Vai-se confirmando uma espécie de maldição pela qual toda vez que o PT, e em especial a falange lulopetista, relaxa diante de desdobramentos da Operação Lava-Jato, surgem novos fatos para voltar a preocupar dirigentes, militantes, governo e ex-autoridades.
No final de abril, a decisão, por maioria estreita de votos, da Segunda Turma do Supremo, de relaxar a prisão preventiva de nove donos de empreiteiras e funcionários das empresas implicados no escândalo na Petrobras serviu para aliviar o estado de tensão entre lulopetistas e vizinhos.
Porém, mais uma vez o desafogo não durou muito. Uma das principais causas do desafogo com a saída do grupo das celas de Curitiba para prisão domiciliar foi estar entre os beneficiados o empresário Ricardo Pessoa, dono da UTC e Constran, tido como o coordenador do “clube das empreiteiras”, cartel que, por meio de contratos superfaturados assinados com a estatal, ajudou a bombear bilhões dos cofres da estatal para políticos do PT, PP e PMDB. Até um do PSDB, Sérgio Guerra (PE), foi beneficiado.
Os números da empresa de Pessoa atestam fulgurante sucesso: diretor da OAS, outra implicada no petrolão, no começo da década de 90, Ricardo aceitou a oferta da empresa para adquirir a subsidiária UTC, onde trabalhavam 890 funcionários; pouco antes da Lava-Jato, em 2014, a UTC empregava 20 mil, tinha um faturamento de US$ 1,5 bilhão e era considerada uma das dez empresas mais rentáveis do país.
Pois, já em prisão domiciliar, Ricardo Pessoa decidiu fazer acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal, assinado quarta-feira, em Brasília, com a participação do próprio procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Volta, assim, a tensão a governistas e lulopetistas.
Os testemunhos de Pessoa, a depender dos quais pode ter punições reduzidas, são considerados valiosos, devido à comentada proximidade do empreiteiro em relação ao presidente Lula, outros petistas graduados e ao governo Dilma. Ricardo Pessoa, pela proeminência entre as empreiteiras, pode ajudar o MP na formulação da denúncia de que muito dinheiro de propinas, geradas nos negócios na Petrobras, foi “legalizado” em doações formais a campanhas de petistas e aliados. O próprio Pessoa, de acordo com a “Folha de S.Paulo”, doou R$ 7 milhões à reeleição de Dilma, com medo de represália a seus negócios com a a Petrobras. Nesse, como em outros casos, PT e Edinho, tesoureiro da campanha e hoje ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social do governo, garantem a legalidade das contribuições.
Mas, pelo visto, este assunto das doações, se foram ou não “lavadas” na Justiça eleitoral, tende a crescer ainda mais com a decisão de Pessoa de aceitar colaborar com as investigações em troca de algum alívio penal.
16 de maio de 2015
Editorial O Globo
No final de abril, a decisão, por maioria estreita de votos, da Segunda Turma do Supremo, de relaxar a prisão preventiva de nove donos de empreiteiras e funcionários das empresas implicados no escândalo na Petrobras serviu para aliviar o estado de tensão entre lulopetistas e vizinhos.
Porém, mais uma vez o desafogo não durou muito. Uma das principais causas do desafogo com a saída do grupo das celas de Curitiba para prisão domiciliar foi estar entre os beneficiados o empresário Ricardo Pessoa, dono da UTC e Constran, tido como o coordenador do “clube das empreiteiras”, cartel que, por meio de contratos superfaturados assinados com a estatal, ajudou a bombear bilhões dos cofres da estatal para políticos do PT, PP e PMDB. Até um do PSDB, Sérgio Guerra (PE), foi beneficiado.
Os números da empresa de Pessoa atestam fulgurante sucesso: diretor da OAS, outra implicada no petrolão, no começo da década de 90, Ricardo aceitou a oferta da empresa para adquirir a subsidiária UTC, onde trabalhavam 890 funcionários; pouco antes da Lava-Jato, em 2014, a UTC empregava 20 mil, tinha um faturamento de US$ 1,5 bilhão e era considerada uma das dez empresas mais rentáveis do país.
Pois, já em prisão domiciliar, Ricardo Pessoa decidiu fazer acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal, assinado quarta-feira, em Brasília, com a participação do próprio procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Volta, assim, a tensão a governistas e lulopetistas.
Os testemunhos de Pessoa, a depender dos quais pode ter punições reduzidas, são considerados valiosos, devido à comentada proximidade do empreiteiro em relação ao presidente Lula, outros petistas graduados e ao governo Dilma. Ricardo Pessoa, pela proeminência entre as empreiteiras, pode ajudar o MP na formulação da denúncia de que muito dinheiro de propinas, geradas nos negócios na Petrobras, foi “legalizado” em doações formais a campanhas de petistas e aliados. O próprio Pessoa, de acordo com a “Folha de S.Paulo”, doou R$ 7 milhões à reeleição de Dilma, com medo de represália a seus negócios com a a Petrobras. Nesse, como em outros casos, PT e Edinho, tesoureiro da campanha e hoje ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social do governo, garantem a legalidade das contribuições.
Mas, pelo visto, este assunto das doações, se foram ou não “lavadas” na Justiça eleitoral, tende a crescer ainda mais com a decisão de Pessoa de aceitar colaborar com as investigações em troca de algum alívio penal.
Editorial O Globo
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