"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sábado, 30 de novembro de 2013

DILMA CHAMA LULA PARA DESTRAVAR ALIANÇA NOS ESTADOS

Dilma chama Lula para destravar aliança nos Estados

 
Para tentar reduzir os danos eleitorais que o racha entre o PT e os partidos aliados poderá causar à campanha pela reeleição, a presidente Dilma Rousseff, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o presidente do PT, Rui Falcão, e o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, reúnem-se hoje com as cúpulas do PMDB e do PP na Granja do Torto, em Brasília.
 
 

A ideia é avançar nas negociações dos palanques estaduais com os maiores partidos da base, uma semana depois de Dilma ter assegurado o "independente" PSD na coalizão de sua reeleição. Unidos, PT, PMDB, PP e PSD garantem quase metade do tempo do horário eleitoral gratuito de rádio e televisão.
 
A reunião de hoje tenta sanar os problemas identificados em 11 Estados em que PT e PMDB têm palanques, por ora, separados. Do lado peemedebista, participarão do encontro o presidente do partido e vice-presidente da República, Michel Temer, os presidentes do Senado, Renan Calheiros (AL), e da Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), e o presidente interino da agremiação, senador Valdir Raupp (RO). "Quando há tempo não há pressa", afirmou Raupp, que aposta na redução de danos no encontro de hoje. Mesmo que a situação não se resolva em boa parte dos Estados, ele disse que não há nenhuma possibilidade de o PMDB romper a aliança com o PT. "Não temos outro projeto e romper sem ter uma candidatura não vale a pena", disse ele.
 
Entretanto, setores insatisfeitos pressionam a cúpula do partido a resolver suas situações sob pena de liderarem uma rebelião interna que poderia atrapalhar a consolidação da aliança. Essa mobilização ocorre principalmente no Rio de Janeiro e no Ceará. Justamente os Estados dos líderes da Câmara, Eduardo Cunha (RJ), e do Senado, Eunício Oliveira (CE), que não participarão do encontro de hoje.
 
No Rio, o partido já considera até mesmo uma aliança com o PSDB se o PT lançar mesmo o senador Lindbergh Farias a governador - anteontem, Lula interveio para adiar o desembarque dos petistas do governo Sérgio Cabral. No Ceará, o PT tem seu futuro aliado ao governador Cid Gomes (PROS). Mas Eunício quer se candidatar ao cargo com o apoio petista. Na Bahia, o caso é dado como perdido. O vice-presidente da Caixa Econômica Federal, Geddel Vieira Lima (PMDB), será candidato contra o candidato do governador Jaques Wagner (PT).
 
No PP, o problema está em três Estados que pretendem se aliar à oposição. Minas e Rio pretendem apoiar a candidatura do senador Aécio Neves (PSDB). Rio Grande do Sul não deseja apoiar o PT. "Vamos ver se é possível resolver isso", disse o presidente nacional da sigla, senador Ciro Nogueira (PI), que se encontrará com os petistas também hoje, depois da reunião de Dilma e Lula com os peemedebistas. Também participarão do encontro os correligionários Aguinaldo Ribeiro, ministro das Cidades, e o líder na Câmara, Eduardo da Fonte (PE).
 
Congresso. Além dos palanques estaduais, a relação PT-PMDB enfrenta desgaste crescente no Congresso que acaba por influenciar a relação fora dali. O PT critica nos bastidores a "pressa" de Henrique Eduardo Alves em abrir um processo de cassação contra o deputado José Genoino (PT-SP), condenado no processo do mensalão e preso desde o dia 15.
 
Por sua vez, o PMDB ataca a estratégia do PT e do governo de impedir a aprovação da proposta de emenda constitucional (PEC) do Orçamento Impositivo, que obriga a União a pagar as emendas parlamentares individuais. A PEC é considerada fundamental para garantir recursos aos parlamentares peemedebistas abastecerem suas bases no ano eleitoral e, dessa forma, tentar voltar a ser a maior bancada da Câmara, posto perdido para o PT nas eleições de 2010.
 
Sob o comando do governo, os petistas tentam se aproveitar de uma situação criada pelo líder do DEM, Ronaldo Caiado (GO), para impedir a aprovação da proposta neste ano. Um requerimento de Caiado aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça retirou da proposta a parte inserida no Senado que cria um piso de 15% da receita líquida para investimento da União na área da saúde.
 
Essa inclusão pelos senadores foi acertada com o governo até mesmo para Dilma apresentar na campanha eleitoral um aumento dos recursos para uma das áreas cuja avaliação é considerada negativa por boa parte da população, segundo pesquisas. Sem a destinação para a saúde, o governo perdeu a disposição de apoiar a PEC. O PMDB ameaça agora não aprovar o Orçamento de 2014 se o PT não apoiar a PEC.
 
Os dois partidos têm ainda posições divergentes em relação ao Marco Civil da Internet e à criação de um piso nacional para os agentes comunitários de saúde. O presidente da Câmara quer aproveitar a reunião para fazer o debate sobre os problemas no Congresso. Para ele, ao se digladiarem os dois partidos acabam por enfraquecer o governo.
 
Microalianças.
O acúmulo de problemas tem feito com que os dois partidos passem a buscar composições dentro da Casa para vencer o "aliado-rival". O PT espera contar com o PP e o PR, que tem Pedro Henry (MT) e Valdemar Costa Neto (SP) entre os condenados do mensalão, para impedir a abertura imediata de processo contra Genoino devido a seu estado de saúde. Alves, por sua vez, tem a oposição a seu lado e acredita que a Casa não deve embarcar na "luta política do PT".

30 de novembro de 2013
JOÃO DOMINGOS , TÂNIA MONTEIRO , EDUARDO BRESCIANI / BRASÍLIA - O Estado de S.Paulo
COLABOROU RICARDO DELLA COLETTA

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