Qualquer cidadão com alguma experiência de como funciona a nossa máquina estatal sabe que, quando há risco, sempre há o desvio
Por muitos anos, a Petrobras foi, merecidamente, a rainha das nossas empresas estatais, provando, pelo menos aparentemente, que o poder do Estado podia ser tão eficiente e lucrativo quanto a iniciativa particular.
Foi, mas não é mais. Há um mês, a PwC, empresa encarregada de auditoria no comportamento da empresa, informou, numa reunião do conselho de administração da estatal, que ela ainda não se comportava como deveria, mesmo depois da vergonhosa revelação do escândalo curiosamente batizado como Operação Lava-Jato.
Uma boa ideia sobre o clima doméstico na estatal foi fornecida por um dos conselheiros. Contou que procurara fazer uma denúncia contra um ex-diretor da empresa, Paulo Roberto Costa. A funcionária que o atendeu deu-lhe uma resposta tão simples quanto reveladora: “Pelo amor de Deus, vai embora.”
Na mesma reunião, um representante da PwC informou que os auditores analisaram 1.219 mecanismos de controle da Petrobras, e 131 deles relevaram deficiências “que expõem a empresa a riscos de desvios”. Qualquer cidadão com alguma experiência de como funciona a nossa máquina estatal sabe que, quando há risco, sempre há o desvio.
Esses fatos, tão tristes quanto reveladores da necessidade de providências drásticas pelo Palácio do Planalto, ainda não tiveram resposta do governo. O pessoal da arquibancada tem direito a exigir da presidente do país providências tão imediatas quanto enérgicas.
Convém que esperemos sentados.
16 de maio de 2015
Luiz Garcia, O Globo
Por muitos anos, a Petrobras foi, merecidamente, a rainha das nossas empresas estatais, provando, pelo menos aparentemente, que o poder do Estado podia ser tão eficiente e lucrativo quanto a iniciativa particular.
Foi, mas não é mais. Há um mês, a PwC, empresa encarregada de auditoria no comportamento da empresa, informou, numa reunião do conselho de administração da estatal, que ela ainda não se comportava como deveria, mesmo depois da vergonhosa revelação do escândalo curiosamente batizado como Operação Lava-Jato.
Uma boa ideia sobre o clima doméstico na estatal foi fornecida por um dos conselheiros. Contou que procurara fazer uma denúncia contra um ex-diretor da empresa, Paulo Roberto Costa. A funcionária que o atendeu deu-lhe uma resposta tão simples quanto reveladora: “Pelo amor de Deus, vai embora.”
Na mesma reunião, um representante da PwC informou que os auditores analisaram 1.219 mecanismos de controle da Petrobras, e 131 deles relevaram deficiências “que expõem a empresa a riscos de desvios”. Qualquer cidadão com alguma experiência de como funciona a nossa máquina estatal sabe que, quando há risco, sempre há o desvio.
Esses fatos, tão tristes quanto reveladores da necessidade de providências drásticas pelo Palácio do Planalto, ainda não tiveram resposta do governo. O pessoal da arquibancada tem direito a exigir da presidente do país providências tão imediatas quanto enérgicas.
Convém que esperemos sentados.
16 de maio de 2015
Luiz Garcia, O Globo
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