"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

DILMA DÁ UMA MÃOZINHA À "BANCADA DA BOLA", A CBF E A EMPREITEIROS

Governo dá uma mãozinha à “bancada da bola”, à CBF e a empreiteiros — e a CPI sobre o futebol e os gastos da Copa vai para o ralo. É o governo campeão da “transparência” em ação


Ideli: bye, bye, CPI (Foto: Agência Brasil)
Ideli: bye, bye, CPI (Foto: Agência Brasil)

Pouca gente saber dizer o que faz, realmente, no dia a dia, a ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti.
 
Ela aparece menos do que outros ministros. E, volta e meia, aparece mal.
 
Vejam só: o senador Mário Couto (PSDB-PA) apresentou, no Senado, projeto de constituição de uma Comissão Parlamentar de Inquérito para, hipoteticamente, ir fundo na questão do futebol no Brasil. A ambição da CPI era provavelmente excessiva para um Congresso onde existe, há anos, uma “bancada da bola” que faz o possível e o impossível para impedir que as bandalheiras do futebol e, especialmente, da CBF, sejam trazidas à tona.
 
A intenção declarada do senador era investigar não somente a penca de suspeitas pendentes sobre a CBF mas também problemas em federações estaduais e — aí 0 bicho pega — a montanha de dinheiro público enterrada na construção de estádios para a Copa de 2014.
 
Quer dizer, além de esbarrar nos interesses escusos do futebol, a CPI poderia afetar empreiteiros de obras, também detentores de poderoso lobby no Congresso.
 
A coisa na caixa-preta que é a CBF, como se sabe, é tão feia que, chegada a um ponto, o que parecia seu presidente perpétuo, Ricardo Teixeira, acabou sendo ejetado — embora para um doce e milionário exílio em Miami, nos Estados Unidos. A caixa preta, contudo, não foi aberta, e parece que nem será.
 
O Regimento Interno do Senado exige que 27 senadores — um terço do total — apoiem a formação de uma CPI para que ela possa existir. O senador Mário Couto arrebanhou 33 assinaturas, folgadas sete mais do que o necessário.
 
Antes da CPI ser instalada, porém, o Planalto mandou correndo a ministra Ideli ao Congresso, com a gloriosa missão de articular a retirada de assinaturas para barrar as investigações.
 
Deu certo. A ministra baixou no Congresso, conversou com muita gente e, no final das contas, nove senadores da base de apoio parlamentar do governo retiraram suas assinaturas.
 
A CPI morreu antes de nascer.
 
E este é o governo que fala, de boca cheia, em “transparência”.
 
Este é o governo que alega ser o campeão da luta contra a corrupção.

06 de novembro de 2013
Ricardo Setti - Veja

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