"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

segunda-feira, 13 de abril de 2015

O DUPLO FRACASSO DE 12 DE ABRIL DE 2015




Após as mobilizações de 15 de março, contra a corrupção, Dilma e o PT, o mesmo mote retorna em 12.04.2015, mobilizando mais de 400 cidades pelo país. Mas apesar de todo o empenho de boa parte da sociedade, as manifestações foram um fracasso.

Um fracasso por qualquer lado por onde for olhado. Parece que os diversos movimentos apostaram todas as suas melhores cartas nesses eventos. Mas infelizmente caíram “direitinho” na armadilha preparada pelo governo e seus cúmplices, que tudo fizeram para o insucesso desse projeto.

Em primeiro lugar, entre o primeiro protesto (15.3.15) e o segundo (12.4.15), o Governo tomou algumas medidas que, apesar dos seus poucos alcances, de certa forma amenizaram a concentração de poder na presidência da república.

A forte “pressão” foi aliviada. O alvo foi desviado e diluído em área maior. A concentração de fogo ficou mais difícil. A tendência natural seria diminuir um pouco a rebeldia popular contra os desmandos presidenciais. Disso resultou, com certeza, a diminuição da população que compareceu pessoalmente aos eventos marcados.

Aí já está a primeira vitória do Governo, que apesar de não estar bem sintonizada com a ética, foi uma vitória, ainda mais pelas expectativas de comparecimento de até dez milhões de pessoas, como alguns previam. Mas não há como negar que essa diminuição foi “ponto” a favor do Governo.

Não se duvide, portanto, que “eles” estão bem assessorados para jogar e manipular com a opinião pública, na maior parte ingênua e desinformada, fácil “presa”, portanto, dessas manobras de esperteza das conhecidas “raposas” da política.

Mas a principal vitória do Governo não foi essa. Ela reside no próprio resultado das manifestações, onde o comando central da mobilização contra o Governo expulsou das suas fileiras o grupo que defendia uma INTERVENÇÃO MILITAR CONSTITUCIONAL PROVISÓRIA, nos termos do art.142 da Constituição, numa atitude nada democrática e incompatível com o espírito da mobilização.

Até parece que esses “comandos” estavam sob a supervisão governamental, que sempre viu na decisão que eles “burramente” tomaram um “plano B” para o próprio aparato governamental, que não se resume só na pessoa da Presidenta Dilma, nem só no PT.

O que a “massa” dos manifestantes aprovou é só o afastamento da Presidenta Dilma, deixando intocado todo o seu aparato de sustentação, que está acampado forte nos Três Poderes (Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário). Isso significa que não poderá ser cogitada nenhuma outra saída da Dra. Dilma que não seja a RENÚNCIA PRESIDENCIAL (que só depende “dela”) ; o IMPEACHMENT (impedimento) ,que depende do Legislativo Federal ; MORTE, INCAPACITAÇÃO, ou impossibilidade assemelhada.

Isso quer dizer que não existe nenhuma forma legal de fazer-se as mudanças necessárias no aparelhamento estatal brasileiro, onde são requeridas medidas de impacto nos Três Poderes, conforme o entendimento das mobilizações de 12.4.15,certamente inteiramente satisfatórias ao aparato governamental, exceto , talvez, à própria Presidenta Dilma, que iria ao “sacrifício”, em nome de um “bem”  maior.

É a repetição da velha história que “mudariam as moscas, mas a m... continuaria a mesma”.

Sem dúvida “64” tem força para causar uma certa aversão das pessoas à ideia de uma iniciativa MILITAR (intervenção). Mas é bom lembrar que naquele período a sociedade civil teve paz , segurança e bastante progresso, mais que hoje.

É preciso despojar-se das mentiras e mesmo “lavagem cerebral” que se fazem agora a respeito. Hoje não tem mais nada disso. Os militares não foram perfeitos, certamente. Mas foram melhores que os larápios de hoje.

Mas entre 64 e agora , existe grandes diferenças. Principalmente na apreciação da eventual “legalidade” de alguma iniciativa.

O contragolpe de 64 deu-se à luz da Constituição de 1946, onde não era prevista a INTERVENÇÃO MILITAR. A Constituição vigente, de 1988,prevê a intervenção militar (art.142),e só com ela haverá esperança de alguma mudança real, com a imediata transferência dos poderes políticos à sociedade civil, mediante novas regras constitucionais e eleições limpas.


