"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

ESTATAL MANIPULADA


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Nos últimos anos, em particular, a partir de 2008, o mercado em geral e os acionistas da Petrobras passaram a perceber a utilização da companhia como complemento de política econômica e verificar um distanciamento das expectativas que os levaram a investir na estatal após a abertura de 1997.

As causas da deterioração são conhecidas e o problema é que muito se fala e muito pouco se faz.

Enquanto isso, os números da empresa vão piorando e o horizonte continua de cinza para negro. Exemplos não faltam. O governo obriga a empresa a manter os preços domésticos defasados em relação ao mercado internacional com o objetivo de controlar a inflação e incentivar a atividade econômica.

Desde 2003 a defasagem dos preços da gasolina e do disel promoveu perdas de mais de R$ 40 bilhões. Em 2013 a estatal tem perdido algo em tomo de 1 bilhão de reais mensais só com a importação de gasolina e diesel. Paralelamente, o crescimento da demanda incentivado pelo preço artificialmente baixo levou a empresa a importar grandes volumes de gasolina e diesel.

Entre o 1º trimestre de 2010 e segundo trimestre de 2013, a área de abastecimento da Petrobras já acumula prejuízo de cerca de R$ 36 bilhões e as importações de gasolina cresceram 395%. Por conta disso, a empresa tem tido dificuldade para cumprir seus cronogramas de investimento, e o resultado tem sido o atraso em vários projetos e a queda na produção.

Outro caso emblemático é a construção da Refinaria Abreu e Lima (RNEST), em Pernambuco, refletindo problemas relativos à gestão de projetos na Petrobras. Ao longo da construção, o custo previsto do projeto se multiplicou por dez, de US$ 2,3 bilhões para US$ 20,1 bilhões. Isso sem falar na compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, por um preço ainda não explicado de forma transparente.

Como resultado de todos esses desmandos, a lucratividade da empresa desabou, levando ao aumento de seu endividamento. Apesar de em 2010 realizar a maior capitalização da história, que gerou uma injeção de R$ 45 bilhões em seu caixa, a empresa se encontra hoje perigosamente perto dos níveis que fariam com que perdesse seu status de investment grade.

O seu endividamento cresceu 210% após a capitalização, e sua relação dívida líquida/ebtida e dívida líquida/capital líquido se encontram em 2,9x e 34%, respectivamente, mesmo com a empresa se utilizando de "contabilidade criativa" que reduziu 70% do impacto da desvalorização cambial sobre a sua dívida. Agora a saída encontrada é o plano de desinvestimento, onde a empresa está vendendo ativos, como metade dos campos de petróleo que possuía na Africa.

O próximo passo poderá ser a promoção de uma nova capitalização após as eleições de outubro de 2014, o que irá provocar uma diluição maior dos minoritários, aprofundando o movimento de estatização da empresa. Pouco ou nada a comemorar em outubro quando a Petrobras completará 60 anos.

  Adriano Pires / Diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura
23 de setembro de 2013

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