"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

BRASIL, INFERNO OU PARAÍSO?


 

O Brasil, que dentro de quatro meses receberá os jogos da Copa do Mundo, cujo intuito maior é mostrar o País aos que aqui chegarem do exterior, é o mesmo Brasil que corre o risco de ser mais divulgado lá fora pela criminalidade do que pelos resultados dos confrontos entre as seleções.
O País não está preparado para receber, como imaginava, uma enxurrada de turistas e se transformar, a partir da sua beleza, num dos polos mais importantes do mundo para esta indústria. Quando, de repente, a população se assusta na medida em que os arrastões acontecem até dentro de hospitais, com ocorreu recentemente, passa a não ser um País que pode se apresentar como civilizado, nem muito menos que esteja preparado para receber milhares de visitantes.
 

A violência, dos últimos anos, se entranhou no cotidiano. Amedronta sair às ruas por nunca se saber o que pode acontecer. Não adianta tentar mentir e pregar que a violência está em processo decadente. Não é essa a realidade. Há um esforço para combatê-la, é certo, mas a população já não sabe quem é o bandido, quem são os policiais. Volta e meia surgem informações de chacinas patrocinadas por policiais, ou torturas, latrocínios e homicídios. Há um esforço dos governos para combater a violência interna, cometida pelo próprio Estado, mas é uma missão difícil na medida em que há, nos quartéis, um corporativismo. É fato, de outro modo, que a maioria dos policiais é  formada por homens corretos que cumprem as suas missões como devem, mas também o é que nem todos são assim, e passa até perigoso impedir ou delatar o que acontece, a partir dos quartéis.
 

Na Bahia, tentou-se um esforço para impedir que a violência se espraiasse. Conseguiu-se alcançar alguns resultados positivos, mas não o suficiente para tranquilizar a população. Basta verificar a quantidade de caixas eletrônicos de bancos que são explodidos diariamente. Só vez por outra alguém é preso porque a rede de quadrilhas atua tanto na pela Capital quanto no interior, onde o policiamento é diminuto e não raro faltam viaturas. Isso quando não falta o combustível. Assim é. Não se nega os esforços do secretário de Segurança Pública, do coronel comandante da PM, mas ambos sabem que o mal não está somente fora e, sim, dentro do aparelho policial.
 

O Brasil é um País que expõe ao mundo os seus imundos presídios superlotados de presos condenados e não apenados, onde o esporte é a decaptação de companheiros, como acontece no complexo de Pedrinhas, no Maranhão da oligarquia dos Sarney. O sistema penitenciário brasileiro é uma afronta aos direitos humanos. Alegam-se a falta de recursos suficientes para dotá-los do mínimo necessário para atender os presidiários. Enquanto isso, rouba-se, e rouba-se muito no aparelho governamental, onde a corrupção impera sem que haja combate como se era de desejar. Surgiu uma luz quando o Supremo Tribunal Federal condenou os mensaleiros, mas, de outro modo, ainda anteontem o ministro Gilmar Mendes observou que a coleta de recursos posta em prática por José Genoíno e Delúbio Soares para pagar as multas de suas condenações pode ser uma forma de lavar dinheiro. Disse: “Não se arrecada tanto dinheiro em tão pouco tempo” - R$700 mil para Genoíno e mais de R$1 milhão para o ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares. 
 

O ministro Gilmar Mendes pediu que o Ministério Público Federal apurasse a origem do dinheiro e que a Receita Federal também faça a parte que lhe cabe. Já se pensa  numa nova “vaquinha” para pagar a multa de José Dirceu, um homem que,segundo consta, tem muito dinheiro espalhado pelo mundo. Na verdade Dirceu virou mito, tanto quanto Lula. Averiguar a origem de tais recursos é mais um problema que se coloca à frente das autoridades.
 

Esta Copa do Mundo que vem aí poderá ser um estrondoso sucesso e não acontecer nada do que acima foi dito e o Brasil passar aos olhos do mundo como uma espécie de paraíso tropical, um País onde a miscigenação de raças impede a discriminação (o que não é verdade) assim como há ampla liberdade para todos os cultos. Se assim acontecer, se a bandidagem der uma trégua, se os homicídios diminuírem, o Brasil estará salvo. Não é difícil imaginar que possa haver uma trégua entre quadrilhas e polícia, incluindo as que estão nos presídios e de dentro controlam o que acontece fora.
 

Mais difícil, muito mais difícil, é sufocar a voz da cidadania que irá às ruas do País protestar pela economia curupira que passou andar para trás, contra a corrupção, por uma reforma política que o Congresso teima em não fazer e pelas dificuldades em inúmeros segmentos que se enfrenta no dia-a-dia.
 
06 de fevereiro de 2014
Samuel Celestino

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