Em Política, não dá para ser morno. Ou se é quente ou frio. Bancar o isentão ou ficar em cima do muro é postura covarde. Apoiamos a eleição de Jair Bolsonaro. Continuaremos apoiando o governo até seu último dia. Só que isso não significa que sejamos obrigados a assumir uma postura acrítica. A regra é aplaudir o que é certo, cobrar o que tem de ser feito e foi prometido e reclamar das posturas eventualmente erradas dos componentes da administração federal.
É fundamental aproveitar o momento pandemônico para antecipar posicionamentos estratégicos. Apoiar o governo Bolsonaro não significa apoiar a reeleição dele. No Brasil, a reeleição é uma desgraça gestada pelo ex-Presidente Fernando Henrique Cardoso. Curiosamente, o Príncipe dos Sociólogos é um dos críticos atuais da reeleição. Não importa a motivação oportunista do FHC – que teme o avanço temporal do Bolsonarismo. A reeleição é uma porcaria. Serve mais para manter os erros da gestão anterior. E menos para dar continuidade no bom trabalho.
A reeleição é uma ilusão. Trata-se de mais uma “jabuticaba” tupiniquim. Não contribui para o processo de construção da Democracia. O ideal é a rotatividade de poder. Tal princípio vale para a gestão de governos e das organizações em gerais. O dirigente que tenta se perpetuar na função de comando fica refém dos próprios erros e defeitos. Não é à toa que as Forças Armadas, instituições permanentes, primam pela alternância dos postos de chefia ou comando.
É ético e saudável deixar claro o posicionamento editorial no momento em que o Presidente da República, em alta popularidade, também sofre as maiores críticas de seus aliados de primeira hora, principalmente na classe média para cima. Pelas regras atuais, Bolsonaro tem grande chance de ser reeleito. O perigo é se isso se transformar no principal alvo do Presidente. Aliás, por uma questão humana é até compreensível o desejo de seguir mandando (ou de ter a ilusão disso).
A reeleição complica a gestão política. Vide a insanidade que começa a tomar conta da discussão sobre o futuro da assistência social tocada pelo governo federal. A coisa ficou mais feia porque o “Auxílio Emergencial em tempos de Covid-19” é apontado como um fator decisivo para o aumento da popularidade de Bolsonaro. Assim, ganha importância o destino do “Renda Cidadã” ou “Renda Brasil”. Já se especula que Bolsonaro até prefere deixar para discutir o assunto em 2021, para implantar em 2022, tirando proveito no ano (re)eleitoral.
Os defensores mais radicais de Bolsonaro têm todo direito de reclamar: “Por que tirar dele o direito à reeleição?”. A questão não deveria ser bem esta. O mais sensato seria indagar se a reeleição é boa ou ruim para o Brasil. Desde FHC, passando pelos desastrosos governos petistas, até agora, a reeleição tem se mostrado uma tragédia. Quem está no poder tende a usar e abusar da máquina para se perpetuar no cargo. Este é o problema. Bolsonaro, por melhor que seja, dificilmente agirá diferente dos outros.
Alguém tem de acabar com a porcaria da reeleição. Bolsonaro poderia inovar e consertar a obrada cometida por FHC. A grande dúvida presente é se Bolsonaro vai ser fiel e coerente com suas promessas de reformas e mudanças, ou se vai ser mais um mero e medíocre refém do establishment, impedindo que avanços institucionais aconteçam no Brasil. O negócio é aguardar para ver o que acontecerá.
A eleição municipal já está mostrando a confusão entre o papel de prefeito e do candidato à reeleição. A situação patética vai se repetir na eleição do Presidente e dos Governadores. Vamos seguir neste mesmo esquema escroto?
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