJUSTIFICADA
Para essa operação final o chavismo necessitava de tempo, assim que pouco antes das seis da tarde, quando deviam encerrar os centros eleitorais, o CNE anunciou que prorrogava o horário até às oito onde se necessitasse. Os votos para Maduro foram mais abundantes nos centros que demoraram seu encerramento, com um inexplicável pico, totalmente anômalo, especialmente pronunciado entre as 19:30 e as 20:05 horas. Entre as seis e as oito, Maduro recebeu mais de seiscentos mil votos, um volume que materialmente não era possível somar mediante o procedimento natural de votação.
Os especialistas em segurança informática, Anthony Daquin e Christopher Bello, concluem que há 1.878.000 eleitores falsos (múltipla cedulação). Além disso, na auditoria do sistema de votação na qual pôde participar, Bello comprovou que as máquinas de votação tinham quatro BIOS (Basic Input Output System). Isso facilitava a comunicação com dispositivos externos e teria possibilitado tanto a contagem do voto quanto a emissão de voto originalmente falso.
O roubo eleitoral foi confirmado confidencialmente aos Estados Unidos por alguns dos principais dirigentes chavistas. Desaparecido Chávez, alguns começaram a entabular contatos indiretos para limpar seu passado. Emissários de Cabello e do novo ministro do Interior e Justiça, o general Miguel Rodríguez Torres, reconheceram o que todo mundo suspeitava.
“Ok, é verdade. Acrescentamos trezentos e cinqüenta mil votos. As estações um, dois e três dos centros eleitorais estavam operadas por gente nossa. Capriles nos tirou novecentos mil votos, e teriam chegado a ser dois milhões se não chega a ter voto assistido e os demais procedimentos”.
“Ok, é verdade. Acrescentamos trezentos e cinqüenta mil votos. As estações um, dois e três dos centros eleitorais estavam operadas por gente nossa. Capriles nos tirou novecentos mil votos, e teriam chegado a ser dois milhões se não chega a ter voto assistido e os demais procedimentos”.
Pode ser que as cifras estivessem arredondadas e que esse “acrescentar” se referisse somente ao voto fabricado de forma compulsiva no último momento. Em qualquer caso, era uma admissão em toda a regra de que haviam roubado a presidência.
UM LIVRO SOBRE AS FRAUDES QUE LEVARAM AO COLAPSO
“Bumerán Chávez” é um relato, como aponta seu sub-título, sobre “as fraudes que conduziram ao colapso da Venezuela”. Escrito pelo jornalista de ABC, Emili J. Blasco e à venda na Amazon desde esta semana (segunda quinzena de abril) em versão impressa e digital, o livro sustenta que o colapso institucional, econômico e social do país caribenho não é fruto da dilapidação do legado de Hugo Chávez, senão conseqüência mesma de suas políticas.
Notas da tradutora:
[1] “Podemos” é um partido político espanhol de extrema esquerda criado em janeiro de 2014, cujo Secretário-Geral é o venezuelano chavista Pablo Iglesias, professor de Ciência Política na Universidad Complutense de Madrid e analista político e televisivo.
[2] Chamo a atenção dos leitores para o primeiro parágrafo de “Prorrogação injustificada”, denunciada por mim na ocasião em meu blog Notalatina (http://notalatina.blogspot.com.br/2013/04/a-fraude-foi-grande-vencedora-das.html), e posteriormente vivenciado pelos brasileiros nas eleições presidenciais de 2014.
05 de maio de 2015
in aluizio amorim
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