"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

A GUERRA DA DESINFORMAÇÃO


Tem aquele ditado segundo o qual a primeira vítima de uma guerra é sempre a verdade. Verdade! O Brasil convive com algumas guerras cotidianas nos morros, no trânsito, nos rincões do país e, evidentemente, na política partidária.
 
Em todas essas frentes, informações são torturadas, detidas e assassinadas diariamente; vide o caso Amarildo, no Rio.
Acontece que os crimes são cometidos contra a verdade, nos mais diversos campos, e os cadáveres acabam entrando no cálculo da última batalha da lista acima, a ideológica.
 
O bipartidarismo informal do Brasil, quase igual ao do sistema norte-americano, coloca-nos numa espécie de campanha eleitoral perene. Aécio Neves acusou a presidente Dilma Rousseff de ser uma “candidata ocupando a cadeira da Presidência da República” em virtude do pronunciamento dela no 7 de Setembro.
Mas não é ele um candidato de oposição ao Planalto sentado numa cadeira de senador? E qual é o projeto principal de um parlamentar? A reeleição. Na gestão pública brasileira, seja no Executivo ou no Legislativo, são todos eternos candidatos. Melhor, são soldados nessa guerra fria partidária de dois lados.

A militância se desvirtuou em campanha constante, e o compromisso com a verdade é prescindido em favor do prioritário projeto de poder. São diversos os “fronts” explorados pelas milícias partidárias. A passeata contra a corrupção recebe gente infiltrada. Cartazes e pichações nos muros dizem mais do que as palavras expressam.

No mercado editorial, livros com capa e discurso sérios fazem panfletagem deslavada para um lado ou para outro. Gráficos e séries estatísticas atestam qualquer tese que se queira demonstrar – números são dados virgens, conteúdo em estado bruto e de matéria maleável.

CAMPO ABERTO
 
Na internet, esse campo aberto em que todo mundo é produtor e promotor de conteúdo, a batalha partidária é franca, desembargada. Nas redes sociais, então, discursos enviesados e conspirações são munições plantadas, curtidas e compartilhadas. Há quem se revolte com energia suficiente para um clique, e há quem retruque. São palavras e mais palavras que se desmancham na tela, até surgir o novo post, mais “bombástico”.

A um ano da eleição, a indústria do dossiê opera a todo vapor, sem dúvida, e os guerrilheiros digitais, sejam mercenários ou militantes, se ainda não se armaram, breve começarão a plantar suas minas em blogs e fan pages arquitetadas para parecer independentes. Nessa guerra, perdemos todos, inclusive nós, que militamos por um jornalismo sério.

O bombardeamento é geral, e, admite-se, fica difícil ter convicção sobre Mais Médicos, black blocs, mensalão e Amarildos. Resta a desconfiança, baliza firme, de que a verdade, essa musa inatingível, é muito mais complexa do que dois lados insistem em nos convencer.

(transcrito de O Tempo)

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