"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

segunda-feira, 13 de abril de 2015

PETROBRAS DESMENTE VACCARI: NO BALANÇO, R$ 6 BILHÕES EM PROPINA



Reportagem de Natuza Nery, Folha de São Paulo, edição de 10 deste mês, confirma que a Petrobrás resolveu colocar no balanço anual que finalmente deverá ser publicado até o próximo dia 30, uma estimativa de perdas em torno de 6 bilhões de reais, ocorridas no ano passado decorrentes de propinas que envolveram corruptores, corruptos, lobistas e doleiros no gigantesco assalto praticado contra a empresa. E que, diga-se de passagem, enriqueceu um bando de ladrões, episódio que terminou levando-os à prisão.
A própria presidente Dilma Rousseff reconheceu o fato em discurso feito no Rio na quinta-feira, objeto de reportagem de Lucas Vetorazo, publicada pela FSP também na edição do dia 10.
Logo, ao recorrer à posição encontrada no teatro do absurdo de Ionesco, João Vaccari foi duplamente desmentido no dia seguinte ao seu depoimento à CPI da Petrobrás. A estimativa da estatal, a meu ver, é pequena. Pois se foram pagos R$ 6 bilhões através de propinas, é porque os preços da obra e fornecimentos foram várias vezes sobretaxados para que as comissões ilegais pagas atingissem a escala citada. Pois no caso não podem ser considerados apenas os valores fixados nos contratos. Há termos aditivos por intermédio dos quais valores foram magicamente reajustados.
Só a Refinaria Abreu Lima, orçada inicialmente em 2 bilhões de dólares, depois passou para 4 e culminou na escala de 17 bilhões (de dólares). Esse é o maior, porém não é o único caso da entrada em ação dos famosos termos aditivos. O ex-diretor Paulo Roberto Costa disse ter recebido 1 milhão (reais ou dólares?) só para não atrapalhar os termos adicionais.
FALSIDADE DE VACCARI
Vaccari, personagem enigmático, no depoimento singular que prestou, negou qualquer conhecimento do processo de ilegalidade em que se envolveu a fundo. A falsidade de seu comportamento, inclusive, fez com que saísse de sua frieza como negociador adequado para captar recursos junto a grandes empresas e o colocasse numa situação de aparente nervosismo. Calculou mal, no caso, o efeito de suas desafirmações, que colidem com os depoimentos dos delatores comprometidos com a Justiça.
Confundiu o momento no qual estava sendo fotografado e televisado com os jornais do dia seguinte, sexta-feira. E não esperava o discurso de Dilma Rousseff, tampouco a inclusão das propinas que apareceram na Operação Lava Jato no balanço da própria Petrobrás. E agora João Vacari? – como na poesia de Drummond.
A corrupção na estatal passou a ser comprovada oficialmente pela própria empresa e, sobretudo, pela presidente da República. Vaccari e tantos outros esqueceram que a verdade acaba aparecendo. As consequências são outro caso. Mas neste, tenho a impressão que a impunidade não vai se tornar personagem da trama. O panorama já se tornou dramático demais para terminar em pizza. Porque, desta vez, a opinião pública já deu seu testemunho de indignação e, no domingo, ontem, voltou a afirmá-lo com suas manifestações.
CHEGOU AO LIMITE
Deixou o conformismo tradicional e avançou no sentido de impedir recuos e retrocessos. Afinal, a violação da ética e da moral, como tudo, tem um limite. Este limite chegou. A explicação da voz das ruas reside exatamente no contexto atual que sufoca a nação. Chega. Todos têm essa sensação de serem intoxicados e também roubados seguidamente. A indignação foi que, mais uma vez, tomou as ruas do Rio e São Paulo principalmente.

13 de abril de 2015
Pedro do Coutto

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