"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

domingo, 16 de fevereiro de 2014

ESGOTAMENTO BRASILEIRO

 

 

 

Estamos nós, cidadãos brasileiros, em situação de esgotamento. Já estamos dando sinais de que a cabeça não trabalha bem, e quando isso ocorre o corpo também falha. Somos hoje seres doentes, maltratados por um estado de coisas que nos pressiona e que nos empurra, por meio de uma toada lenta, sádica e masoquista, para uma espécie de tripalium.
 
Somos vítimas de nós mesmos, de nossa consciência distraída e de um país em que não só os extremos, mas o seio da sociedade se perde em colapso. Os nossos direitos estão se evaporando e só temos os deveres cobrados se eles forem para fazer os acertos com o fisco.

A leniência faz parte dos três Poderes da República e os transforma em um conjunto esquizofrênico e estéril. Eles não têm mais o controle da situação.
Em ruas, escritórios ou em repartições públicas as pessoas não se entendem. Encontramo-nos de pé, fatigados, em uma torre de babel apertada e encalorada. As forças estão se exaurindo.

Toma conta de nós uma raiva contida, silenciosa, que, guardada, transforma-se em ressentimento. Somos, então, pessoas ressentidas, sem expectativa de dias melhores, o que faz a paisagem de nosso mundo ficar mais feia, mais cinza.

Faltam-nos gentileza, competência, vontade e uma certa porção de “raiva” boa, aquela que provoca mudanças de fato. Reações que não nos ressentem, mas que nos alertam.
E esse esgotamento do brasileiro como cidadão, do Brasil como nação, não traz somente prejuízos imediatos. Traz consigo a falta de esperança, o que de pior pode existir para uma pessoa, uma gente, um país.

PAÍS PARALISADO

O Brasil parece mais um barco remendado no meio do oceano, sem vento para soprar suas velas, seja para qual direção for.
O fim de um cansativo dia de trabalho não é mais motivo para irmos embora e recarregar nossas forças com os bons fluidos da família, que, também já intoxicada por notícias ruins proliferadas por todo tipo de ferramenta, esgota-se aos poucos, deixando às crianças o abandono e a falta de amparo.

Resta-nos, neste universo em desespero, nos contentar com o fato de que a desgraça do outro é maior do que a nossa.
Viver no Brasil, nos dias de hoje, não é somente sobreviver a tiroteios, enfrentar congestionamentos, ser roubado nas ruas e surrupiado em conchavos de gabinetes políticos. Não é mais ter que aceitar a precariedade da saúde e a falta de educação de mínima qualidade.

Ser brasileiro, sem sentir vexame, é ter a habilidade, quase transcendental, de se despir de todo o mal que a própria sociedade cria e se reinventar. Só um novo advento é capaz de mudar as coisas. Fiat lux!

(transcrito de O Tempo)

16 de fevereiro de 2014
Heron Guimarães

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