"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quinta-feira, 6 de julho de 2017

PAÍS DE SINAIS TROCADOS

O Brasil é um país de sinais trocados. No mais das vezes, o que se apresenta como avançado e progressista é conservador e até reacionário, e vice-versa. Muitas bandeiras feministas e LGBTs são de aspirações ao status quo dominante, de ocupação do lugar do outro, sem nenhuma transformação revolucionária no sentido da emancipação dos explorados.

Predomina no Movimento Feminista a corrente que busca inverter a dominação: se o macho nos dominou todo esse tempo, a palavra de ordem é derrubar o poder patriarcal e botar em seu lugar uma matriarca, com todos os privilégios que antes eram do homem.

A igualdade não é no sentido de corrigir injustiças, mas de inverter a prática da injustiça: a subordinada virar chefe, competir e ganhar mais, as tarefas domésticas passarem para o homem e assim por diante, pelo menos no que dá para compreender de discursos pronunciados em foros diversos.

Em poucos dias, teremos três mulheres mandando na Procuradora Geral da República, no Superior Tribunal de Justiça e no Supremo Tribunal Federal, onde já manda há algum tempo. Se Dilma não tivesse sido impedida, o poderio feminino estaria completo. O choro, porém, continua.

Outrossim, nada mais burguês e conservador que a aspiração gay ao casamento. Eles trocaram o amor livre dos anos 60 pelo sonho de se tornarem cônjuges, de véu e grinalda, com aliança no dedo e tudo mais, e não venham dizer que é um meio de assegurar a divisão do patrimônio, porque isso já estava garantido com a sociedade de fato. É sonho de cinderela com o príncipe encantado, e só enxerga revolução nisso quem acha que o velho mundo vai desabar se for desmantelada a família tradicional de pai, mãe e filhos.


06 de julho de 2017
Miguel Lucena é jornalista e delegado da Polícia Civil do DF.

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