"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

segunda-feira, 12 de maio de 2014

CADA MÃE A SEU MODO

Costumam citar a nós, mães, como se fizéssemos parte de uma confraria homogênea, todas pensando e sentindo da mesma forma e com as mesmas necessidades.

O que temos em comum são justamente histórias distintas umas das outras. Que a gente viva uma realidade parecida com a de nossas amigas, é explicável, já que originadas do mesmo meio, mas e as outras tribos de mulheres? As indígenas, as faveladas, as evangélicas, as socialites, as presidiárias, as analfabetas, as PhD, as atletas, as aposentadas? Terão todas as mesmas necessidades, serão todas iguais?

Existe mulher de todo tipo. Nossas semelhanças? Somos ao mesmo tempo frágeis e fortes. Leoas, às vezes; em outras, gatas – conforme a exigência do momento. Todas vaidosas, umas mais e outras menos. Todas com a cabeça funcionando em carga máxima – mulher pensa demais, muito, exageradamente, o que não significa que esteja pensando certo. Falantes? A maioria. Doces? É parte da lenda.

Fora isso, uma é diferente da outra. Tem a que humilha a atendente da loja e tem a atendente de loja que aguenta calada porque não pode perder o emprego. Tem a que nunca trabalhou porque não precisa, e a que nunca trabalhou porque até agora não lhe deram uma chance. Tem a que é professora de dia e aluna à noite – segue tentando se qualificar para ver se melhora o salário.

Tem a que ganha a vida fazendo sexo, a que aguarda um primeiro amor, a que aguarda um novo amor e a que deseja que seu marido desapareça e que a libere para si mesma. Tem a que apanha do seu homem e tem a que bate nos filhos, tem as honestas e as nem tanto.

Tem mulher que não sabe se defender e tem mulher que sabe atacar, tem as muito bacanas e as muito chatas, tem as feias, as belas e a maioria.

Tem mulher que é magra de ruim, tem a gorda sem culpa e tem a que não se pesa. Tem as que gostam de homens, as que gostam de mulher e as que gostam de ambos.

Tem a maluca. A turma das malucas forma um contingente considerável, vale ressaltar. E tem as certinhas, as que jamais erram, o que não deixa de ser uma maluquice também. Tem a que se arrepende secretamente de ter tido filhos e a que teve e nunca imaginou que seria uma experiência tão espetacular e intensa, e tem as que não tiveram, mas que são mães das árvores, mães dos bichos, mães do planeta. E todas, sem exceção, são filhas de uma mulher com suas próprias necessidades secretas.

Mãe é mãe, só muda de endereço. Essa frase virou um clássico. Reforça a ideia de que em cada endereço há uma mulher idêntica a todas as outras, com o mesmo padrão de comportamento, fazendo e sentindo tudo igual. Reproduzidas em série.

O que pouco se diz é que em cada endereço há uma mulher parindo a si mesma – diariamente.


12 de maio de 2014

Martha Medeiros, Zero Hora

Nenhum comentário:

Postar um comentário