13 de abril de 2015
Sérgio Alves de Oliveira é Advogado e Sociólogo.


NOTA AO PÉ DO TEXTO

Não consegui atinar com a ótica enviesa do texto... Enxergar um duplo fracasso num movimento que mobiliza uma enorme massa de pessoas, parece-me desusadamente estranho.

Não vi em lugar algum previsão de 10 milhões de manifestantes. Um exagero descabido. Também não tratou a manifestação de impichar todo o aparato de Estado, todo o staff da presidente, o que não teria qualquer sentido.

Sobretudo, a proposta do movimento é indicar a corrupção, a impunidade, o impeachment, e a indignação dos brasileiros atentos ao golpe petista com a farsa da sua reforma. Também não levantou a bandeira da intervenção militar.

Uma vez testada a insatisfação e o apoio que foi dado por inúmeras cidades e capitais à manifestação, caminha ela para a sua segunda fase: invadir o Congresso com a partidarização do movimento. Convocar os "representantes" do povo, que se alinham as propostas da manifestação, que façam valer os seus mandatos em prol da causa, pois foram eleitos para isso, por incrível que tal atribuição possa parecer, pelo fato de pouquíssimos mandatos terem cumprido essa obrigação.

A partir desse momento, ganha um novo caráter a manifestação: passa do grito massificado da nação, para a representação legal e política desse grito.

Não houve vitória alguma do governo. O que há no andar de cima, é a impossibilidade de prever até aonde pode chegar a "rua".

O risco de que possa ocorrer a manipulação das lideranças pelo governo, é preciso esperar, observar, e interditar essa possibilidade.

Movimento de massas, em que necessariamente é preciso liderança de um grupo que articule a proposta básica do que a nação quer, deve ser voz consonante e unívoca dos objetivos fundamentais do movimento que afinal, encontrou respaldo na "rua" e a ela deve respeito e fidelidade. Para isso, nasceu a ALIANÇA NACIONAL DOS MOVIMENTOS DEMOCRÁTICOS, que se reunirá dia 15 de abril em Brasília, com a pauta definida que mobilizou a nação.


m.americo

http://lorotaspoliticaseverdades.blogspot.com/2015/04/o-duplo-fracasso-de-12042015-apos-as.html
 

2 comentários:

  1. Caro M.Américo: Também ñ entendi sua observação. Essa "Aliança"que vai a Brasilia dia 15 vai ser recebida com tapetes vermelhos,pelo Congresso. Ela é "do"Governo,"deles",talvez inspirada no Decreto 8.243. Pode até ser sem consciência,mas é mais um movimento "faz-de-conta",como quase tudo no Brasil. Será "oposição"ao governo criada por ele próprio,como "Plano B"..Não há outra saída que não seja fechar os Três Poderes e recomeçar tudo de novo. Mas isso só c/intervenção militar provisória.Em todo o caso,agradecido p/ publicação do meu texto.

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  2. Caro amigo, política é um jogo de xadrez, em que todos os movimentos devem ser pensados e antecipados aos lances do adversário. Mas veja comigo... A possibilidade de essa "aliança" ser mais uma fraude, ou mais um golpe petralha, anulando a manifestação e trazendo o pirão para a sua tigela, soa um tanto avançada como previsão do que realmente se esconda em tal "aliança". Não conheço os dados de que você dispõe para afirmar ou supor possível uma trama dessa ordem. Imagino que se tal acontecer, dificilmente qualquer outra organização que envolva convocar a nação para manifestar-se, caia na mais absoluta falta de credibilidade.
    Não posso discordar da sua opinião, pois não conheço os organizadores dos movimentos, assim como não posso julgá-los pela mesma razão.
    Mas em Pindorama, não seria uma novidade, que tal traição ocorresse.
    Se realmente tratar-se de mais um "faz-de-conta", acredite, concordarei com a sua opinião, de que somente restará a intervenção militar, somente a faxina geral, ou como você diz, somente começando tudo de novo. Reluto em aceitar a idéia da intervenção, apesar de ser o possível caminho, uma vez que outra alternativa não reste.
    Obrigado pelas suas ponderações.

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