"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quinta-feira, 30 de novembro de 2017

A DITADURA COMUNISTA CHINESA FOI ASSUMIDA POR UM NOVO DITADOR.

Xi Jinping 'o próximo imperador(The Economist, outubro 2017).

Ao contrário do que os áulicos dizem, a pobreza aumentará na mesma proporção do aumento do poder do estado comunista. É quase o mesmo que o inferno na terra.

Xi Jinping 'o próximo imperador(The Economist, outubro 2017).
Entre as nomenklaturas comunistas e o alto capitalismo há curiosas consonâncias

Encerrou-se em Pequim a teatralização quinquenal máxima do XIX Congresso do Partido Comunista Chinês. O telão do teatro já baixou.

Como de praxe, as políticas que regerão a China nos próximos anos e as verdadeiras decisões já haviam sido tomadas antes.

A peça, encenada por 2.300 figurantes ou “representantes do povo”, foi executada ao pé da letra. Um só erro poderia acarretar a execução do infeliz discordante do coro.

A mídia oficial e estrangeira encheu o Ocidente com especulações animadas por indiscrições e subtis vazamentos, habilmente passados pelo Partido Comunista.

E o mundo pode julgar-se informado do que aconteceu no cenário.

Mas não ficará por certo sabendo das elucubrações enigmáticas dos manipuladores dos figurinos que nele se movem.

Em qualquer caso, a peça foi encenada para passar palavras de ordem sobre o futuro andamento da China.

No XIX Congresso do PC chinês, Xi Jinping ingressou no Olimpo marxista dos semideuses.

Nos outdoors, estações de trem e paradas de ônibus, seu enigmático sorriso diz: “Agora Big Brother sou eu”.

Nas lojas de souvenirs, pratos decorativos com sua imagem tornaram-se coqueluche. O turista deverá achar que o ditador é muito amado pelo povo.

A cúpula do regime foi atualizada de acordo com o organograma aprovado. E o culto à personalidade de Xi ficou no patamar do de Mao Tsé-Tung, o “pai fundador da pátria” que implantou o comunismo e esmagou o país com punho de ferro durante 27 anos.

Discutem-se quantas dezenas de milhões – ou centenas de milhões – ele matou em aras da utopia igualitária. Mas hoje Xi é tão divino quanto ele.

Quanto durará essa divinização? Depende de seu próximo sucessor, que é bom não fazer-se conhecer, caso queira ter vida longa.

Xi continuará sendo o ditador mas com poderes reforçados, como observou Francetv.info. 

Nas dez salas do Centro de Exposições de Pequim – prédio de estilo soviético coroado por una estrela vermelha e profusamente decorado com a foice e o martelo – ficou claro que a própria essência do comunismo continuará intocável sob o poder semidivino de Xi.

Tudo foi atribuído a ele: os trens contrafacionados de alta velocidade; o porta-aviões Liaoning, recuperado do ferro velho; o progresso econômico visando à hegemonia marxista chinesa universal; a erradicação da pobreza.

Consagrou-se a seu culto uma exposição com dezenas de fotos e vídeos para provar que ele é bem o rebotalho mais reles e igualitário do proletariado. E por isso é “divino”.

A amostra inclui fotos dele jovem sendo “reeducado” em Shaanxi durante a “Revolução Cultural” (1966-76); abraçando anciãos e crianças no estilo de Stalin, e, por que não, de Adolf Hitler. O figurino do ditador está completo.

As longas filas no ingresso garantem que a assistência à mostra servirá de argumento para galgar posições no partido e na burocracia estatal.

Uma jovem guia do jornalista do “ABC” de Madri nem soube dizer o que Xi diz ou pensa, e escusou-se dizendo que não tinha ouvido seu discurso na abertura do Congresso do Partido Comunista.

Mas reconheceu que terá de pelo menos decorar algumas frases para não ficar suspeita diante de seus colegas.


30 de novembro de 2017
Luis Dufaur
Escritor, jornalista, conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs

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