"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

segunda-feira, 7 de agosto de 2017

EXCESSO DE EUFORIA DO MERCADO NÃO CONDIZ COM OS NÚMEROS DA ECONOMIA

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Charge do Montanaro (Portal UOL)
Apesar do oba-oba que tomou conta do mercado após a Câmara dos Deputados barrar o avanço das investigações contra o presidente Michel Temer, o futuro das reformas é incerto. Embalado pela euforia de quem interpretou a decisão do Legislativo como uma vitória, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, voltou a fazer previsões otimistas. Após encontro com investidores, em um evento realizado sexta-fiera em São Paulo, ele afirmou que a reforma da Previdência deve ser votada até outubro.
Além disso, o chefe da equipe econômica disse que o Executivo trabalha em uma proposta de reforma tributária que será encaminhada o quanto antes para apreciação dos parlamentares.
FALTA CAUTELA – Os sinais emitidos por Meirelles precisam ser analisados com cautela. Temer conseguiu 263 votos para se livrar do andamento das investigações no Supremo Tribunal Federal (STF). Em tese, ele precisaria do apoio de mais 45 deputados para conquistar 308 votos para levar para o Senado Federal o texto que altera as regras para concessão de benefícios previdenciários.
Dos parlamentares que compõem a base e estiveram presentes na votação que livrou o chefe do Executivo, 88 votaram pela continuidade das investigações. As traições partiram de diversos partidos, mas os 21 votos contrários do PSDB mostram que a base está rachada. Apesar disso, a tendência é que votem a favor das reformas. Em tese, a quantidade de votos subiria para 284, sem levar em conta os aliados do governo que são contra as reformas, entre eles, parlamentares do PTB, do Solidariedade e até oposicionistas do PDT que votaram a favor de Temer.
CENTRÃO REBELDE – O Centrão garantiu a vitória do governo, mas está mais preocupado em ganhar espaço na Esplanada dos Ministérios e ocupar as pastas hoje nas mãos do PSDB. Caberá a Temer reaglutinar a base aliada, mas não está claro se ele conseguirá garantir os 308 votos necessários.
A habilidade política do chefe do Executivo é inquestionável. Mesmo quando seus inimigos garantiam o fim da gestão do peemedebista, ele deu demonstrações de que é o político que mais conhece o Congresso. Entretanto, não há figura pública que tenha capital político infinito. Uma hora isso acaba.
PREVISÕES ERRADAS – Antes da divulgação das conversas de Temer com Joesley Batista, o governo contabilizava 280 votos favoráveis à reforma da Previdência. No plenário, os deputados mais otimistas afirmavam que o chefe do Executivo teria 300 votos para barrar o avanço das investigações. E isso não ocorreu.
“Vamos trabalhar para aprovar as reformas necessárias. O governo voltou a ter fôlego e deixou as cordas. Parte considerável de quem votou contar o presidente é favorável às mudanças propostas para o INSS”, destaca um auxiliar do chefe do Executivo.
PISO OU TETO? – A votação na Câmara que salvou Temer não deixou claro se os 263 parlamentares favoráveis ao presidente são o piso ou o teto do apoio que ele conseguirá para o debate dos temas de interesse do governo, avalia o cientista político Carlos Melo, professor da escola de negócios Insper. Mesmo com o apoio do PSDB, ressalta ele, não há clareza de que o Executivo terá o apoio necessário para aprovar a reforma da Previdência.
Outro desafio para o governo em meio às incertezas é a mudança da meta fiscal de 2017, que prevê um rombo de R$ 139 bilhões. Os presidentes da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado Federal, Enuncio Oliveira (PMDB-CE),externaram publicamente que são contra o Legislativo autorizar o governo a continuar a gastar desenfreadamente, ao custo da elevação da dívida pública.Temer terá pela frente duras batalhas. A euforia do mercado, neste momento, é descabida.

07 de agosto de 2017
Antonio Temóteo
Correio Braziliense

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