O presidente Michel Temer pediu ao STF (Supremo Tribunal Federal) a suspeição do procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Uma petição foi entregue à corte nesta terça-feira (dia 8) em meio ao inquérito do “quadrilhão” do PMDB.
“Já se tornou público e notório que a atuação do PGR, em casos envolvendo o presidente, vem extrapolando em muito os seus limites constitucionais e legais inerentes ao cargo que ocupa. Não estamos, evidentemente, diante de mera atuação institucional”, escreveu Antônio Cláudio Mariz, advogado de Temer, no pedido ao Supremo.
MOTIVAÇÃO PESSOAL – Para a defesa do presidente, a motivação de Janot é pessoal. “Estamos assistindo a uma obsessiva conduta persecutória”, acrescentou Mariz.
O embate entre Temer e o procurador-geral teve início em maio deste ano, por causa da delação premiada de sete executivos da JBS.
O empresário Joesley Batista gravou o presidente no Palácio do Jaburu, áudio que fez parte da colaboração feita com procuradores.
OUTRAS DENÚNCIAS – Após as revelações feitas pelo grupo, Janot abriu investigações sobre Temer e o denunciou pelo crime de corrupção passiva, mas a instalação do processo criminal, com afastamento de Temer por 180 dias, foi rejeitada pela Câmara dos Deputados.
Outras duas denúncias que têm o presidente peemedebista como foco ainda são esperadas: de organização criminosa e obstrução de Justiça.
Para Mariz, o auge do conflito foi quando o procurador-geral pronunciou a frase “enquanto houver bambu, lá vai flecha”, em um congresso de jornalistas em São Paulo. “Portanto, provar é de somenos, o importante é flechar”, disse Mariz. “O alvo de seu arco é a pessoa do presidente da República, não importam os fatos”.
ÓBVIAS PROVIDÊNCIAS – O advogado também questiona a ausência de adoção de “óbvias providências”, como a análise da gravação apresentada por Joesley – a perícia só foi feita depois de que a delação estava assinada e as investigações abertas.
Mariz voltou a dizer que o áudio não compromete o presidente, pois não tem nada de concreto sobre a atuação de Temer, o que ele chama de “meras deduções” do procurador-geral.
A defesa do presidente criticou por fim a escolha de Janot de um delegado específico para fazer as investigações, assim como a concessão de imunidade aos sete delatores. Mariz chama de “delações suspeitíssimas” as da JBS.
DELATORES “ORIENTADOS” – O defensor de Temer acusou a Procuradoria de orientar os delatores como agir no processo da delação, inclusive em relação às gravações de áudios. Mariz questionou ainda o fato do ex-procurador da PGR Marcello Miller, que atuou em ao menos três delações da Lava Jato, ter participado na defesa da JBS após deixar o Ministério Público. “O conflito de interesses é gravíssimo”, disse.
A Procuradoria ainda não se pronunciou.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Desse jeito, Temer acaba ganhando o Oscar da Falta de Criatividade. Está imitando Lula de todas das maneiras – primeiro denunciou Janot por “perseguição política”, exatamente o que Lula vive a fazer em relação ao procurador Deltan Dellagnol. E agora Temer pede que o Supremo declare a suspeição do procurador, exatamente como Lula fez em relação ao juiz Sérgio Moro. Agora só falta Temer também recorrer à OEA e à ONU. Mais parece Piada do Ano, mas de segunda categoria. (C.N.)
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Desse jeito, Temer acaba ganhando o Oscar da Falta de Criatividade. Está imitando Lula de todas das maneiras – primeiro denunciou Janot por “perseguição política”, exatamente o que Lula vive a fazer em relação ao procurador Deltan Dellagnol. E agora Temer pede que o Supremo declare a suspeição do procurador, exatamente como Lula fez em relação ao juiz Sérgio Moro. Agora só falta Temer também recorrer à OEA e à ONU. Mais parece Piada do Ano, mas de segunda categoria. (C.N.)
10 de agosto de 2017
Camila Mattoso e Bela Megale
Folha
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