"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

PERIGO NO HORIZONTE ECONÔMICO DA AMÉRICA LATINA

       


A América Latina deve se preparar para tempos difíceis, especialmente os países com rombos nas contas externas, como o Brasil. Com a forte queda dos preços das commodities (mercadorias com cotação internacional) exportados pela região, uma quantidade menor de dólares será despejada nessas economias, dificultando o financiamento dos déficits. O resultado será o enfraquecimento das moedas locais e a valorização da divisa norte-americana, um perigo para o controle da inflação.

Na avaliação de Marcos Buscaglia, economista do Bank of America Merrill Lynch, para tentar manter o controle da situação, os bancos centrais latinos serão obrigados a se desfazerem de parte de suas reservas internacionais a fim de conter excessos na alta da moeda dos Estados Unidos. Ele ressalta, porém, que essas operações de venda de dólares têm limite.
Por isso, o risco de alguns países mais intervencionistas recorrerem a medidas extremas, como a limitação de importações. “Esse tipo de decisão não cabe, contudo, para Brasil, Colômbia e Peru”, afirma.

Pelos cálculos de Buscaglia, os preços da soja, principal produto agrícola exportado pela região, caíram 33% desde 25 de junho último. O tombo já se reflete no saldo da balança comercial de vários países e deve ficar mais explícito a partir de 2015, justamente quando o Federal Reserve (Fed), o Banco Central dos EUA, começará a elevar a taxa de juros, tirando recursos que hoje irrigam as economias latinas emergentes.

CHILE SAIU NA FRENTE

Prevendo possíveis dificuldades, o Chile saiu na frente e começou a reduzir o rombo nas contas externas. A previsão de Buscaglia é de que o deficit caia de 1,4% para apenas 0,5% do PIB entre 2014 e 2015.
No Brasil, a desaceleração será bem mais lenta, de 3,5% para 3,1%. Hoje, quase 30% do buraco nas transações correntes do país governado por Dilma Rousseff com o exterior vêm sendo financiado com capital especulativo, de curto prazo, que pode fugir a qualquer momento.
Por isso, a economia brasileira é apontada como uma das mais frágeis do mundo em caso de mudança na política monetária norte-americana.

O Peru também não está em situação das mais confortáveis, destaca o economista do Bank of America Merrill Lynch. Como a economia local está muito dolarizada, uma forte valorização da moeda dos EUA pode provocar estragos significativos. Não é só. A perspectiva é de que o rombo nas contas externas do país vizinho aumente, em vez de encolher, de 6,5% para 7,1% do PIB.

02 de outubro de 2014
Vicente Nunes
Correio Braziliense

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