No fim da tarde de quarta-feira, o prefeito Marcelo Crivella (PRB-RJ) recebeu cerca de 250 pastores e líderes de várias igrejas evangélicas no Palácio da Cidade, em Botafogo. Os convidados foram acomodados no salão do segundo andar do prédio construído em estilo georgiano, uma das sedes da administração municipal, onde garçons serviam croissants de geleia, sanduíches de queijo com damasco e bebidas em taças.
No evento, Crivella discursou por cerca de uma hora na presença do pré-candidato a deputado federal pelo PRB, Rubens Teixeira.
No evento, Crivella discursou por cerca de uma hora na presença do pré-candidato a deputado federal pelo PRB, Rubens Teixeira.
Antes do início do discurso de Crivella, uma assessora pediu para que ninguém tirasse ‘selfies’ nem fotografasse o evento. Intitulado “Café da Comunhão”, o encontro foi combinado por WhatsApp, em mensagem à qual O Globo teve acesso. Os organizadores pediram aos presentes que levassem “reivindicações por escrito, relações de suas igrejas e número de membros”.
EM CAMPANHA — “O pastor Rubens Teixeira, da Assembleia de Deus Campo de Madureira, foi diretor da Transpetro por sete anos. Ali era o epicentro da crise, era a Petrobras, diretores ali juntaram 100 milhões, 120 milhões (de reais). O presidente era o Sérgio Machado, delatou todo mundo, foi ao Sarney, que na época estava no hospital, e gravou a conversa com Sarney, com Renan, fez uma confusão danada, para livrar ele e o filho dele. Quando perguntaram sobre o diretor de administração e finanças da Transpetro, ele disse: ‘Desse aí não tenho nada a falar’. Ele (Rubens Teixeira) passou pelo fogo e nem um fio de cabelo queimou” — disse o prefeito.
Durante o evento, Crivella também ressaltou a importância de “vigiar” para que políticos corruptos não voltem ao poder. Também avisou que é preciso “votar em homens e mulheres de Deus”.
Altar de sacrifício – “Os meus irmãos precisam estar de olhos abertos, precisam saber que a política é o altar de sacrifício para nós. Nós temos que orar para Deus levantar homens e mulheres de fé, que sejam muito melhores do que nós somos, que possam crescer, que possam governar esse país com justiça e sobretudo não deixando o pobre ser explorado” — disse o prefeito.
“Vamos aproveitar esse tempo e, acima de tudo, vamos vigiar para a corrupção não voltar. Os políticos estão falando assim: ‘a onda vai passar, calma que daqui a pouco a gente volta, a gente faz tudo de novo do jeito que a gente quer’. E nós temos que vigiar. Nós precisamos votar em homens e mulheres de Deus, ainda que não seja um grande conhecedor da política é menos um corrupto. É menos um ladrão. Faço esse apelo a meus irmãos porque os políticos de ontem, envolvidos nos piores escândalos, vão trocar de camisa, vai vir em outro partido, vai contar outra história. Eles trocam de partido e de camisa mas não trocam de coração. O negócio é vigiar, meus irmãos. Eu peço a vocês com todo coração. Só Jesus para nos ajudar. É vigiar para não piorar”, acrescentou.
EVANGELISMO – Crivella traçou diferenças entre os evangélicos e os demais cidadãos, associando os seguidores da igreja à política:
“É diferente nosso espírito, é diferente a nossa maneira de pensar, e o Brasil precisa conhecer isso. Não importa se vai ser um trauma no princípio, se as pessoas vão reclamar, criticar. Nós temos que mudar esse país. É um sacrifício grande a gente estar na política, mas não podemos fugir, porque só o povo evangélico pode mudar esse país. Entre nós não há corrupção. A gente recebe o dinheiro do povo e a gente faz a casa de Deus. Os políticos sabem que só nós podemos dar jeito nesse país” — disse, acrescentando:
“O que nós precisamos é de ter uma política que faça com que esse país encontre o caminho do seu progresso e se liberte da corrupção. Nós somos a esperança. Nós pegamos a oferta do povo, levamos pro escritório, contamos tudo e a gente constrói igrejas. É esse Brasil evangélico que vai dar jeito nessa pátria”, acentuou e depois fez comentários sobre o ex-governador Sérgio Cabral, o governador Luiz Fernando Pezão e o ex-prefeito Eduardo Paes, comparado por Crivela ao rei da Babilônia, Nabucodonosor, que na Bíblia é descrito como um líder arrogante que acabou louco.
07 de julho de 2018
Bruno Abbud e Berenice
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