Daurio Speranzini Junior, o CEO da General Electric para a América Latina, preso nesta quarta-feira (4) pela Polícia Federal, é um executivo que sempre foi reconhecido pelos funcionários como um incentivador dos programas de ética e compliance, a área responsável por manter o cumprimento das leis dentro da multinacional. Na GE desde 2011, Speranzini Junior escalou a hierarquia rapidamente, apesar de ter sido demitido pela concorrente Philips no ano anterior “após investigação interna”, segundo informações da Procuradoria.
Procurada pela reportagem, a Philips não detalhou os motivos da saída do executivo. Já a GE não comenta o assunto. Em nota, a empresa exalta os 30 anos de experiência do profissional, sendo duas décadas na área de saúde.
BELA CARREIRA – Speranzini alcançou o cargo de vice-presidente comercial da GE em 2013 e foi nomeado para uma nova função de direção em 2014. Sua mais recente promoção para a vaga na presidência da operação latino-americana da multinacional aconteceu em novembro de 2017.
Naquele momento, as investigações decorrentes da Operação Fatura Exposta (que meses antes prendeu o ex-secretário de Saúde Sérgio Côrtes) já avançavam sobre o período em que Speranzini havia sido CEO da Philips até 2010.
Segundo a Procuradoria, ele “permaneceu realizando as contratações espúrias com o poder público” mesmo após assumir o comando da GE.
PARTICIPAÇÃO – Sobre o protagonismo de Speranzini nos assuntos relacionados a compliance na GE, a empresa afirma que todos os executivos que ocupam cargos de liderança na companhia, e não apenas ele, são convidados a participar de eventos com os funcionários sobre o tema.
Os investimentos da Philips e da GE na indústria de máquinas de saúde no Brasil avançaram nos últimos anos.
A divisão de saúde da GE comercializa equipamentos médicos de imagem, como mamografia e ultrassom, além de serviços como manutenção, para hospitais públicos e privados. A empresa expandiu sua carteira de clientes no país após iniciar fabricação nacional, em 2010, em Contagem (MG), com a produção de raio-X.
Desde então, a unidade progressivamente introduziu a produção de tomografias, arcos cirúrgicos, ressonâncias e adicionou a linha de ultrassom em 2014. O resultado foi uma expansão das vendas a hospitais fora do eixo Rio-SP.
PARCERIAS – No início de 2017, a Philips anunciou intenções de realizar parcerias público-privadas para atuar na gestão de hospitais públicos, além de parcerias com empresas de medicina diagnóstica para prestar serviços a governos como o que já vinha fazendo com o governo da Bahia desde 2015.
Também no ano passado, a empresa modernizou suas linhas de produção de equipamentos com ressonância e tomografia em Minas Gerais.
Procurada pela reportagem, a Philips não informa se a deflagração da operação da Polícia Federal terá impacto sobre sua estratégia de expansão no mercado de saúde pública no Brasil.
07 de julho de 2018
Joana Cunha
Folha
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