"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

domingo, 24 de maio de 2015

A CORRUPÇÃO É ENDÊMICA, OU SOMENTE O CASO DE SISTEMAS POLÍTICOS OPACOS?

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Imagens do passado com as imagens do atual momento político da República, conta a história de uma das maiores farsas que este país já viveu em toda a sua história. Dos supostos "revolucionários" que pretenderam subverter a democracia em regime 'comunocubano', até a chegada ao poder maior da República, quando então subverteram a ordem social no disponível quintal onde ciscaram à vontade.
O PT que usou o teatro da ética e da decência para empolgar o poder, protagonizou o pior cenário político, digno da máfia.
Aparelhou o Estado em suas mais importantes instâncias, desorganizou a economia, quebrou um dos grandes símbolos do orgulho nacional, obedeceu as diretrizes do famigerado Foro de São Paulo, e mostrou ao país a cara criminosa que articulou a inimaginável corrupção que devastou o Brasil.
Chegou ao poder alimentado por uma elite incompetente, gananciosa, sem a necessária disposição para organizar a economia na direção de benefícios que distribuíssem a renda nacional, de modo justo, gratificando o trabalho dos que produzem a riqueza, e dela são alijados.
Não implementaram políticas públicas, relegando a educação, a saúde, o saneamento básico, a segurança pública aos porões da iniquidade social.
Autorizaram a invasão de aventureiros e de demagogos com suas promessas de bem-aventuranças a todos, abusando da parca instrução das massas, com inflamadas mentiras de palanque.
Passamos os olhos nas celebridades que ocuparam o poder e não distinguimos, com raríssimas exceções, os que enfrentaram o corporativismo político, as oligarquias, as quadrilhas que em todos os tempos, organizadamente saquearam o país e o mantiveram no atraso.
O que me espanta no PT é a ousadia com que praticou a privatização do Estado em causa própria, o descarado patrimonialismo para o enriquecimento ilícito dos principais quadros, e do próprio partido, sem qualquer temor da possibilidade de vir a ser julgado pela justiça e pela História.
O que me espanta, ainda, é o silêncio dos justos, a omissão política dos que afetam honestidade de princípios, o silêncio dos que não concordam com a devastação que se pratica.
Não tenho memória de ações políticas antecedentes com tamanha dimensão de práticas criminosas. 
No percurso histórico colonial, imperial e republicano a corrupção esteve presente, como a sombra da natureza humana. Sombra que contamina o poder discricionário que se concede ao executivo, que praticando o preceito de São Francisco,  corrompe o fisiológico poder parlamentar com benesses e lotes da 'res publica'. 
Esteve presente, sim, mas com a insignificância do furto de carteira, do bandido à-toa, reles, e sempre censurado e penalizado. Era a corrupção estúpida do roubo pelo roubo.
Não havia a conivência visível de outros poderes, e tais furtos não alcançavam a extensão dos danos que hoje assistimos. Danos de tal gravidade, que desacreditam o exercício democrático, desmoralizam o parlamento, o país, que afetam o comportamento social, cujos indivíduos passam a enxergar na prática da corrupção, um recurso para "faturar mais algum", considerando a esperteza da "lei de Gerson" coisa natural.
Hoje não! Inauguramos um novo período na corruptocracia.
Denúncias e mais denúncias... Difícil até escolher a mais grave. Ameaças de processos, e mais ameaças... E à lentidão da punibilidade, segue-se a sabotagem que vai minando o futuro das investigações. 
E vamos ficar de braços cruzados, assistindo a derrocada moral e, consequentemente, nos jogando no buraco dos "sem futuro"?
Não acredito! Sinceramente, sem o otimismo idiota dos insensatos, acredito que pela condição do Brasil, um novato diante do velho mundo e das sólidas estruturas democráticas do EUA, iniciamos, embora tardiamente, uma caminhada na direção do amadurecimento político. Assim como ocorreu com banimento de velhas oligarquias corruptas, iniciamos, com a estupefação que causou à nação a escandalosa corrupção petista, ora desmascarada por segmentos sociais indignados, iniciamos irreversivelmente, uma caçada aos bandidos de 'colarinho branco'. Ineditamente, estamos assistindo "celebridades" amargando a vergonha em presídios, ou carregando tornozeleiras eletrônicas (fruto da índole jurídica vigente, de tolerância). Ainda que vergonhosamente as "celebridades" desfrutem de 'celas especiais', o que os torna mais iguais perante a Lei, ficam assinalados com a indigesta marca do corrupto, assim como se marca o gado...
Leio na revista Veja a entrevista do economista Robert Klitgaard, uma autoridade no estudo da corrupção.
Como consultor de diversos governos em matéria de reforma institucional, visitou mais de trinta países, na África, na Ásia e na América Latina para estudar seus problemas e pensar soluções.
Suas andanças estão registradas em dois livros: "Tropical Gangsters" e "Tropical Gangsters II".
Pela extensão da entrevista, citarei apenas alguns excertos, que, embora reducionistas, mostram o cerne do seu pensamento, cujo centro de reflexão apoia-se na transparência.
Vamos lá...

"A corrupção não é um problema moral." (Ele não nega a sua dimensão no processo da corrupção, mas não dá enfase ao papel das pessoas).

"No futuro a corrupção será tão impensável quanto a escravidão, que já foi regra em nosso mundo, é para nós. Compartilho desse otimismo."


"Combater a corrupção não pode ser uma tarefa relegada a pregadores. É preciso adotar uma abordagem pragmática. Você deve quebrar monopólios, limitar o poder de arbítrio de dirigentes e aumentar os mecanismos de transparência."


"Você deveria aumentar os mecanismos de transparência, que permitam a jornalistas, centros de estudos, consultorias enxergar o que ocorre  no interior das empresas."


"A corrupção tem menos a ver com paixões do que com oportunidades."


" Nas crises de corrupção, é sempre importante não poupar os peixes grandes. Porque um efeito de corrupção - e agora estamos falando de mentalidades - é que ela torna as pessoas cínicas."


"Não se vence a corrupção sem romper barreiras entre os setores público e privado, e sem o apoio de instituições de instituições sem fins lucrativos."


"A imprensa tem papel fundamental na redução na redução desse déficit de transparência."


" A internet é uma arma valiosa. Veja o exemplo curioso, e a meu ver imensamente promissor, do site ipaidabribe.com. Nele, qualquer cidadão pode relatar anonimamente situações em que foi obrigado a pagar propina."


"Sinto que nos próximos anos surgirão cada vez mais sites, aplicativos, ferramentas para ajudar no controle dos serviços e da administração pública. Esquemas de corrupção muitas vezes são difíceis de detectar, mas também de entender.

Existem operações financeiras complexas, grandes empresas envolvidas, coisas que estão longe do cotidiano da maioria de nós."

"Não penso na corrupção como algo inerente  à natureza humana, mas como fruto de oportunidade."



24 de maio de 2015
m.americo

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